Deter-vos junto a mim; eu poderia,
Porém ao perceber em vós o anseio
Do libertário encanto de outro veio,
A imagem vos tornasse então sombria.
Servir-vos-ei conquanto o que viria
Trouxessem aonde fordes sem receio,
Além de simplesmente um mero meio
O quanto em vosso posso moldaria.
Mas tendo-vos deveras tão distante
Vagando em pensamentos doravante
Num ermo caminhar tão temerário
Prefiro-vos liberta; amor corsário
Seguindo rumo a novo itinerário
Ao mesmo instante em paz já se adiante.
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Propor-vos-ei além de tais rochedos
Um cais onde pudéssemos chegar
E após o imenso e rude navegar
Enfrentando tempestas, rumos ledos.
A vida se anuncia após penedos
E traz a dimensão clara de um mar,
Qual fosse noutra face o tanto amar
Que seduzindo traz-nos tais degredos.
E vós quando mostrai vossos temores,
Embora envolta até por vis amores,
Ao distardes dos sonhos. Realidade.
Numa eclosão de burlas e rancores
Ter-vos-á distante claridade,
Porquanto infausto mundo nos degrade.
Discorrendo-vos sobre rocas várias
Em turba noite atroz, sem complacência
Ao menos quando a vida dá ciência
Das ermas noites vagas, procelárias...
Buscasse em vossos olhos luminárias
Talvez a escuridão em fluorescência
Trouxesse tão somente a complacência
Em claras evidências. Temporárias?
Ultrizes tramas ditam o que venha,
E ao longe divisando praia e penha
Que possa após naufrágio ter enfim,
A paz já sonegada; que soergue
E num remanso cálido este albergue
Frutificando o sonho que há em mim.
¬¬¬¬¬¬¬
Nas fontes cristalinas, vosso olhar,
Encontro este horizonte em azulejo,
E quanto uma ilusória fonte; vejo,
Presumo o quanto possa nos levar
Ao perceberdes como desvendar
A vida em cada via, todo ensejo
Trazendo tão somente o quanto almejo
Após por descaminhos tanto errar.
Das constelares guias noite afora,
Num sórdido momento a vida ancora
E traz entre os meus ermos, novo engano?
Em prados verdejantes; cristalina
Fonte aonde a ausência determina
Em rudes evidências, desengano...
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Os olhos entre os rudes e silvestres
Arcanos desenganos que acumulo,
A vida quando apenas perambulo
Trazendo dolorosos, firmes mestres.
E mesmo quanto em sonhos tu me adestres
Por entres vagas sórdidas ondulo
E tento num anseio, um novo pulo
Mesmo por sobre travas vis, rupestres.
E dos diversos íngremes tormentos,
Penedos e falésias sonhos vãos,
Aonde se moldassem em alentos
Renováveis anseios, novos nãos,
Persistindo ao sabor dos fortes ventos
Inúteis cevas quando em podres grãos.
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Concertos em atônita harmonia
Diversidade explícita e feroz
O cântico desprende um tom atroz
E mostra ser de sórdida valia
O quanto deste engodo ora avaria
Deixando sem sentido o que há em nós,
Nesta híbrida vertente eis o algoz
Em cujas mãos o nada verteria.
Apêndices diversos desditosos
Aonde quis os dias exitosos,
Arcaicas noites ditam o vazio.
E quando poderiam majestosos,
Erráticos momentos e, sombrio,
Apenas tento em torpe desafio.
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Negar a própria imagem. Tosco espelho,
Aonde em distorcida face eu vejo
A marca mais profunda de um desejo
Há tanto que deveras eu me engelho.
E inutilmente quando me ajoelho,
A vida num jaez em vil lampejo
Recende ao duro passo e o quanto almejo
Não passa deste espúrio e vão conselho.
E se enfadonho rumo vós moldais
Enquanto esperávamos cristais
A rota imagem traz mais fielmente
As cãs que agrisalharam a esperança
E ao féretro precoce, imagem lança,
E esta dispnéia atroz não mais desmente.
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Herméticos caminhos a quem tenta
Ousar acreditar em breve espaço,
E quanto se anuncia mais escasso
O tempo se transforma em tal tormenta,
Nem mesmo uma ilusão inda apascenta
Quem fora noutro rumo e me desfaço,
Alçando o que pudera nalgum traço
Buscando uma esperança qual placenta.
Sem ter esta concreta provisão,
O rústico cenário se anuncia,
E vejo o quanto; a vida, fora em vão
Deixando tão somente a mais sombria
Presença desta pétrea sordidez
Aonde noutro sonho, não mais crês.
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Alabastrinas luas deitam nuas
Tocando vossa pele e sendo assim,
Ao transportar do espaço este jardim
Transcendem raros brilhos sobre as ruas.
Escusado dizer o quanto em vós
Refletem-se diversos brilhos, quando
O mundo noutro tom se emoldurando
Aplaca uma faceta mais feroz.
E vendo tal contraste – bronze e prata,
Aurífera esperança renascendo,
E raro amanhecer já se prevendo,
Do sol enaltecendo ao longe a mata.
A natureza eclode em azulejo
E a divindade em vida, aqui eu vejo.
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