quinta-feira, 7 de abril de 2011

41

Chegando ao quanto pude ver em queda
Depois da tanta luta sem sucesso,
Ao ponto de partida ora regresso
E nada mais da vida se segreda.
Presumo o que se trama e não se veda
Pousando aonde outrora mal confesso
Tentando acreditar no quanto expresso
Sem ter a mesma sorte enveredada.
Um sentimento atroz, um rude engodo
O prazo se derrama em lama e lodo
E todo o meu cansaço se dilui,
O mundo sem certeza e sem proveito
Enquanto no final eu me deleito
No corte que deveras tanto pui.

42


Fundando da esperança a filial
No peito sem temor e sem juízo
O quanto deste medo ora impreciso
Traduz o mesmo engano em ritual,
Pudesse adivinhar o quanto em mal
Momento a vida colhe o prejuízo
E sei que de tal forma ora matizo
Expresso outro caminho desigual.
Marcando com terror o dia a dia
O mundo noutro tom desabaria
E nada mais restara sobre a terra,
Sementes que este solo agora acolhe
O tétrico cenário não recolhe
Somente o que a vontade em vão descerra.


43


Ainda que se vissem os vestígios
De todos os meus erros do passado
A vida se propondo em tais litígios
E neles outros erros, novo enfado,
Os olhos procurando por prestígios
Diversos do que pude e constatado
E vejo como tente e mesmo exige-os
Momentos entre tantos, lado a lado.
O verso não produz satisfatório
Momento tantas vezes merencório
Pousando sobre os restos do que um dia
Perdera a dimensão e poderia
Ousar na mesma face em que se veja
Desenrolar atroz de uma peleja.

44

A vida se traduz a cada ausência
Do tempo aonde pude desvendar
Buscando da esperança a coerência
Que tanto pode mesmo maltratar
O ledo caminhar em vã ciência
A sorte sem ter nada a se mostrar
O canto não procura a providência
Tampouco se anuncia a demarcar
Rumasse sem destino vida afora
E nisto o que se quer e me apavora
Ancora tão somente no vazio.
E bebo em tom mais cáustico o venal
Instante que pudera desigual
Enquanto o próprio sonho desafio.

45

Temendo tão somente por meus dias
O verso não traria novo rumo,
E quando mergulhasse em ironias
O mundo não teria qualquer prumo,
E vejo o quanto possa e mesmo assumo
As mais doridas rudes confrarias
E sei do que pudera e me acostumo
Nas sórdidas loucuras onde guias
Meus passos sem sentido e sem razão
Os ermos do que possa o coração
Jogados nestas ilhas de um passado
Há tanto sem sentido e sem provento
E quando novo mundo busco e tento
O tempo se anuncia desolado.


46


Espero tantas vezes a abusada amante
Que nunca mais se dera e não viria,
O tempo noutro sonho, uma utopia
O verso não prossegue e não garante
O quanto se apodera num instante
Da velha e sem sentido fantasia
O mundo se traduz onde o queria
E nada do que eu veja agora espante.
A corda no pescoço, o rosto ausente
O terminal cenário onde se sente
Este acalento feito em dor e medo,
O meu caminho dita o fim de tudo
E sei do quanto possa e se inda mudo
Apenas ao que tente eu me concedo.

47


A própria sensação que a vida aceita
Expressaria um tom bem mais suave
E quando se imagina o sonho, esta ave
Aonde o que se pensa ora respeita.
Amar é nas mãos a velha seita
E ser mais insensato aonde agrave
O passo desenhado em cada trave
E nisto o já não ser tanto deleita
Ocasionando a queda sem defesa
A sorte não respeita a fortaleza
E tanta noite expressa o que não veio,
Depositando o verso no vazio
O canto aonde o tanto desafio
Expressa tão somente este receio.

48

Dos erros mais comuns, me arrependendo
Aonde nada possa e nem devia
A luta se mostrando em agonia
A vida não trará qualquer adendo,
O verso no vazio se perdendo
A senda mais atroz refaz o dia
E gera tão somente esta ironia
Num dia sem igual, atroz e horrendo.
Pudesse acreditar no que não veio
E mesmo quando bebo o velho anseio
Encontro os meus cadáveres e sinto,
O tanto quanto possa sem provento
O mundo se anuncia contra o vento
E amor que já pudera vejo instinto.

49


Aonde o que pudera e já nem ouso
Expresso o solitário caminhar
E sei do quanto tente desejar
Apenas com certeza um mero pouso,
E tanto que se espreita em tal momento
Proveito de uma vida a se perder
E neste mais diverso conceber
Outro caminho aonde eu tento
Vestir os meus anseios mais sutis
E bebo cada gole da esperança
Aonde o que jamais tanto se quis
Transforma o meu passado onde se lança.


50

Não quero acreditar
No tempo que perdi
O tempo diz em ti
O quanto imaginar
E sei do caminhar
E nada mais senti
Senão quanto vivi
Diverso navegar
O caos entremeando
O dia outrora brando
Agora em tempestade
O verso não redime
Tampouco o que suprime
Expressa a realidade.

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