quarta-feira, 6 de abril de 2011

Que sejam bem mais fortes nossos dias
Ao enfrentarmos tantos temporais
E nestes outros tantos quase iguais
Aonde o que desejo já porfias.
Encontro o quanto vês, melancolias
E bebo os dias tolos e banais
Envolto nos vazios e jamais
Pudesse aonde tanto não querias.
Respiro o mesmo ar dito abandono
E vejo poluído o meu caminho,
E quando se aproxima em tom mesquinho
Do nada mais sublime já me adono,
E sigo sem saber o que virá,
Ousando imaginar aqui ou lá.

2

Além do que pretendo após a sorte
Sem nexo e sem qualquer momento após,
O mundo sem saber o que comporte
Transforma a minha vida em tom atroz,
O risco que deveras não suporte
O tempo se esvaindo e sei que em nós
O tempo não traria o que conforte,
Apenas o momento mais feroz.
Respaldos desta vida sem proveito
E vivo a sensação do amor perfeito
Sem ter qualquer alento, apenas sonho.
E o vértice traduz a queda em vão
E sei do meu momento em solidão
Enquanto o meu caminho; decomponho.

3

Os passos que traçamos no passado
Perdendo a direção não mais nos dão
Sequer do quanto possa a dimensão
De um tempo aonde inútil verbo, evado.
Espero o que responda desolado
E vivo sem saber dos que virão
Marcando com meu medo a indecisão
De um verso noutro cais ora abortado.
Resplandecendo em mim este luzeiro
Aonde poderia o derradeiro,
Mas nada do que importa diz do quanto
Meu mundo se aproxima do que eu quis
E sei do meu cenário e por um triz
Ainda que tão sórdido, o garanto.

4

Nos laços bem mais fortes da mentira
Que enlaçam cada sonho, sonegando,
O tempo que tentara como e quando
Aos poucos sem sentido se retira,
Procuro e já não tendo a menor mira
O peso noutro tom molda tombando
O verso mais arguto e tão infando
Errando com certeza onde interfira.
Acolho cada passo e nada vejo
Somente o mesmo caos e do desejo
A rude sensação de um nada ter,
Ainda sem promessa ou mesmo até
Ousando alimentar a minha fé
Eu vejo após o nada o desprazer.

5

Que as horas sempre sejam mais suaves
E tragam o que tanto desejaste
A vida se transforma e destas naves
Nem mesmo qualquer rumo ora notaste,
O tempo se transforma e no desgaste
Apresentando além dos vis entraves,
O passo se resume neste traste
E nele os olhos rudes e mais graves.
Encontro a solidão e me alimento
Apenas do vazio exposto ao vento
Na sórdida expressão do que não veio,
E sigo após o caos ao nada mais
Semente que deveras adubais
Com todo o sonho atroz e mesmo alheio.

6

Em lúcidas verdades declarando
O medo sem sentido e sem razão
A luta por momentos que virão
Trazendo as emoções, quem dera em bando,
O tempo noutro tanto se moldando
E os erros em diversa dimensão
As sortes entranhando a negação
O corte na verdade me enfadando.
O peso sem sentido o tempo passa
E o quanto poderia em sorte escassa
Restar dentro do peito de quem sonha.
O verso sem proveito, o rumo incerto
E quando a fantasia ora deserto
A luta se travou quase enfadonha.

7


Nas lutas que virão após o medo
O tempo não valendo quase nada,
A sorte noutro tempo em desenredo
Provoca a mesma luta desenhada
Nos ermos de um momento onde concedo
A curva mais feroz da velha estrada,
No prazo aonde o tempo diz segredo
Na corda há muito em vão já destroçada.
O peso se soltando sobre o quanto
Do corpo que pudera e não garanto
Transcendendo ao luar sem mais proveito,
A morte não traduz sequer o brilho
E o canto se desnuda em estribilho,
Aonde nada mais sequer aceito.

8


De toda servidão nos libertando
O peso de uma vida não sossega
E sei do meu momento desolando
A vida sem sentido quase cega,
E o passo se vivendo em contrabando
O quanto desta vida me carrega
No tempo novamente emoldurando
A parte que me cabe e não se entrega.
Vivazes olhos tentam horizonte
E nada mais deveras já desponte
Após a tempestade mais feroz,
O canto em contra-senso se desenha
E o caos a cada passo não mais venha
Calando dentro da alma a rude voz.


9




Passando por estradas onde apenas
Outras pedras, meus espinhos
Enquanto no final tu me condenas
Aos ermos tão doridos e daninhos
As prendas onde tanto me serenas
O corte gera os rumos tão mesquinhos
E bebo do que possam tais carinhos
Nas noites muitas vezes quase plenas.
Resisto o mais que possa e não se veja
A sorte que pudesse em vã peleja
Marcando com a morte o que viria.
Restando tão somente o que inda trago
No olhar emoldurando o rude estrago
Gerado pela incauta poesia.


10


Um mundo bem melhor, seguir trilhando
Depois de tantas quedas; mas procuro
Ao ver este momento mais escuro
Aonde se deseja bem mais brando,
O corte se anuncia desde quando
O tempo noutro engodo não perduro,
E bebo mesmo sendo este inseguro
Cenário feito em medo e contrabando.
Resisto o mais que possa, mas no fim,
Apenas trago a morte quando em mim
Eclode a tentação sem mais proveito,
Do medo em desespero ou mesmo até
A senda mais distante desta fé
Na qual eu fiz inútil, vago leito.

Um comentário:

Dudu Oliveira disse...

O Cavaleiro da Triste Figura.


Sou senhor destas terras, um fidalgo
De justas, a cavalo vou errante,
Armadura luzindo fulgurante
E o alazão Rocinante que cavalgo.

A Cruzada se perde, pois divago,
Um cavaleiro segue sempre avante;
Dois moinhos bufando flamejantes
São dragões neste sonho torto e vago.

Dulcinéia suspeita da tormenta
Este mal que alucina toda Mancha
Invadindo o profundo sofrimento

Deste corpo ferido que descansa
E acorda na tortura do lamento
Sem dragão, alazão ou Sancho Pança.

Dudu Oliveira.

Para trazer os melhores fluídos, meu amigo.