domingo, 2 de outubro de 2011

02/10/2011

Não quero em minha vida vagamente
Trazer o quanto resta e se acumula
Ousando perpetrar além da gula
O todo que em verdade sempre mente,

Não canto e se mostrando insanamente
Minha alma sem sentido segue chula
E vence o que pudesse ou se macula
Marcando com terror o que pressente.

Reparo que se faz a cada instante
No fim a solidão tanto garante
A queda em consonância e nada mais,

O verso se produz e neste incauto
Momento a solidão sempre ressalto
E vivo enquanto além tu já te esvais.

2

Amor que necessito nem tem prazo
Tampouco dita o quanto mais sonhasse
A vida noutro rumo ou desenlace
Tramasse enquanto aquém eu sempre atraso.

O verso que deveras dita o caso
Não mostra o que desejo e se moldasse
Nas duras sensações e emoldurasse
Somente o que se trace neste ocaso.

Redundantes momentos? Mas quem vê
Sabendo simplesmente algum por que
Emana-se diversa sensação,

Requintes do que fora crueldade
Aonde noutro tom já se degrade
As horas que decerto me verão.

03


A cura que se dá a cada engano
O vértice dos sonhos me anuncia
A sorte quando a vejo em fantasia,
Num ato muito aquém do ser humano,

Sabendo do caminho mais profano,
A farsa se mostrara em arredia
Verdade que meu mundo não recria
Sorvendo cada gota deste plano.

O preço a se pagar; de fato eu sei
E tanto quanto possa a espúria lei
Regendo cada engodo mais comum,

De tanto que sonhara inutilmente
A vida na verdade se apresente
Ainda que traduza o ser nenhum.

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