MEU CADÁVER
Expondo o meu cadáver em visagem
As cenas se refazem bem confusas,
Aberrações explícitas difusas
Complicam mansidão desta viagem.
Teu gesto de vingança, tão selvagem,
Em cenas violentas, tu abusas
E cospes no cadáver, tira as blusas
Deixando este festejo todo à margem.
Histrionicamente continuas
Neste desfile aberto pelas ruas
Até chegar ao fim, sem ter mistério.
No riso que disfarças, gozo frio
Mostrando que esse amor, por ser sombrio,
Resiste à solidão de um cemitério.
MARCOS LOURES
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