POR TANTO QUE AMEI
Rastejo entre as sarjetas, ledo verme,
Acasalando sonhos e mentiras,
O corpo se esgueirando quase inerme,
Minha alma derrotada, expondo as tiras,
Carcaça do que fora quase humano,
Avanço pelo esgoto, chego ao nada,
Apodrecida sorte, desengano,
A farsa finalmente desvendada,
Imagem degradada que, funesta,
Apavorante expõe velhas feridas,
Quem fora no passado simples festa
Esconde-se em vielas, vãs ermidas,
E amou, durante tempos, foi feliz,
Funérea realidade contradiz...
MARCOS LOURES
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