sábado, 12 de dezembro de 2015

Eu sei que tu jamais retornarás,
O medo se aproxima, traz seu cheiro...
Na porta dos palácios me permito,
Viver esta esperança sem juízo...
Eu sei que terminou o nosso caso,
Não pude receber o teu recado.
O jeito foi fingir que não te quero,
Meu pranto percorrendo todo o rosto...
Vasculho cada ponto de partida,
Encontro solução mas não vigoro,
Enluto um coração tão sem coragem,
A mão que acaricia também bate...
Nos bailes que freqüentas, nada danço
Os olhos espremidos de tristeza.
Me deste solidão que não mereço.
Tropeço cada passo, sem perdão...
Avanço teus castelos, fantasia,
Amores que não pude constatar,
Balanças tuas mãos num até breve,
Capítulos refeitos desta história...
Digeres cada beijo que te dei,
Espremes sem piedade, meus sorrisos,
Farpas esparramadas pelo chão.
Guardaste minhas dores num recanto,
Hoje descobri quanto me negavas,
Idolatrei teus passos, infeliz...
Joguei as esperanças neste lixo.
Lograste tantas falas mais hipócritas,
Mentiste sobre cada novo fato,
Na mão direita levas meu amor
Ostentas teu sorriso de vingança...
Percebo que não queres o meu braço
Quebraste meus encantos sem perdão,
Resgato meu amor no teu regato,
Saudade foi herança que sobrou.
Tarântula devora o pobre macho,
Urdindo tantos planos que nem sei,
Vinganças que te movem, cada passo...
Xingaste que te amou e não quiseste...
Zeraste tanta vida sem piedade...
Amor, então perdoa, vivo pálido,
Basta desse querer assim, esquálido,
Na barca da saudade, sou inválido,
Teus olhos se mostraram, belos, cálidos...
Não pude constatar porque sou plácido
Vestidos que queimaste, jogas ácido,
Esvaindo nas quimeras, somos gélidos,
Nos versos que te faço, caço métrica,
A noite dos amores, vem mais tétrica.
Vontade de te ter, machuca pétrea,
As mãos a percorrer, fustigam límbicas,
Querem-te devorar, mas são tão tímidas,
No escárnio que te move, finges úmida,
Mas sei que não me queres és tetânica
Espero que perdoes cada cântico,
Não sei fazer meu verso mais romântico,
Amor que dediquei, enorme, atlântico,
Tentava ser mais manso, e mais pacífico,
Não pude nem fingir que fosse bélico,
Os ventos que me movem, força eólica,
As dores que sentimos, forte cólica,
Por fim nos dividimos, bola e búlica...
Nos vestiu, tanto tempo, a mesma túnica;
Sorrindo me demonstras como és cínica,
Beijando me mordeste qual famélica.
Quem vê o teu sorriso mais angélico,
Não sabe distinguir como és atômica,
Deixaste tanta gente assim, atônita,
No fundo te fizeste catatônica,
Mentiste com verdade cruel cômica,
Minha garganta cala, mais afônica,
Viver sem ser feliz é minha tônica...
Agora que mataste não se ria,
O mundo que navego perde ria,
Na porta da saudade que seria,
Não posso me esquecer do que se via...
Amor, agora chega aqui do lado,
Te quero, vem fazer um cafuné,
Não deixe tanta coisa assim de lado,
Não posso me encantar, perder a fé,
Amada, vem sacode essa roseira,
A noite que me trazes, companheira,
Te quero, na verdade assim como és...

marcos loures

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