sábado, 12 de dezembro de 2015


Se alguém disser, um dia: “Sê discreto,
Não ostentes a dor que te consome,
Pensa na angústia de um amor secreto
E, então a todos, tu dirás o nome

De quem merece o teu profundo afeto!
Depois, se a dor, o luto, o tédio e a fome
Se abrigarem debaixo do mesmo teto
Fica em paz, a esperar que o tempo dome

A fúria sanguinária da tristeza!
O sofrimento é gêmeo da beleza!
Talvez então aí, se abrisse a porta

Do cárcere de dor que assim te prende,
E a voz de Deus se ouvisse- que se entende-
Iluminado uma esperança morta...

Quem sabe, assim, talvez a dor te traga
O gosto tão amargo da saudade.
A boca que te beija, que te afaga,
A mesma que te cospe, na verdade...

Amigo, não discuta com a morte,
A sorte de quem vai, a de quem vem,
Dependem desta fúria, deste corte,
Da vida que levamos, sem ninguém...

Mas saiba que te resta uma ventura.
A noite sem estrelas trama o sol.
Depois desta doença, morte ou cura,
A louca desventura, teu farol...

Amigo, uma esperança que morreu,
Do amor que dentro em ti, já se escondeu...

Marcos Coutinho Loures
Antonio Viçoso Magalhães
Marcos Loures

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