quarta-feira, 4 de abril de 2018

PUDESSE A VIDA

De tanto quanto amor pudesse a vida,
Servindo por tentar outro desejo,
E quando poderia, nada almejo,
A xepa da esperança vaga lida.

Destroços entre engodos, querida
Farsante companheira, num lampejo,
O medo se transforma embora em pejo,
E a trama nos trazendo, sempre acida.

Consentes com teus olhos vagos dias,
E posso até viver em desencanto,
Vestindo meu sonhar, ainda canto,

As noites tão deveras, seguem frias,
Reparto cada passo outro segundo,
Em mortes, tantos gozos, eu me inundo...

MARCOS LOURES

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