sexta-feira, 21 de outubro de 2011

21/10/11


Cobertos pelo imenso e claro manto,
Os olhos alentando quem pudera
Vencer a mais diversa e longa espera
Tentando apaziguar temor e pranto

E sei que na verdade se me espanto
Aceno com a fúria mais sincera
E bebo o que decerto desespera
E gera a solução em vão quebranto.

Nascendo do vazio e mesmo assim,
A sorte se fizera qual crisálida
E tanto quanto possa em tez tão pálida

Expressa na verdade a dor em mim,
Respaldos de outros tempos mais venais
Nas lutas que se fazem tanto trais.

2

Seguimos sem olhar sequer p’ra trás
Vagando sem descanso a vida inteira
E sei do quanto possa a verdadeira
Palavra que julgasse e não se traz

Restando tão somente o mais tenaz
Momento feito em rústica ladeira
Por onde nossa sorte agora esgueira
E toda esta harmonia se desfaz.

Reparo cada engano e vejo o quanto
Amor se transforma em desencanto
Vestindo a dor que nunca abandonei,

Agora se anuncia tão somente
A luta que deveras se apresente
Marcando a furiosa e tola grei.

3


Desejo transformado em puro sonho
O verso mais audaz que eu poderia
Sabendo da provável rebeldia
O mundo noutro passo eu recomponho.

Vestindo a fantasia eu sou bisonho
E bebo quanto mais se tentaria
Vertendo a cada olhar a poesia
Enquanto neste mar meu barco eu ponho.

Em luta sem final e sem propósito
O sonho se fazendo de um compósito
Diverso do que tanto conheci,

O marco desenhando em tua face
O amor que na verdade se mostrasse
Reinando plenamente desde aqui.

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