MEU VERSO
Meu verso, um velho cego e obsoleto,
Qual sombra do passado ledo e tolo,
Embora tantas vezes vá inquieto
Não serve nem sequer mais de consolo.
Esmago cada sonho, um vil inseto,
Semente que se aborta em seco solo.
Jogado sem defesa às duras feras
Em tal canibalismo que me assusta.
Refém das desditosas primaveras
Em látega vontade mais robusta.
Num precipício imenso, vãs crateras,
Além do que pensei; amar me custa.
Meu verso abandonado, pobrezinho,
Morrendo em rima e métrica, sozinho...
MARCOS LOURES
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