FACA DE DOIS GUMES
Na faca de dois gumes, nossa vida,
A mesma mão que beija também morde,
Lamento se mostrando em rude acorde
A luta se desdenha em despedida,
E quando se percebe sem saída
Sem mesmo o quanto houvera e se recorde,
O tempo revolvendo, vem, remorde,
Inútil, com certeza qualquer lida.
Quem dera se, poeta, inda pudesse
Rever o meu passado, medo e prece,
Forjando o quanto pude e nunca fui,
Castelo dos meus sonhos, quando rui
Apenas a mortalha se merece
E o próprio desalento em tudo influi...
MARCOS LOURES
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