quarta-feira, 17 de novembro de 2010

50341 a 50350

50341

Ainda quando quis felicidade
O tempo sonegara qualquer luz
E o medo se desenha enquanto pus
O passo com ternura e liberdade,
Ao menos esperança ainda agrade
Quem tanto noutro engano reproduz
Cenário mais diverso e não faz jus
Sequer ao quanto quis e se degrade,
Ouvindo à noite, chuvas, temporais
Os dias se repetem e jamais
A vida se presume em avidez,
O quanto quis e nada mais viera
Deixando para sempre a primavera
Matando o quanto a sorte em vão já fez.

50342


Airosa noite imersa em sonho raro
Bebendo deste vinho eu me inebrio
E sei do quanto possa em desafio
No todo aonde o canto em paz declaro,
Meu tempo se apresenta sempre claro
E o passo se traduz em desvario,
O rumo noutro engodo ora desfio
E o parto a cada instante enfim preparo,
Esbarro nos meus erros e sei tanto
Do manto que puíste em tal quebranto
Marcando com ferrenhas ilusões,
Assíduo companheiro da esperança
A vida na verdade ao fim se lança
E nisto novos erros tu me expões.


50343

Aí quando pudesse vir após
A chuva ou mesmo enquanto não nevasse
A sorte se mostrando noutra face
Desenha deste todo; leda foz
E nada se presume dentro em nós
E mesmo que pudesse e se mostrasse
Sem nada que sutil modificasse
O passo noutro rumo, mais atroz,
Esbarro nos enganos de quem sonha
A luta mesmo audaz, sendo enfadonha
Esbarra nos engodos de quem ama,
Mantendo sem sentido e direção
As horas noutro engano me trarão
Apenas o que resta em medo e drama.

50344

A aurora desta vida se perdendo
O tempo não produz novo sinal
E o corte se mostrara sempre igual
Num ato tão feroz porquanto horrendo,
Aos poucos novo rumo se prevendo
E o vento nos tocasse; a pá de cal,
O prazo determina o ritual
E nisto cada riso é mero adendo,
Atento ao que viria e não veio
Alento procurando sem receio
Ao vento me entregando sem defesa,
Assento esta poeira e o fogaréu
Adentra com certeza o ledo céu
Aumento a cada engano esta surpresa.


50345

A brasa que alimenta a imensa frágua
Expressa a sensação do pleno amor,
E quanto mais diverso ainda for
Meu tempo no vazio já deságua,
Apenas tendo na alma a imensa mágoa
O corte se propaga e gera a dor,
Ainda quando o sonho é redentor
A solidão se espalha invadindo água.
Navego sem destino, norte ou rumo
E o quanto do meu sonho não resumo
Ousando muito mais do que podia,
A vida sem sentido não me traz
Sequer o que pudesse haver em paz,
Matando desde já tal poesia.


50346


A cena se repete a cada instante
E o medo se traduz quando mais quero
Um tempo tão suave e até sincero,
Que a vida noutro engano não garante
Ainda que pudesse doravante
Marcar o quanto sonho e não espero
Do canto mais sutil e mesmo austero,
Bebendo o teu olhar tão fascinante.
Esqueço dos meus dias sigo alheio
Ao quanto na verdade inda receio
E tento transformar a luz em rota,
Porém sem ter sequer qualquer alento,
Ao mesmo tempo perco o sentimento
E a natureza em dor e medo brota.

50347


A dor de ser feliz ou mesmo crer
No quanto pude outrora e não sabia
A vida denotando a fantasia
E nela me permito amanhecer,
O corte se transforma em desprazer
E o preço que esta vida cobraria
Deixando adormecer em tez sombria
O passo noutro engodo a se perder,
Esvaio a cada instante e nada resta
Senão a mesma face aonde a festa
Pudesse nos trazer felicidade,
O canto se aproxima do final,
E o tempo se mostrara desigual
Enquanto a própria vida se degrade.


50348


A espera justifica o quanto vale
A sorte de quem tenta ser feliz
E mesmo quando o tempo contradiz
O brilho com certeza nada cale,
Ainda quando o todo me avassale
E gere na esperança o quanto eu quis
O rumo se desenha aonde o fiz
E o verso na verdade invade o vale,
E o rastro dos teus passos eu persigo
E nisto quanto possa estar contigo
Acreditando sempre em nosso sonho,
A luta não cessara nem um pouco
E quando solitário eu me treslouco
A sorte mesmo vaga eu te proponho.


50349

A faca penetrando no meu peito
Amar e ter no olhar outra esperança
E quando a vida ao nada ora se lança
Sozinho sem sentido algum me deito,
E o tempo se transforma em ledo pleito
Aonde se perdera a confiança
E o rústico cenário não alcança
Sequer o quanto pude, satisfeito,
Esbarro nos enganos de quem tenta
Vencer em calmaria esta tormenta
Agigantada noite em dor e pranto,
E quando te percebo junto a mim,
Amor se desenhando traz enfim
O quanto se delira e assim me encanto.

50350

A gente tantas vezes quis um dia
Aonde na verdade o que talvez
Pudesse imaginar quando desfez
Marcasse com terror esta ironia
Da vida que deveras poderia
Traçar o meu caminho e quando vês
O todo se mostrando insensatez
A sorte a cada passo se esvazia,
A luta não se cansa e traz no olhar
Vontade de poder e imaginar
O quanto se apresente de tal forma
Enquanto o verso nega algum proveito
Ao fim de cada instante se revela
A luta mais audaz abrindo a cela
Aonde o meu desejo em paz aceito.

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