50371
A face mais audaz desta emoção
Gerasse novo encanto onde não há
Sequer o quanto pude desde já
Vencer ou ter nas mãos este timão,
Meu canto sem sentido e direção
O corte se aprofunda e tomará
A sorte que deveras tocará
A luta sem porvir nem dimensão,
Escassos dias dizem do que somos
E a vida se traduz em ledos gomos
Ousando na verdade ou mesmo em fé,
Ao ver o descaminho aonde eu pude
Traçar este cenário atroz e rude,
A morte se desdenha em vã galé.
50372
Não pude e não devia acreditar
Sequer nos descaminhos mais ferozes
E sei dos meus cenários noutras vozes
Rondando a minha vida devagar,
Ainda que entranhasse em pleno mar,
Os olhos são deveras meus algozes
E os tempos se desenham tão velozes
Tentando a cada engano um novo altar.
Espero a melhor sorte e sei que o quando
Pudesse ser além e demonstrando
Apenas sortilégios entre ocaso
O rumo sem proveito nem razões
E nisto tantos erros tu me expões
Enquanto o passo aquém do teu atraso.
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Não quero acreditar neste impossível
Momento feito em dor e desencanto
Ainda quando a sorte eu adianto
O mundo se mostrasse bem mais crível
O tempo desdenhado em novo nível
O prazo determina o quando e o quanto
O rude caminhar em ledo pranto
Expressa a solidão mais incabível,
Ousasse noutro passo e poderia
Viver o quanto resta em fantasia
Atravessando o tempo e sendo assim
O canto mais suave se desenha
E a vida noutro fato nega ordenha
Dos sonhos que inda trago dentro em mim.
50374
Não alço meus caminhos, queda à vista
O preço a se pagar é muito caro
E quando no final já sem preparo
A sorte com certeza ora desista,
O manto se negando traz e avista
O passo aonde o peso eu escancaro,
Ainda que pudesse ter o faro
Marcando esta emoção sempre benquista,
O peso de uma vida sem razão
Os cantos noutros tempos me trarão
Somente este vazio e nada mais,
Depois do furioso entardecer
A vida sem sentido nem prazer
Exposta aos descaminhos mais banais.
50375
Não busco nem sequer outro momento
Espero apenas isto e nada vem
A sorte se produz em tal desdém
E nisto com terror eu me atormento,
Bebendo a solidão em pensamento
Dos sonhos sou deveras um refém
E o marco se desenha quando tem
O prazo sem sequer algum fomento,
Alheio aos desenganos mais nefastos
Os dias entre tantos sendo gastos
Nos erros costumeiros de quem ama
O tanto quanto acolhe cada passo
Ainda que pudesse sendo escasso
O sonho desejado além do drama.
50376
Não cinzelando a vida de tal forma
Aonde se esculpisse a eternidade,
O passo quando muito se degrade
E a luta a cada engano nos deforma,
A vida sem sentido algum informa
Do quanto poderia e a sorte invade
Rompendo do passado a velha grade
E nisto outro caminho expressa a norma.
Medonha face expondo a fantasia
E o todo sem sentido não traria
Sequer algum alento a quem pudera
Seguir em consonância o seu destino,
Apenas noutro passo eu determino
A dita sem proveito em leda espera.
50377
Não deixe pra depois o quanto agora
É tanto necessário quão urgente
E mesmo que decerto inda se tente
A solidão atroz já nos devora,
E o corte noutro fato me apavora
Gerando o que pudesse num repente
A luta sem sentido não atente
E o medo do seguir não mais demora,
O prazo determina o fim de tudo
E quando com terror me desiludo
Escudos não resolvem tal problema
Ainda quando a vida se apresenta
Na face mais atroz dura tormenta
A poesia apenas nos algema.
50378
Não esperava mais qualquer cenário
Aonde pude crer nesta ilusão
Vestindo a sutileza desde então
O canto noutro rumo é necessário,
O vasto desenhar no itinerário
Diverso dos caminhos que virão
Traçando sem destino a solução
E neste delirar mais temerário,
O prazo determina o fim do sonho
E quando no final nada componho
Reponho os meus anseios noutro enfado,
E o pranto me envolvendo num segundo
Da velha solidão enquanto inundo
Apenas deste altar do amor me evado.
50379
Não falo do que possa acreditar
Nem mesmo do passado reticente
E o quanto da verdade se apresente
Impede qualquer tom a nos tocar,
Pudesse novamente caminhar
E crer noutro cenário impertinente
E o prazo com ternura não se sente
Depois de cada noite em vão lutar.
Reparo os meus erráticos cometas
E quando novo mundo me prometas
Esqueço do passado e neste fato
O caos se desenhando aonde eu pude
Singrar este cenário atroz e rude
Enquanto a dor intensa, enfim retrato.
50380
Não gera novo tempo o mais antigo
Momento aonde a vida se pudera
Traçar dentro do peito a primavera
E nela todo o sonho que persigo,
O corte se transforma em desabrigo
E o tempo desenhando em mim a espera
A sorte no final se degenera
O canto traduzindo este perigo,
A lua se esvaindo num instante
E o pranto no final nada garante
Senão a mesma voz em consistência
Diversa da que tanto pude ver
Sabendo dentro da alma; o esvaecer
Deixando no passado tal ciência.
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