sexta-feira, 19 de novembro de 2010

50461 a 50470

50461

Dos sonhos de esperança um peregrino
Adentra nas desérticas entranhas
E quando se percebem velhas sanhas
O tempo sem domínio desatino,
E perco a direção do cristalino
Cenário entre as diversas, grãs montanhas
E sei do quanto podes e já ganhas
Sabendo que me verdade eu me fascino,
Sem ter qualquer lugar onde ancorar
O parto se revela a desvendar
Ocasos entre casos, caos e medo
E quase ser feliz é o que pudera
Sentir em turbilhão a vida fera
O manto desvalido alheio e ledo.

50462

Efêmera vontade me assolando
E sei que no final já nada resta
Sequer o quanto pude noutra fresta
Tentar saber agora como e quando,
O mundo num instante desabando
O verso sem sentido não se empresta
Ao corte mais audaz e quando gesta
Os pensamentos vagam como um bando,
Pudesse discernir qualquer razão
Nos templos que os meus dias mudarão
Cenário iridescente sem proveito,
No quando poderia e não aceito
Apenas outro dia dita o não
E neste desenhar enfim me deito.

50463


O tempo traz a todo passageiro
O mesmo itinerário vida e morte,
No quanto se diverge então a sorte
Momento sem o qual tudo é ligeiro,
O caos neste tormento derradeiro
Aonde se desenha o nosso aporte,
Vasculho cada enredo onde suporte
As ânsias de meu canto costumeiro
Já não me negaria a ter além
Do pouco que em verdade sei que tem
A vida sem motivos ou razão,
Após a tempestade de verão
O outono se transforma em calmaria
E o fim após o inverno se veria.

50464

Deleitas com meus erros, e sei disso,
O manto se puindo a cada dia
Aonde novo passo se teria
O mundo traz este ar mais movediço
Apenas a alegria ora cobiço,
Embora seja simples fantasia
O tanto quanto eu pude e não viria
A vida perde aos poucos o seu viço.
Jogado nalgum canto desta sala
O tempo na incerteza me avassala
E gera tão somente a solidão,
Os tempos se aproximam do final,
O passo sem saber do ritual
Traduz diversidades da emoção.


50465

Num céu iridescente, esta esperança
Rondando cada estrela em brilho farto,
Aonde todo o sonho em vão descarto
E o tempo no vazio já nos lança,
A solidão deveras nos alcança
E tento o quanto possa e não reparto,
Ainda que pudesse novo parto
A vida não se livra da lembrança,
Aprendo com momentos mais diversos
E sei dos infinitos universos
Que a palma desta mão inda contém,
Depois de tanto tempo em solitária
Ausência de quem tanto se fez vária
Somente o nada ser nos faz refém.


50466

Desfazes cada passo que eu pudera
Ousar noutro momento sem sentido,
E o quanto se apresenta e já duvido
Marcando em sortilégio a primavera,
A noite noutra face destempera
E gera tão somente o que ora olvido,
O mundo noutro canto repartido
A luta sem temor dominando a era,
Esqueço dos meus cantos, sou lacaio
Do sonho e por ventura me distraio
Arcando com as pedras do caminho,
Ausência de esperança ou quase tanto,
Sementes do vazio hoje garanto,
Num velho e vão cenário tão daninho.


50467

Origens mais diversas, sentimento
Transcende ao quanto quis e não podia
A vida se transforma dia a dia
E um novo amanhecer suave, eu tento,
E quando no final eu me alimento
Do sonho feito em luz e fantasia
O quanto deste canto tocaria
O que em verdade sinto e até fomento,
Atormentando o passo sem poder
Arcar com o que pude merecer
Vencido pelo ocaso e pela dor,
Já nada poderia sendo assim
Iniciando agora o próprio fim
Sem nada que pudesse redentor.

50468

Passando pelos olhos de quem sonha
A vida se desenha de tal forma
Enquanto a cada dia se transforma
Por vezes mais feroz, mesmo bisonha,
E quando no passado o passo enfronha
A luta se denota em nova norma
E o peso a cada dia nos deforma
Sem nada que decerto ora envergonha
Quem tanto quis apenas liberdade
E o pranto no final mais forte brade
Mesquinhas noites dizem do futuro,
E o parto se negando em duro aborto
O canto se mostrara agora morto,
E apenas o vazio eu asseguro.


50469

Amor que contentasse um sonhador
Gerando dentro da alma a enorme paz
E quantas vezes sito onde faz
O tempo noutro rumo um escultor
Seguindo da maneira como for,
O passo desenhado mais audaz
E o coração deveras tão falaz
Gestando dentro da alma a fina flor.
Pendões entre diversas formas belas
E nisto a fantasia onde revelas
Traduz o quanto pude e mais queria,
Depois de certo tempo, sem mais nada
A sorte se mostrando desenhada
Aonde se renasce a fantasia.


50470

Ocupas todo o imenso pensamento
E sigo cada rastro que te visse
Amar e ter nas mãos esta crendice
Aonde o meu caminho eu alimento,
Entregue ao que se pôde em raro vento
Jamais outro momento inda se ouvisse
E nisto cada canto onde cobice
A sorte se propõe num raro alento,
Escuto este marulho e nos convida
Ao quanto se entregasse inteira a vida
Gerando dentro da alma a luz serena,
O tempo a cada instante, este mutável
Traduz o quanto possa ser arável
Embora seja agreste a vaga arena.

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