sexta-feira, 19 de novembro de 2010

50431 a 50440

50431

Não pude controlar esta vontade
De crer e de saber se ainda vem
O tempo mais audaz, mesmo em desdém,
Aquém do quanto possa na verdade,
A luta se desenha em ansiedade
O risco com certeza sempre tem,
E o passo se aproxima sem alguém
Que possa traduzir felicidade.
Expresso com ternura o verso e o sonho,
E o quanto de minha alma decomponho
Ousando noutro escasso caminhar;
Pudesse ser diverso do que somos,
A vida se desenha em vários gomos
E o mundo vejo aos poucos desabar.


50432

Não pude desejar senão a sorte
A quem se fez atroz e até mordaz,
A vida na verdade nada traz
Nem mesmo garantisse algum suporte,
Aonde houvesse o sonho como aporte
Deixando uma esperança para trás
O canto se apresenta mais tenaz
E o vento anunciando cada corte.
Numa expressão deveras promissora
A luta não traduz aonde fora
O quanto se quisesse e não podia,
Vencendo os meus enganos sigo em frente
E a cada novo passo que apresente
Eu passo a crer no amor qual regalia.


50433

Não pude nem sequer saber teu nome,
A sorte se escondendo a cada instante
O amor quando no fim nada garante
Aos poucos, sem defesas no consome,
E o todo se aproxima e nada dome
O ledo caminhar que doravante
Marcasse meu anseio degradante
E nisto esta emoção aos pouco some,
O caos gerado em nós, vazia rota
A luta no final já se denota
E noto este vazio dentro em nós,
A vida não permite outra saída
E quanto mais da dita se duvida
O rio se perdendo noutra foz.

50434

Não pude e nem decerto eu poderia
A luta na verdade em vão se queira
Amor ao se perder, leda poeira
Marcando com angústia a fantasia,
O todo se desenha em agonia
O corte anunciando esta bandeira
E nada do que pude ainda esgueira
Matando pouco a pouco em agonia,
A morte se aproxima e dela eu sinto
Apenas o calor em ledo instinto
Um ato sem proveito e necessário,
A marca da esperança tatuada
Na face desde quando em alvorada
O mundo muda o etéreo itinerário.

50435

Não pude desenhar sequer o quanto
Amor já me traria novo passo,
E quando algum momento ainda traço
O todo se apresenta em desencanto,
Ainda quando muito não garanto
Sequer o que pudera em tal cansaço,
Destarte este caminho que hoje faço
Escancarando o peito dita o pranto,
Mergulho nos vazios costumeiros
Tentando conservar velhos canteiros
E nada do que pude ainda trago,
A luta sem porvir, o medo e a queda
O passo sem destino hora se veda
E gera dentro da alma um canto vago.

50436


Não pude acreditar quando vieste
Trazendo em teu olhar a hipocrisia
O quanto deste sonho poderia
Ainda no final sincero e agreste,
O sonho noutro prumo não se empreste
Apenas nos restando a fantasia
A sorte se desenha, alegoria
De um templo feito em luz, claro e celeste,
Ocasionando a queda de quem tanto
Pudera noutro passo e se me espanto
Aproximando apenas do meu fim,
Esgoto o meu caminho em nada ser,
Marcando com temor e desprazer
O resto ainda vivo dentro em mim.


50437


Não pude nem sentir o teu perfume,
A noite não deixara qualquer marca
E o tempo quando o todo não abarca
Ao nada com certeza sempre rume,
E mesmo que pudesse por costume
Vencer a solidão, a vida é parca,
E quantas vezes; nada mais embarca
Sequer o quanto possa ou me acostume,
Esqueço os meus anseios, sigo só,
Do tempo sem ter tempo sou o pó,
A morte se aproxima lentamente,
E o tanto quanto quis e nada havia
Somente uma emoção em agonia
E a sorte num instante muda e mente.


50438

Não pude ter nos olhos horizonte
Diverso do que tanto procurei
Ao ver a mais sofrível, leda grei
Aonde meu caminho desaponte,
Resgato cada sonho em nova fonte,
E o tanto quanto quis e não terei
Ainda se marcando em regra e lei
Ousando noutro passo onde se apronte
Meu canto sem destino ou desafio,
Acende dentro da alma o mais sombrio
Cenário sem proveito e sensatez,
Destarte tantas vezes me perdi
Tentando inutilmente ver em ti
O quanto deste encanto amor não fez.

50439

Não pude nem sequer tentar a luz
Aonde o medo dita a escuridão,
As horas no futuro mostrarão
Apenas o que o vago reproduz,
O sonho sem saber nem mesmo o pus
Nos cantos mais audazes, velho chão
Tentando desenhar aos poucos grão
Do tempo sem destino, faço jus.
Não amo e nem sequer pudesse ver
Após o meu caminho esmorecer
Um átimo diverso do que tenho,
E quando neste engodo meu empenho
Açoda cada passo rumo ao farto,
O tempo sem ter nexo; ao fim comparto.

50440

Não pude e nem devesse ver além
Do quanto se quisera noutro engano
E sei que no final se me profano
Os erros do passado sempre vêm,
E o manto se desenha e segue quem
Traduz o mesmo corte em novo pano,
A morte na verdade um soberano
Caminho sem temor, medo ou desdém,
Esqueço dos meus dias quando tento
Vencer a profusão do imenso vento
E tanto quanto pude e nada veio,
Apenas reconduzo o passo aonde
O todo com certeza; jamais sonde
Além do mero ocaso em vão receio.

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