sábado, 20 de novembro de 2010

50551 a 50560

551

Embrionário sonho
Gerando um pesadelo
E quanto mais revê-lo
Num ar tanto medonho
Aonde em vão me enfronho
E nada em tal desvelo,
A vida nega o zelo
Nos medos decomponho,
Espero apenas isto
E sei que já desisto
Do todo sem valência
Perdendo esta eloqüência
Do encanto ora me disto
Em leda convivência.

552

Voassem tais libélulas
Ousando noutro encanto
A vida eu não garanto
Matando velhas células
Ainda sem as pérolas
Que possam noutro canto
Gerar o tanto quanto
Trouxesse além das férulas.
Acasos entre ocasos
E sei dos meus atrasos
E casos sem remédio,
A luta me cansava
Minha alma agora escrava
O medo rege em tédio.


553

Na primitiva sorte
Apenas solidão
E os dias não terão
Sequer quem nos conforte
O passo em novo norte
O tempo em previsão
As horas mostrarão
Somente o mesmo corte,
Não pude acreditar
Nas ânsias e ao lutar
Audaciosamente
Meu mundo descaído
E nada mais convido,
A vida sempre mente.

554

Aonde não desdenho
Sequer o novo passo
E quando aquém eu traço
A sorte deste empenho
Mergulho enquanto eu tenho
Apenas o cansaço
E o medo sendo escasso
Deveras não detenho,
Resumos de outras eras
E nisto destemperas
Marcando com constante
Cenário sem proveito
E quando em vão me deito
A vida não garante.

50555

Enquanto houvesse a fonte
E nada mais pudera
Além do quanto espera
O dia que desponte,
No fundo desaponte
Matando noutra esfera
A solidão mais fera
Desfila no horizonte;
Escusas não se ouvira
E morto em tal mentira
Não resta nada além
Do quanto poderia
Em tom de alegoria
O nada que convém.

50556

Minha alma se perdendo
A cada novo engano
E quando me profano
Num tempo mais horrendo
Apenas vou revendo
O fado soberano
E sei que mais um ano
Aos poucos num remendo,
O preço a se pagar
O nada a desbravar
O mar de amor em mim,
Apenas não veria
Sequer a fantasia
Caminhos para o fim.

50557

Minha alma não veria
O quanto se tentara
Apenas nesta clara
Noção em agonia,
Gerando a mesma escara
O todo não traria
Sequer a alegoria
E a morte se escancara,
Preparo cada bote
Bem antes que se note
Na traiçoeira senda,
Ainda que pudesse
Viver em plena prece
O nada se desvenda.

50558

Vislumbro em tua fronte
O quanto mais quisera
Pousando além da espera
Aonde desaponte
O risco não confronte
Com tudo ou se pudera
Vestir a primavera
E crer noutro horizonte,
A morte se aproxima
E sei do quanto a rima
Espera redenção,
Porém no mesmo nada
A vida desolada
Sonega a direção.

50559

A sonhadora senda
Aonde pude um dia
Vencer esta agonia
E tudo ora se estenda
Enquanto se desvenda
A sorte moldaria
Em mim nova utopia
Ou mesmo a velha lenda,
Resulto deste insulto
E quando em tal tumulto
A vida se previsse,
Amor sem ter futuro
Somente eu asseguro
A torpe e vã crendice.


50560

Ainda fosse um bardo
Cantando em lira e verso
O quanto hoje disperso
E sei não mais resguardo,
E tento enquanto aguardo
O prazo mais diverso
E nisto este universo
Expressa apenas cardo,
O pranto se transforma
Na luta em leda forma,
Formalizando o caos
O manto se desnuda
A sorte tão miúda
Momentos turvos, maus.

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