sexta-feira, 19 de novembro de 2010

50441 a 50450

50441

O canto da esperança não atinge
O sonho de quem fora mais atroz
E quando não se escuta a menor voz
O amor se desenhando qual esfinge,
Apenas do vazio ora se tinge
E segue sem destino, busca a foz
E o quanto poderia haver em nós
Sem ter qualquer alento, apenas finge.
Não veja mais o olhar de quem pudera
Numa expressão real e mais sincera
Pousar noutro momento mais tranquilo,
O quase se desenha noutro rumo,
E sei que no final tanto consumo
Enquanto solitário e em vão desfilo.

50442

O canto mais audaz e mais sublime
Moldando uma esperança plena e viva
A sorte noutro engodo já nos priva
Do quanto poderia e não redime,
Ainda quando o tempo quer e estime
A luta se mostrara mais altiva
E o nada no final tanto suprime.
Vagando sem destino por aí,
O todo sem saber eu já perdi
Mergulhos dentro da alma, reticente.
O prazo determina o fim de tudo
E quando sem sentido desiludo,
Apenas a tristeza enfim se sente.

50443

O canto poderia ser diverso
E nesta sintonia presumir
O todo noutro encanto num porvir
Gerado pelo amor, novo universo,
E quantas vezes tento ou mais disperso
Meu passo sem sentido a permitir
A queda que no fim sempre há de vir;
No caos gerado após último verso.
Avesso ao que pudesse novidade,
Ainda quando a vida se degrade
Sem medo do que possa e não teria,
A luta se desenha sempre ingrata
E o corte no final tanto maltrata
Enquanto gera inútil fantasia.

50444

Ao menos poderia acreditar
Nos tantos caminhares noite afora,
E o passo se apresenta sem demora
Mudando cada estrela de lugar,
Vencido pelas lendas ao luar
O vento num instante nos devora
E o verso sem sentido desancora
O barco aonde pude naufragar.
Restando muito pouco ou quase nada,
Esta alma noutro infausto também brada
E gera em discordância o quanto veio,
Ousasse acreditar noutro cenário
A luta num momento temerário
Traduz dentro de nós um tosco anseio.


50445


Nascendo do vazio, sigo vago
E tento caminhar entre tormentas
E quando no final não me apresentas
Sequer o que pudesse e já não trago,
Aonde se tentara algum afago
As horas são deveras violentas
E nestas fantasias mais sangrentas
O amor presume o fim, e assim divago.
Vestígios de outras eras? Não mais tenho,
O mundo se perdendo em ledo empenho,
Amortalhando o passo rumo ao nada,
A morte se aproxima e dita o quanto
Do todo poderia e não garanto
Senão a mesma luta que degrada.

50446

Negar qualquer alento a quem pudera
Sentir este momento em paz ou quieto
Ainda quando nada em mim completo
Matando a sorte turva e mesmo fera,
Ainda que pudesse ser sincera
A luta sem sentido dita o veto
De quem se fez atroz e em desafeto
Apenas o vazio então espera
Ao integralizar o sentimento
E neste descaminho eu também tento
Pousando levemente noutro rumo,
Aos poucos sem saber da melhor sorte
Sem ter quem no final já me conforte
Sementes da ilusão em vão consumo.


50447

No prazo aonde a vida determina
O quanto poderia e nunca veio,
Apenas desenhando este receio
O velho coração matando a sina
De quem já não conhece e se extermina
Pousando noutro engodo em devaneio,
O canto se aproxima e sem rodeio,
A luta na verdade não termina,
Esqueço os meus acordes e harmonia
O quanto no final já não teria
Acena com vazios dentro em mim,
O caos se gera então e nada vindo,
O todo que pudera ser infindo
Chegando sem defesas ao seu fim.

50448

Abrindo esta porteira: solidão
Ao menos pude ver alguma luz
E nada do que eu possa reproduz
Os dias que deveras volverão
Marcando dentro da alma a ingratidão
E quando na verdade assim me opus
O mundo desenhara em leda cruz
Somente as fantasias de verão,
O pranto se escorrendo a cada olhar
Pudesse na verdade imaginar
O rumo mais atroz e reticente,
Do prazo aonde o nada dita a regra
A luta a cada engodo desintegra
Cenário que deveras não desmente.


50449

O tempo já sem tempo não pudera
Adicionar o sonho a quem se deu
Vencendo dentro em pouco o que foi meu
Não tendo nem sequer o quanto espera
A vida se desenha mais austera
E o passo se aproxima mais ateu
E o quanto do meu sonho se perdeu,
Marcando com terror cada quimera,
Ainda quando pude acreditar
Nos ermos de minha alma a me tocar
Rondando o que inda tenho por viver,
Apresentando o caos a cada instante
A sorte sem saber nada garante
Nem mesmo o quanto pude amanhecer.


50450

Navego contra a fúria das marés
E sei dos descaminhos mais frequentes
Aonde na verdade tu te ausentes
E sigo tantas vezes de viés,
Apenas recolhendo estas galés
E nisto meus destinos já pressentes
Marcando com ternura em evidentes
Momentos a ventura por quem és,
E sei do prazo apenas limitado
E quando no final aquém me evado,
Espero novamente algum momento.
Perdido e sem sentido mais algum,
O todo se adensando traz nenhum
Cenário enquanto o sonho ainda tento.

Nenhum comentário: