quarta-feira, 17 de novembro de 2010

50361 até 50370

50361

A rústica vontade de se ter
Além do quanto pude e não viesse
Fortuna se ditando em nova messe
Traçando dentro da alma o amanhecer
Pudesse desvendar e conhecer
A luta aonde o todo em vão se esquece
Bem antes que o futuro recomece
A sorte se desenha sem querer,
Ocasos deste encanto cristalino
E quando noutro passo eu me declino
Encontro a solidão como um amparo,
E bebo deste cálice: ilusão
Sabendo de outros tempos que virão
E todo o peito em lágrima; escancaro.

50362

A senda procurada e nunca vista
O trago em noite vaga ou mesmo até
Pousando noutro encanto, e sei quem é
Quem canta seu momento e não despista,
Aonde a solidão decerto avista
E bebe da inconstância da maré
Ousando na verdade noutra fé
Palavra tantas vezes mais benquista.
Espero qualquer luz e vejo além
O tanto quanto possa e nunca vem
Marcando com ternura o que teria
A sorte de saber o que não sei
Mudando a cada estrofe a velha lei
Moldada nas entranhas da alegria.


50363

A tanta fantasia aonde eu pude
Vencer os mais diversos desalentos
E sinto com firmeza os pensamentos
E nisto se moldando esta atitude
Aonde na verdade tanto ilude
Adentro sem defesa velhos tentos
E os dias que pudessem mais atentos
Detento da emoção atroz e rude,
Escândalos enquanto a vida dita
A vândala expressão bebe a desdita
E ronda cada passo além do todo,
Depois de certo tempo nada havendo
Destino noutro tanto cego e horrendo
Gerando novamente um torpe engodo.


50364

A única expressa que poderia
Ousar noutro momento ou mesmo após
A vida desenhar dentro de nós
Cenário em dor imensa, em agonia,
E quando se presume novo dia
A luta se apresenta mais feroz
E o canto de quem ama sendo atroz
Gerasse noutro encanto a fantasia.
Vestígios de uma vida sem proveito
E quantas vezes teimo e não aceito
Sequer algum sinal em claro tom,
O todo se renega a cada instante
E mesmo sem sentido se garante
Apenas o vazio, espúrio dom....

50365

A vida se promete além do quanto
O mundo desejara novo enredo
E quando de tal forma eu me concedo
Apenas o não ser inda garanto,
E a cada novo tempo o desencanto
Gestando o quanto pude em tal segredo
Vencido pela audácia deste medo
O caos gerando assim novo quebranto;
Assola-me a vontade de seguir
Ousando noutro passo sem sentido
E o todo se mostrara desprovido
Matando em nascedouro algum porvir
Vivendo de tal forma a solidão
Meus olhos outros campos não verão.

50366

A alma se entregado sem defesas
Não pude controlar meu sentimento
E quando algum instante novo tento
Dos templos do passado somos presas,
E vejo o renascer em incertezas
Gerando o mais complexo pensamento
E disto se moldando alheamento
Tentando preservar as gentilezas,
Surpresas desta vida sem descanso
E quanto mais o tempo em paz alcanço
Esplendorosa sorte se imagina,
No parto renegado, a morte em nós
O rio se perdendo em nova foz,
A vida não seria cristalina...


50367


A barca dos meus sonhos naufragara
Marcando com terríveis ironias
O quanto na verdade não trarias
Nem mesmo sendo a vida agora cara,
A luta enquanto ao nada se prepara
A sorte dita em nós tais heresias
E vago pelas noites duras, frias
A morte se espalhando me escancara,
Acordos sem limites, prazo infindo
O quanto poderia e não deslindo
Domina o sentimento de quem tenta
Vencer o quanto resta dentro em si,
No fim de cada passo eu percebi
A dita tantas vezes mais sangrenta.


50368


A cor dos olhos belos da morena
A luz irradiada pelo encanto
Aonde com fineza o bem garanto
E a sorte desejada em paz acena,
O manto com beleza não condena
E nisto se espalhando além o canto
O rumo se moldara e sem espanto
A luta se mostrando mais serena.
Amar é conceber um novo mundo
E neste desenhar eu me aprofundo
Marcando com ternura o quanto possa,
Ousando perceber tanta meiguice
E nada do que busque contradisse
A sensação da vida inteira e nossa.


50369

A dor de ser tão só e não saber
Sequer algum momento de alegria
E nisto se perdendo a fantasia
A sorte desditosa sem prazer
O quanto poderia conhecer
Do mundo em raros tons, bela harmonia
A luta na verdade não se adia
E gera após o nada algum querer,
Seguindo passo a passo rumo ao todo
A vida não permite algum engodo
E o canto se presume sem sentido
Ainda quando eu possa imaginar
A sorte noutro enredo a me tocar
O todo se apresenta e em vão me agrido.

50370

A esperança domina cada passo
Enquanto poderia acreditar
Nas ânsias mais supremas de um luar
Rondando sem destino pelo espaço
O tempo se aproxima e assim eu traço
O quanto pude outrora imaginar
Gestando a sorte intensa a desnudar
O rumo aonde o tempo fora escasso,
Esqueço qualquer luz e nada vejo
Somente o meu caminho e sendo andejo
Um andarilho sonho dita o rumo,
No canto da esperança sem proveito
No errático cenário eu me deleito
Enquanto os erros todos sempre assumo.

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