quarta-feira, 27 de junho de 2012

NECRÓLOGO

NECRÓLOGO

A quem com paciência e beneplácito
Ainda ouvira a voz antiga e espúria,
Qual fosse derradeira e atroz lamúria,
No ocaso de um martírio um erro tácito,

Neste esgarçar dorido um ser incauto,
Um asqueroso verme em podridão,
Morrendo de total inanição
Carro de boi exposto em pleno asfalto,

Não mais que este excremento do que outrora
Pudesse ser chamado: poesia,
A luta agora agônica e sombria,
Necrólogo cenário me devora,

E dos poucos sarcófagos infectos,
Meus versos desnudando vis aspectos.

Marcos Loures

Nenhum comentário: