segunda-feira, 24 de junho de 2013

DE GRAÇA, ATÉ CAIPIRINHA DO CARLOS ALBERTO

De graça, até caipirinha do Carlos Alberto. 

 

 

Espera Feliz tem uma das mais animadas feiras agropecuárias da região.
Todos os anos, grande parte da população da cidade e dos municípios vizinho se reúnem para assistir a shows musicais; as crianças se animam para irem ao Parque de Diversões. Há corridas de motocross, etc.
Como o frio impera no julho caparonense, com os termômetros tendendo a zero grau de temperatura, há a venda de bebidas para aquecer esta friagem.
Carlos Alberto, sabendo disso, resolveu ganhar uns trocados com a venda de sua caipirinha, famosa entre os amigos.
Fez quase um galão da bebida e foi vender na festa.
Sem perceber, colocou sua barraca próximo a um camarada que vendia pinga com mel. Este era um antigo barraqueiro que todos os anos ia até a pequena cidade para “fazer a festa”.
Com o começo da festa, nosso amigo Carlos Alberto iniciou a venda de sua caipirinha.
“Caipirinha a um real, somente um real...”.
Ao que o vendedor de pinga com mel reagiu: “Pinga com mel a setenta e cinco centavos”.
Logo depois, a reação de Beto foi cruel: “Caipirinha a cinqüenta centavos...”.
O frio aumentando, Beto vendendo uma bebendo outra, esquentando o frio e ficando tonto. Cada vez mais quente e mais tonto.
Nessas alturas do campeonato, percebendo que não poderia concorrer com Beto, o barraqueiro já estava se retirando.
Quando, Beto percebeu isso, foi inexorável:
“Caipirinha de graça, só pra terminar o estoque, vamos nessa...!”
Obviamente, acabou tudo em pouco tempo. Beto, mais bêbado que tudo, foi para o meio da festa e ficou até de madrugada.
Dia seguinte, plantão no Hospital, Beto meio de ressaca, chegou para trabalhar.
De repente, começaram a aparecer vários pacientes com uma queixa comum: diarréia e vômitos.
Havia algo de podre no reino da Dinamarca. Nessas alturas, Beto se escondeu na Sala de Raios-X, sob o pretexto de que estava cansado...
Sebastião, outro funcionário, deu a resposta para o mistério.
“Beto, sua caipirinha estava até gostosa, mas não entendi aquele cheiro estranho e também não estou entendendo essa dor de barriga que está dando em todo mundo, inclusive em mim.”
Beto, na maior cara de pau esclareceu com um sorriso meio maroto:
“O problema não foi da caipirinha não, o que aconteceu foi que, depois de ter feito a mistura toda, é que eu reparei que tinha feito numa lata de querosene, dessas de cinco litros, que estava no quintal lá de casa”.
O primeiro a dar uns tapas no pé da orelha de Beto foi Sebastião.
Ainda bem que a maior parte dos que tiveram a diarréia não se lembraram da caipirinha dada por “cortesia” pelo nosso amigo...
Foi a estréia e despedida de Carlos Alberto na promissora vida de barraqueiro; para agradecimento de todos, inclusive o meu. Plantão como aquele eu não esperava ter tão cedo.

MARCOS LOURES

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