De graça, até caipirinha do Carlos Alberto.
Espera Feliz tem uma das mais animadas feiras agropecuárias da região.
Todos
os anos, grande parte da população da cidade e dos municípios vizinho
se reúnem para assistir a shows musicais; as crianças se animam para
irem ao Parque de Diversões. Há corridas de motocross, etc.
Como
o frio impera no julho caparonense, com os termômetros tendendo a zero
grau de temperatura, há a venda de bebidas para aquecer esta friagem.
Carlos Alberto, sabendo disso, resolveu ganhar uns trocados com a venda de sua caipirinha, famosa entre os amigos.
Fez quase um galão da bebida e foi vender na festa.
Sem
perceber, colocou sua barraca próximo a um camarada que vendia pinga
com mel. Este era um antigo barraqueiro que todos os anos ia até a
pequena cidade para “fazer a festa”.
Com o começo da festa, nosso amigo Carlos Alberto iniciou a venda de sua caipirinha.
“Caipirinha a um real, somente um real...”.
Ao que o vendedor de pinga com mel reagiu: “Pinga com mel a setenta e cinco centavos”.
Logo depois, a reação de Beto foi cruel: “Caipirinha a cinqüenta centavos...”.
O frio aumentando, Beto vendendo uma bebendo outra, esquentando o frio e ficando tonto. Cada vez mais quente e mais tonto.
Nessas alturas do campeonato, percebendo que não poderia concorrer com Beto, o barraqueiro já estava se retirando.
Quando, Beto percebeu isso, foi inexorável:
“Caipirinha de graça, só pra terminar o estoque, vamos nessa...!”
Obviamente, acabou tudo em pouco tempo. Beto, mais bêbado que tudo, foi para o meio da festa e ficou até de madrugada.
Dia seguinte, plantão no Hospital, Beto meio de ressaca, chegou para trabalhar.
De repente, começaram a aparecer vários pacientes com uma queixa comum: diarréia e vômitos.
Havia
algo de podre no reino da Dinamarca. Nessas alturas, Beto se escondeu
na Sala de Raios-X, sob o pretexto de que estava cansado...
Sebastião, outro funcionário, deu a resposta para o mistério.
“Beto,
sua caipirinha estava até gostosa, mas não entendi aquele cheiro
estranho e também não estou entendendo essa dor de barriga que está
dando em todo mundo, inclusive em mim.”
Beto, na maior cara de pau esclareceu com um sorriso meio maroto:
“O
problema não foi da caipirinha não, o que aconteceu foi que, depois de
ter feito a mistura toda, é que eu reparei que tinha feito numa lata de
querosene, dessas de cinco litros, que estava no quintal lá de casa”.
O primeiro a dar uns tapas no pé da orelha de Beto foi Sebastião.
Ainda bem que a maior parte dos que tiveram a diarréia não se lembraram da caipirinha dada por “cortesia” pelo nosso amigo...
Foi
a estréia e despedida de Carlos Alberto na promissora vida de
barraqueiro; para agradecimento de todos, inclusive o meu. Plantão como
aquele eu não esperava ter tão cedo.MARCOS LOURES
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