sexta-feira, 14 de outubro de 2011

14/10/2011


1

O coração que em secas se criou,
Jogado sobre as pedras e os espinhos
Os dias se repetem; são daninhos,
A flor de uma esperança já murchou.

E quando me pergunto o que restou
Olhando para os ermos tão mesquinhos
Avinagrando enfim todos os vinhos
Que o tempo noutro instante renegou.

Já não me cabe mais sequer um sonho
E quando sem amor eu decomponho
O fato que pudera me salvar

Esbarro no vazio e sem demora
A sorte noutro rumo me apavora
E toma tudo o quanto pude amar.

2

Aos poucos sem domínio a vida passa
E trama outro detalhe, nova luta
E quando o caminheiro mal reluta
A sorte noutro instante mais escassa.

Fazendo da esperança a minha praça
A face se desenha mais astuta
E nisto com certeza não se escuta
O quanto a fantasia leda traça.

Não pude e nem tivera este momento,
Sabendo do que tanto agora tento,
Vencido sonhador, já nada resta,

Somente esta lembrança de outras eras
E quando a cada instante degeneras
A noite se aproxima mais funesta.

3


Bebendo deste amor que me fartara
De sonhos e de lutas sem igual,
O verso se mostrando mais banal
A sorte sendo assim diversa e rara.

O prazo pouco a pouco se escancara
E marca com veneno o ritual
Que tanto imaginara sensual
E agora no final nada prepara.

Vacância quando mesmo pude crer
No tanto que se fez inutilmente
A luta quantas vezes se apresente

Marcando o que devesse conceber
Não tendo novo passo, sigo aquém
Do grande sentimento que não vem...

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