quinta-feira, 13 de outubro de 2011

DUETO COM RONALDO RHUSSO

MÓRBIDO

Eu sei que meu caminho está no fim,
Por isso é que despejo este soneto
São versos que ao vazio, eu arremeto,
Tentando alguma flor; pobre jardim.

A morte me rondando, diz que sim,
Os erros tão freqüentes que cometo,
No fundo, estou sem tempo, mas prometo,
Em pouco tempo acaba tudo, enfim...

Houvesse alguma chance de sonhar,
Vagar por mil estrelas; nebulosas,
As horas tão sutis e melindrosas,

Numa esperança sólida embarcar...
Mas sei que no final não serei nada,
A carne apodrecida e destroçada...

Marcos Loures

Também eu já me encontro na beirada
Do limiar que faz separação
Entre o viver sofrido e a desgraçada
Da morte que me quer plantar no chão.

Ainda assim eu nem lamento nada!
Vivi intensamente e com paixão!
Também achei de dar muita mancada,
Mas quer saber? Eu me arrependo, não.

Sorvi mulheres lindas, paraísos!
Até chapei pra ver o céu girar!
Se a morte me quiser pode levar!

Eu traço ela, também, garanto em risos,
Pois sei que ela é mulher e se tem guizos,
Serpente mal comida, eu vou domar!

Ronaldo Rhusso

Não temo esta maldita, mas procuro
Vencer os meus anseios naturais,
E o quanto nestes versos demonstrais
Traduz um solo fértil, porém duro...

Por mais que inda pareça mais seguro
O fim adentra a sala e nos vitrais
Presumo os erros tantos, funerais,
De quem neste cenário- a paz- conjuro.

Mas sei que na verdade de tal forma
O quanto pouco a pouco me transforma
Expressará num ato mais voraz,

Num etéreo vagar, renascimento,
Uma esperança além, busco e fomento,
E eternidade da alma, o vento traz...

Nenhum comentário: