BOLSA FAMÍLIA - A GERADORA DOS VAGABUNDOS QUE PROLIFERAM NESTA NAÇÃO MARAVILHOSA
No grito do povo; desprotegido e frágil, carregando nas costas o peso e
as marcas dos coronéis e das senzalas, se traduz o sofrimento marcado a
ferro e a fogo, através dos tempos imemoriais.
Na viola chorosa, o lamento do negro triste, o blues, a melancolia, a sombra do açoite sangrando e cortando corpo e alma.
Na
alegria contida, explodindo em dança e sexo, nos carnavais e nos
canaviais, nos for all, nos forrós, nos forros de terra e mato, nos
prostíbulos e bregas das beiras de estrada.
Na voz cansada do
cantador do sertão, ser tão e nada ser, tanto ser quanto nada. A voz do
cego na porta da igreja, das beatas e das bentas, das lamas e almas, de
todos os santos mineiros e baianos.
Nos folguedos e festas, nas
portas abertas à folia dos reis, magos e magros cantores e dançarinos,
nas lamparinas e fogueiras, na luz da beleza dos olhos verdes da mulata;
Das
pernas compridas, léguas cumpridas a sol e calor. No calor dos beijos e
desejos mais simples, no namoro, no agouro do canto, na sombra da
noite.
O rito do povo, trâmite de transe e trânsito de orgística
mística confusa cafusa, mameluca brasilidade; da idade da pedra à pedra
filosofal, ouro de tolo, ótica do touro, ferido e sensual.
Nas
meninas e meninos prostituídos, carne vendida, povo explorado, puído,
roto, desnudo e fétido, estendendo as mãos num apelo pela vida, qualquer
que seja essa vida.
Pelos meus próprios medos e erros, temores e tremores, timidez e insensatez.
Pelo meu sangue negado a quem, à míngua, se esvai nos leitos de morte, desnutridos e abandonados.
Para
aqueles alcoolizados pela vida e aguardente, aguardando a urgente
solução; soluços e tropeços, ao preço do corpo, vendido na feira das
almas, na frieira e frigidez das almas, para os inválidos, os
invalidados, os desvalidos. Desfalecidos semiacordados, números de
estatísticas, apenas rotos abortos incompletos; trastes em contraste com
a vida.
Para aqueles sedentos, absortos em vagas trilhas, filhos e filhas do quem foi ou será.
Partos feitos em parcos leitos, vários em um, amontoados de carne humana, suja e doente.
Pasto
de lombrigas e amebas, mercadoria de troca, tocando os olhos dos
viajantes; mais com medo que com pena, apenas brasileiros.
Para esses objetos abjetos, podres em vida, peço a atenção.
Precisam
sim de comida, precisam sim de ajuda, precisam de soluções,
definitivas, que passem por escola, por casa, por saúde por CIDADANIA.
Esses
sedentos precisam de amanhã, mas para isso NECESSITAM DO HOJE, sem hoje
o amanhã fica sendo somente uma palavra sem sentido, o FUTURO NECESSITA
DO PRESENTE PARA NASCER.
É triste se ver, enquanto o governo cuida
desse hoje, através das bolsas alimento, bolsas cidadania, vir uma
entidade como a CNBB e condenar essa ajuda.
Todos aqueles que falam
em projeto assistencialista têm razão, porém se não se salvar o PRESENTE
dessa legião de semivivos, de semigente, que FUTURO poderemos dar a
eles?
O BOLSA FAMÍLIA ESTÁ MATANDO A FOME DE MILHÕES, REDUZINDO A MORTALIDADE INFANTIL E A SUBNUTRIÇÃO, ISSO É FATO.
SENHORES PERMITAM O PRESENTE PARA QUE O FUTURO DÊ A ESSA GENTE CIDADANIA.
Na hora do desespero, permitam, pelo menos o nascimento da esperança para esse povo, semihumano, é isso que eu peço.
Deixem
o dinheiro que eu pago servir pelo menos para amparar essa camada que, a
maioria de vocês só conhece pelas estatísticas, já que as IGREJAS não
pagam impostos, deixe que o MEU DINHEIRO SEJA INVESTIDO AÍ, E NÃO NO
SALVAMENTO DE BANCOS FALIDOS, COMO FOI NO GOVERNO PASSADO.
MARCOS LOURES
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