domingo, 2 de maio de 2010

31621 até 31640

31621

Bem sei que não me querias,
E deveras da certeza
Estampada sem surpresa
Muito aquém das fantasias
Entre tantos claros dias
Ao sentir a correnteza
Esbarrando com firmeza
Sorvo enfim tais heresias,
Vejo a sorte se perdendo
Onde outrora quis adendo
Hoje vendo este final,
A saudade dita a norma
Cada dia já me informa
Desta queda sem igual.

31622

Quando quis viver contigo,
Mal sabia deste fato
Onde o nada já retrato
Tento a paz e não consigo,
Ao sorver o desabrigo
Novamente me maltrato
E se tento ou mesmo em ato
Cada hiato diz perigo,
Recebera por herança
Esta tola e vã lembrança
De um momento bem diverso,
Caminhando sem destino,
Cada passo em dor ensino,
São as letras do meu verso.

31623

Meus olhos se perdendo no horizonte
Ainda que pudessem ter a luz
Solar onde a verdade reproduz
Da sorte desejada imensa fonte,
E quando a cada engano já se aponte
Caminho feito em mágoa, medo e cruz,
Vergando na verdade não me opus
E sei do quanto a vida desaponte
Quem vive da esperança e nada além
E quando a realidade torpe vem
Recende ao que já fora no passado,
Assim noturno sonho em pesadelo,
E quando tenho a sorte de sabê-lo
A vida noutra vida, mesmo enfado...

31624

Acende da paixão, pavio e chama.
Quem sabe discernir medo de glória
Remodelando assim a sua história
No fato de tentar em nova trama
Sabendo do vazio onde reclama
A sorte em dor imensa e merencória
Viver a fantasia mais inglória
Enquanto a dor deveras sempre clama,
A lama, o drama o não eternizado
O vento se aproxima do sobrado
E nada do que fora algum suporte
Resiste ao mais terrível vendaval,
E tendo a minha vida sempre igual
Preparo este caminho rumo à morte.

31625

Inesquecível sonho de quem ama,
O gozo mais feliz de quem pudera
Vencer com a ternura esta quimera
E sabe quantas vezes fora o drama
O velho companheiro e se trama
Após o duro inverno a primavera,
O quanto deste todo destempera
E a vida novamente apaga a chama,
E sendo intermitente a sorte quando
O mundo se pudesse desviando
A velha correnteza costumeira,
Quem tem desta esperança algum relance
Ainda que ao vazio já se lance,
Persiste com ternura, vã bandeira...

31626

Refeita nesta tela, uma beleza
Que há tempos eu sabia não mais ver,
E quando vejo o tempo a se perder
Seguindo com terror esta incerteza,
Porquanto poderia em tal grandeza
Viver ou mesmo até sobreviver
E nada do que penso hoje colher
Daria do temor esta dureza,
Traçando com ternura um amanhã
Porquanto a vida traça mesmo vã
Momento de esperança que me alente,
Assim ainda mesmo persistindo
Sabendo quanto a vida em tempo findo
Pudesse, ainda em sonho, ser ardente.

31627

Uma esperança surge e toma assento
Aonde desabara este barranco
E quando na verdade sendo franco
Momento mais tranqüilo busco ou tento,
O quanto deste tanto em desalento,
Medonha face mostra em duro arranco
E o medo se mostrara onde me espanco
Da cicatriz que eu gero, me alimento.
Restara apenas isso deste todo
Aonde se moldara cada engodo
Resiste dentro em mim a fantasia,
Audaciosamente sigo em vão,
E quando novas chuvas mostrarão
O tempo feito em dor, tanta heresia.

31628

Passeia pelo reino, uma princesa,
Ditando com ternura alguma messe
E quem desvenda assim o que se tece
Já sabe do vazio sobre a mesa,
Aonde se pudesse esta incerteza
Viver qualquer momento em que obedece
À paz o amor sincero, mas se esquece
A vida renovando a correnteza.
E presa do vazio, nada trago
Somente quando em dor bebendo o afago,
Dos lagos antes límpidos eu vejo
Apenas o que resta dentro em mim,
Fartura imaginária? Chega ao fim,
E a sorte fora mero e vão lampejo...

31629

Montada em seu corcel, cabelo ao vento,
Percorre estas searas de um reinado
Há tanto tão somente imaginado
E agora se mostrando em sofrimento,
Vencida cada etapa, este momento
Traduz um caminhar enlameado,
E a vida vai cumprindo o seu legado,
E nela eu me retrato e me atormento.
Pudesse ter nas mãos o meu futuro
Quem sabe novo tempo, mas eu juro
Que tudo não seria assim ao léu,
Princesa já desnuda num tropel,
E neste sonho claro, intenso e puro,
Cavalga a liberdade em seu corcel.


31630


Amor nosso, sincero e verdadeiro
Ainda em face mansa e cristalina
Enquanto se aproxima e me domina
Transforma o meu caminho por inteiro,
E sendo assim, cigano e aventureiro
A sorte se transborda em louca sina
A parte que me cabe ora fascina
E mostra seu sentido bandoleiro,
Vencendo as tempestades e batalhas
Aonde em rara luz decerto espalhas
O nobre sentimento e se anuncia
Sobeja claridade sem igual,
Passado doloroso e marginal
Agora traduzindo um raro dia...


31631

Futuro, do teu lado, alvissareiro,
Enquanto o dia a dia adia o sonho
Que tanto poderia ser risonho
E agora se traduz num espinheiro
Medonha face mostra o verdadeiro
Caminho bem diverso e se me oponho
Enquanto a solução tento e proponho,
O mundo em que me vejo é traiçoeiro.
Restando tão somente perceber
Inúteis ânsias domam o prazer
E quando inda procuro e mal respiro
Ainda sinto viva a dor imensa
Aonde se pensara em ser propensa
A sorte se traduz em bala, em tiro.

31632
Em busca de manhãs mais soberanas
Lutara contra os medos e se existo
O quanto poderia ou mesmo insisto
Enquanto de outro lado tu me enganas.
E sendo tão comum quando te danas
Sabendo desde sempre um pouco disto
Das sendas mais doridas não me disto,
Vestindo as fantasias desumanas.
Capacho tão somente e nada mais,
Assim ao me entregar aos anormais
Desejos de quem tenta novo rumo,
Os erros partilhados, eu assumo
E quando percebendo os rituais
Mais tétricos na verdade assim me esfumo.

31633


Os passos que encetamos, decididos
Vagando pelos ermos deste sonho,
Porquanto se apresente assim tristonho,
Os corpos sobre as camas estendidos,
Falando tão somente das libidos
E nelas toda a sorte em que proponho
Um dia mais tranqüilo, e nada ponho
Somente dos desejos mais sentidos.
Fartura de prazeres sem afeto,
Assim o nosso amor sendo incompleto
Não deixa que se enfrente a correnteza
Da vida tantas vezes sendo urdida
Nas sortes dolorosas. Distraída
A vejo olhando além, qual mera presa.

31634

A tais censuras más, por certo insanas
Não dando uma atenção, pois não merecem
Desejos aos anseios se obedecem
Em noites poderosas e profanas,
No quanto muitas vezes tu te enganas
E quando novos dias tolos tecem
Cenários em que as dores aparecem,
Verdade noutra senda ainda emanas,
E risos entre festas, sendo hedônico
Caminho que pensara mais harmônico
Este oceano em milhas de loucura
Não sendo por si só satisfatório
Porém longe de ser por certo inglório
Apenas mitigando, nunca cura...

31635

Seguirmos, par a par sem dar ouvidos
E mesmo quando tentam outra história
A sorte se selando na vitória
Não deixa dias tristes pressentidos,
Vencendo assim tormentas, decididos,
Caminhos entre os quais sem ter vanglória
A senda que já fora merencória
Agora em novos tempos merecidos
Permite que se veja além do sonho
E quando assim contigo um bem componho
Não tendo mais motivos senão esses
Que agora te apresento em voz macia,
O amor quando demais já mostraria
A colcha em emoções que agora teces.


31636
Mulher que dá prazer e me completa
Transcende ao próprio sonho e muito além
Vencendo qualquer dor tanto convém
Na cena cristalina e predileta,
Sabendo deste encanto, nossa meta
Traduz felicidade e sempre vem
Trazendo com ternura e em si contém
Além do simples arco, a rara seta
E sendo dos teus passos, escudeiro
Vivendo assim um mundo alvissareiro
Jamais eu poderia renegar
A messe maviosa de saber
Em ti bem mais que simples bom prazer,
Futuro desde agora a navegar...

31637

Tu és a poesia predileta,
E sendo assim, amante e companheira
A vida nos teus braços já se inteira
E traça com ventura linha reta
Quem dera se pudesse ser poeta
E ter palavra certa, a mensageira
Do sonho que se fez nossa bandeira
Aonde a própria luz já se completa
Enquanto eu mergulhara no vazio
Num tempo mais atroz o desafio
Seria ter alguém que inda trouxesse
Neste outonal caminho alguma luz
E quando o amor completa e já faz jus
Encontro finalmente este benesse...

31638

O canto mais sublime da magia
Trazendo em voz suave este amanhã
E nele se percebe um talismã
Aonde a dor ainda desafia
Mudando a face vejo um novo dia
E assim ao procurar bela manhã
Desvendo a sorte imensa deste afã
E dele se alimenta a poesia,
Resisto aos meus antigos sofrimentos
E tento com ternura tais proventos
Bebendo a me fartar desta certeza
Sentindo-me feliz por ter por perto
Quem tanto procurara em rumo incerto
E agora se desvenda em tal nobreza.

31639

É como perceber deste universo
Sentido aonde outrora não houvera
A solidão que sei cruel quimera
Aonde meu passado vira imerso
E ser força motriz de cada verso
Por mais que a vida às vezes degenera
A sorte traduzindo o que se espera
Transcende ao próprio ser ledo e disperso
Que tanto no passado se mostrara
E agora esta certeza me escancara
Portal de um mais provável paraíso,
E sendo assim vassalo deste encanto
A cada novo instante me agiganto
Num passo mais audaz, firme e preciso.

31640


Tu fazes me trazendo uma alegria
Um mundo bem melhor de se viver
E ascendo ao mais sobejo e bel prazer
No quanto a sorte às vezes desafia
Quem tenta caminhar na fantasia
E sabe do que pode o amanhecer
Em claro desfilar do bem querer
E tanta força sorve ou irradia,
Assim perpetuando esta ventura
Encontro o que decerto se procura
No amor, em luz sublime, e da alvorada
Tecida neste meu imaginário
Agora se percebe um relicário
Traçado pela senda tão sonhada...

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