31731
Eu já fiz minha varanda
Com os raios desta lua
Que se vendo seminua
Noutra cena já desanda
E se tendo quando manda
Incerteza dura e crua
Fortaleza continua
Onde a vida fora branda,
Sendo assim eu já consumo
Do vazio todo o sumo
E procuro soluções,
Nada atesta algum sinal
E o momento magistral
Perco em tolas ilusões...
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Cativo de teu fogo eu me escravizo
E tento soluções mesmo sabendo
Que nada se traduz em doce adendo
Durante toda a noite em vil granizo,
E quando preparava ainda um riso,
O tempo sonegando e se perdendo,
Mortalhas da ilusão tudo tecendo
Deixando o coração em prejuízo;
Fagulhas do que fora sentimento
Amortecendo a queda quando em vez
E tudo o que pudera se desfez
Deixando no passado algum alento,
Riscando a realidade deste mapa
Nem mesmo a fantasia ainda escapa.
31733
E preso, não desejo a liberdade,
Nos braços de quem tanto quis um dia,
O tempo me trará uma alforria
Enquanto o próprio amar já se degrade,
Assim com a fatal obscuridade
O mundo irá secando a fantasia,
E o quanto de prazer a vida urdia
Perdida noutra senda, realidade.
Mas quando isto vier, esteja pronta,
Amar e ser feliz, um faz de conta
Entre princesas, fadas e castelo.
Porquanto a vida mesma me envenena
Mesmo que seja apenas mera cena,
Momento que passamos, sempre é belo.
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Qual fosse alguma espécie de tenaz
Tocando com firmeza a minha pele
Ainda que a vontade enfim repele
O tempo se mostrara mais audaz,
E sei quando esta vida já desfaz
Amor aonde o quadro se revele,
No peso de sonhar, a dor atrele
E mude este caminho rumo à paz.
Vencido pelas ânsias de quem tenta
Suprir com calmaria uma tormenta
E nada encontrará sequer faróis,
E tendo esta certeza que domina,
O passo aonde a vida é mais ladina
Impede qualquer sonho em arrebóis.
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As pernas me prendendo e assim conténs
Os passos que julgara necessários
Vencendo os meus tormentos, tais corsários
Alentem com terror tantos desdéns,
E sei que não concebo novos bens
E neles os momentos temerários
Gerando a cada engano os adversários
E deles as tormentas que inda tens.
Alegro-me ao saber mesmo possível
Ainda se moldando em tom incrível
Residual caminho após o nada,
Vencida cada etapa a vida segue,
E mesmo quando o nada se consegue
Valeu bandeira rota desfraldada...
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Aplacas minha sede, aporto o cais,
E tento discernir qualquer paragem
Sabendo ser cruel esta ancoragem
Imersa entre os diversos vendavais,
Não posso sonegar quanto é demais
Viver e acreditar noutra paisagem
E tanto poderia nesta aragem
Singrar novos momentos, desiguais
De tantas turbulências, timoneiro
Já não consigo mais sentir delícias
Aonde se mostraram mais fictícias
Passagens por caminhos mais diversos
E tendo nos meus olhos, costumeiro
Destino são inúteis os meus versos...
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E amansas as loucuras, desvarios
Daqueles que se pensam maiorais
E dizem as asneiras mais boçais
E poluindo até seus próprios rios,
Aonde se tentassem desafios,
Mas cedem com as poses de cristais
Morrendo nas palavras desiguais
Perdendo em labirintos, próprios fios.
Asneira tem limite, cai o pano
E a Lee se vê a face caricata
Da estúpida vestida de gaiata.
Betânia não merece um tolo mano,
E em meio a tal besteira a arte se aninha
No cérebro daquela surfistinha...
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Meu corpo no teu corpo imerso agarras
E atando nossos nós estou atento
E quando adentro em paz o pensamento
Lembrando do passado, tantas farras,
As horas desvendando o sofrimento
E quando deste tanto me alimento,
Depois de certo tempo vejo as garras.
Somente o que se vê depois da curva
É noite tão amarga ou mesmo turva
E nela se retrata a face escusa
De quem não percebendo a caricata
Figura aonde a sorte já maltrata
E ainda da palavra escura abusa.
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Na noite feita orgia, com furor
As cenas se repetem pós as festas
E quando se percebem pelas frestas
A face do demônio muda a cor,
Aonde se pensara no rubor,
O tempo apara sempre tais arestas,
Agora são mais doces, quando restas
Deitando em sacrossanto e belo andor.
Peçonha se transforma em heresia,
E quando vejo em muita sacristia
Os erros costumeiros, desatinos.
Quando o Pai falou, em claras linhas,
“Vinde para mim, as criancinhas”
Não era pra comer os pequeninos...
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Riscando minha pele, unhas e presas,
Assim a cada instante a fera vem
E tendo este delírio e sem ninguém
Não quero ser banquete nestas mesas,
As luzes da emoção decerto acesas,
E sempre olhando em volta, algum desdém,
Não posso desta fúria ser refém,
Nem mesmo vendo as cenas indefesas.
E quando se percebe novamente
O quanto do passado ainda mente
Mudando a direção do que virá,
A face decomposta da verdade
Por mais que ainda aos tolos, vis, agrade,
Percebo e demonizo desde já.
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