segunda-feira, 3 de maio de 2010

31701 até 3710

31701

Ao verdadeiro céu, ao Paraíso
Qual fora um novo Olimpo aonde Zeus
Com seus poderes dita cada adeus
Num passo muitas vezes impreciso,
A cada novo instante outro juízo
Pecados corriqueiros teus e meus,
Na renovável face de um só Deus
Tramando tanto lucro ou prejuízo
Maria travestida hoje de Juno
Enfrenta com palavras sorrateiras
E tenta levantar novas bandeiras
Aonde com vigor não coaduno,
Chicote ao se esconder por entre as pernas
Em paralelas cenas, ora eternas...

31702

Levado neste jogo, eu vou feliz,
Sabendo dos pudores marginais
E aonde se pensara nos astrais
Montanha lá da Grécia também diz,
Os paralelos mostram cicatriz
E assim entre diversos bacanais
O sexo ora banido em sempre iguais
Momentos que a verdade contradiz;
Vivemos semideuses cafetões
E até de certa forma trambiqueiros,
Diversos os cenários, mas inteiros
Os ritos das comuns adorações,
A vela substitui o sacrifício,
Mas vejo sempre assim o mesmo ofício.

31703

Cativo de teu fogo, me escravizo
E vejo em Prometeu este retrato
Do vingativo pai que ao desacato
Transforma o tempo claro num granizo,
E assim de punição em punição
História se repete idêntico ato
Diversa imagem dita igual contrato,
Olimpo ou mesmo o Éden: paraíso?
A face punitiva Zeus, Javé
Barbudos dominando a mesma fé
Serpentes entre semideuses vejo,
O ser humano em lama construído
Gerando do impossível tal sentido,
Cortando com furor cada desejo...

31704


Tanta aligria na vida
Apois tem quem ama canto
Coração em desecanto
Notra históra ripitida,
Mas se amô dis dispidida
Nos meus óio tanto pranto
E se é seco quano pranto
No finár num côio nada,
Mas ansim cum peito aberto
Num importa mais deserto,
Lavradô sabe das manha
E a verdade mostra bem
Qui no amô ansim tombêm
Quem mais cuida sempe ganha...

31705

É qui pude apercebê
As beleza do sertão
Quano vem a froração
I eu me lembro di vancê
Coração passa a batê
Cum tamanha agitação
Percebeno a direção
Onde o sór irá nascê
Tantas veiz apaxonado,
Nesse campo inluarado,
Chei de sonho, na viola
Puntiano cum ternura
Teno o sonho que pércura
Prá sôdade nem dô bóla.

31706

Ansim andano cocê
Já incontrei u meu caminho
Cuns os óio du um passarinho
Aprendi a pode vê
A beleza do sabê
Dus encanto do carinho
E num sigo mais sozinho,
Pércurano o amanhecê
Cum o brío desse sór
Coarção bate miór
Vivo entonce essa aligria
Onde posso sem mintira
Percebê que a terra gira
Preparano a poesia.


31707

Móde a vida resorvê
Us pobrêma cumpricado
O meu peito apaxonado
Aprendendo logo a vê
No luá tanto prazê
Nesse sonho inluarado.
Pois amô num é pecado,
E nem memo argum prazê
Nessas terra, meu grotão
Bate forte o coração
I tumbém a arma punteia
Quano as córda diz sodade
Como vê feliciade
Se essa nunca é cheia?

31708

Feita em mucha concordânça
A sordádi diz do quanto
Noutros canto mi adianto
Com a tár dessa isperança
Onde o sonho num arcança
E se o mundo que hoje canto
Num troxesse tanto ispanto
Nada eu tinha na lembrança
Vórta e meia vejo a vida
Cum a sorte cunfundida
E gerano tempestade
Nas palavra mais bunita
Coração num sonho grita
Vai morreno di sodáde.


31709


I tombem uma aliança
Qui nos dexe vê o dia
Feito em sór, mucha aligria
E se tanto as isperança
Na verdade o sonho arcança
Num se cansa a puisia
De vivê o que quiria.
Vida carma noite mansa
Nos luá mais benfazejo
A verdade do desejo
Transformada im tanto encanto
Cum ternura e sem tristeza
Vô venceno a correnteza
E di noite im paiz eu canto.


31710

É pércizo tanta fé
Pra quem tem sua labuta
A sôdade sempe escuta
U qui o coração mais qué
E ao vivê chegano até
Onde vejo tanta luta
E a vontade num reluta
Cum sôdáde da muié
Qui já fora a garantia
Dôtro sonho aonde eu via
O luá tomando tudo
Vivo as coisa do passado,
E se ansim apaxonado
Hoje, em paiz eu num me iludo.

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