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Quem dera se eu pudesse te dizer
Das noites solitárias, temerosas
Agora ao adentrar canteiro em rosas
O quanto do passado a se esquecer
A vida muita vez eu pude ver
Em noites tão sofridas, dolorosas
E quando vejo cenas majestosas
Encontro o que decerto quis saber,
Mas todo o meu caminho a se mostrar
Em ares tão diversos de um luar
Que nunca imaginei fosse tão meu,
O mundo que pensara simplesmente
Ser claro e poder ter na minha mente,
Há tanto sem ninguém escureceu...
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Que me faz satisfeito perceber
O quanto poderia ser diverso
Não fosse o mundo amargo e tão perverso
Ausente dos meus olhos o prazer
Pudesse novamente amanhecer
E ter no meu olhar todo o universo
Que vejo fatalmente mais disperso
E sem saber o rumo, a me perder,
Não pude acreditar num só instante
E vendo o dia a dia degradante
Do fascinante sonho nada resta,
A face desdenhosa se mostrando,
O mundo num momento desabando
Deixando no passado alguma festa...
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Amar é penitência e tenho dito,
Não pude ser feliz, bem o quisera
A solidão terrível dura fera
E o tempo de sonhar sendo finito
Não deixa que se creia num bonito
Momento mesmo quando se tempera
A vida com sorriso, nada espera
A sorte se perdendo em tom aflito,
Resumo o meu passado no presente
E nada do que tanto se apresente
Somente esta semente feita em nada
Colheita que pensara ser possível
Agora se ausentando em perecível
Caminho sonegando cada estrada...
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Cratera no meu peito aberta em dor
Não deixa que se creia em esperança
E quando a voz ao nada já se lança
Apenas outro sonho encantador,
E nele não se vê somente a flor
Espinho a cada ausência mais avança
E pude bendizer a temperança
Aonde agora vejo decompor
O tempo de sonhar já se negando
O quando pude crer hoje é nefando
A sorte não semeia mais alento,
E assim ao mergulhar neste vazio,
O todo que pensara e não desfio
Perdido sem caminho em tosco vento...
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O medo desta ausência toma a cena
E nada do que tanto imaginara,
Moldando uma esperança imensa e clara
A noite não será jamais serena,
E quando procurara mais amena
No fundo se fizera então amara,
A dor tomando toda esta seara
A própria vida aos poucos me envenena,
Restando ao sonhador, mera palavra
Que insanamente teima enquanto lavra
Ousando pelo menos crer no dia
Aonde poderia ser melhor,
Porém esta colheita eu se cor,
Jamais novo momento mostraria...
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