segunda-feira, 3 de maio de 2010

31721 at/e 31730

31721

Roseiral então se abriu
Neste peito que tentara
Noite imensa bela e clara
Onde outrora em tempo vil
E pudera ser gentil
Da ferida que escancara
Toda a sorte demonstrara
O que nunca se previu
E sentindo esta beleza
Que decerto pondo a mesa
Não deixando mais restar
Qualquer sombra do passado
Traça um dia iluminado
Eternizando este luar.

31722

Como a lua iluminando,
Caminhar em noite imensa
Sem ter nada que convença
De outro rumo ou novo prado,
O meu verso delicado
A minha alma embora tensa
Não suporta desavença
E nem quer o desolado,
Sigo em frente mesmo quando
O meu mundo desabando,
Dos escombros me refaço.
Tendo em ti porto seguro
Garantindo o meu futuro,
Ao seguir-te passo a passo.

31723

Que na varanda surgiu,
Dominando este cenário
Onde o amor é necessário
E se mostra mais gentil,
O que tanto se sentiu
Noutro tempo, este corsário
Coração que é temerário
E jamais se fez servil,
Encontrando agora a paz
Onde o quanto satisfaz
Espalhara a claridade,
Vendo o quanto se merece
Quem dos sonhos faz a prece,
Nesta luz que agora o invade.

31724

Sendo culpa da sereia
Do seu canto extasiante
Um momento fascinante
Adentrando praia e areia,
Quando a lua se faz cheia
Mesmo quando se levante
Dos neons num novo instante
Mais ainda ela clareia.
Dominando cada passo
E se ainda teimo e faço
Do meu verso este louvor,
Qual Catulo, enamorado,
Num cenário enluarado
Vejo as mãos do Redentor.


31725


Tão pesado, anda de banda
Coração aventureiro
Nele cabe o mundo inteiro
Mesmo quando já desanda
Esta vida ora nefanda
Com as tintas de um tinteiro
Sendo o sonho corriqueiro
Tendo a lua na varanda
Palmilhando cada senda
Onde tudo que se atenda
Permitindo um raro brilho,
Do passado que condenas
Nem sinais sequer, apenas
A ilusão que inda polvilho...

31726

Morre na praia, na areia,
O sentido de um viver
Que se tanto quis querer
Hoje apenas incendeia
E se a vida me rodeia
E transporta o que eu quis ser
Noutro tanto posso ver,
Ilusão mesmo que alheia,
Riscos tantos riso farto,
E se agora mesmo eu parto
Procurando algum sentido,
O meu vasto caminhar
Não se vê onde aportar
O meu tempo está perdido...

31727

Coração quando desanda
E não sabe desvendar
Os segredos do luar
Nem procura esta varanda
Onde outrora uma ciranda
Tão gostosa de lembrar
Nada resta em seu lugar,
Outra vida, ora nefanda.
Riscos tantos nada tenho
Fora inútil farto empenho,
E vazia a noite quando
O meu mundo se desfez
E total insensatez
Cada cena deformando.

31728

Que decerto me incendeia
A certeza de outro tanto
Onde pude em qualquer canto
Desvendar a dor alheia,
E se o medo inda rodeia
Quem se fez em turvo pranto,
Não podendo em desencanto
Encontrar da sorte a teia,
Renegando cada passo
Entre tantos me desfaço
E se eu vejo retratado
O que um dia fora meu
Outro rumo se perdeu
Onde houvera desejado.

31729

Meu amor, louca ciranda
Que deveras nada vê
E sentindo sem o quê
Poderia noutra banda
Encontrar o que desanda
E se tanto ainda crê
No que nunca mais revê
Gira a vida e em vão desmanda,
Relicários do que um dia
Sendo atroz a fantasia
Louvaria cada engodo,
Mas restando a quem sonhara
Tão somente a dura escara
Preparando para o lodo.


31730


Olhando pra lua cheia
Sertanejo coração
Ao tocar esta emoção
Nada mais ainda anseia,
A beleza desta teia
Onde vejo uma ilusão
E deveras direção
Para a sorte que incendeia
Cada verso ainda eu faço
Com certeza deste espaço
Preparado para o nada,
O risonho caminhante
Vendo assim a cada instante
Outra lua degradada...

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