terça-feira, 4 de maio de 2010

31805 até 31810

31806

Nossos beijos no banco da pracinha
Cidade pequenina, grande sonhos...
Os dias eram sempre mais risonhos
Até pensei que fosses toda minha.
O tempo noutro tempo já se aninha
E os dias em tempestas, são tristonhos
Cenários que ora vejo tão medonhos,
E ainda vejo a praça, está sozinha...
Não quero acreditar que a vida seja
Assim tão dolorida e o que se almeja
Perdendo toda a cor já se esvaece;
O corte na raiz impede a vida,
E quando a estrada eu vejo enfim perdida,
Nem mesmo da esperança uma benesse...

31807


Restando no meu peito as incertezas
De tempos que se foram, meras sombras
E quando como espectro tu me assombras
Olhando com terror as correntezas
Ainda se percebe em noite clara
A mesma lua, embora noutro tom,
Agora se mistura com neon
E o peso do viver já desampara.
Restando a quem sonhara; um mero vão
Da escada sem degraus, nada ascendendo
Aonde este futuro que estupendo
Restando esta mortalha em negação.
Mas vejo que o viver é sempre assim,
O início preconiza em si o fim.


31808

Prazeres, alegrias e tristezas,
Renovação da vida? Não devia,
O tempo quando em tempo se desfia
Prepara a cada ausência garras, presas,
E não mais caberiam tais surpresas,
Minha alma acostumada à fantasia
Não sabe com certeza de outro dia
Mas adivinha dores, sobremesas...
Capaz de até chover qualquer granizo,
Dos lucros que sonhara o prejuízo
Apenas refletindo a realidade,
Grisalhos os cabelos, rugas, face...
Final se aproximando e o sonho grasse,
Ao menos tal refúgio ainda agrade...


31809

Depois de tudo aquilo que tivemos
Em meio às festas risos e discórdias
A vida transcorrendo nas mixórdias
Diversas entre ritos, risos, demos,
E quando noutro tanto nada vê
Somente a dor invade o que pudera
Ao menos convencer qualquer quimera
Do rumo mais disperso sem por que.
O pântano criado desde quando
A fátua face expõe uma alma apenas,
Arrisco novas sendas me envenenas
Alheia ao que pudesse transformando
Cenário mais atroz em festa e gozo,
Mas como sendo o amor tão caprichoso?


31810

Mal sabes quanto ainda o amor encanta
E tenta discernir dor e beleza
Se tão comuns em mesma natureza
A voz que tanto ri também espanta,
E a força se mostrando agora tanta
Não deixa que se creia na surpresa
Atocaiada senda diz da presa
E nesta caça apenas sou o nada,
Uma armadilha sempre abençoada
E dela com ternura eu sorvo o todo
Embora no final se vendo o charco
Cada esperança mesmo quando abarco
Irremediavelmente dita o lodo...

Nenhum comentário: