32051
Tua ausência, ledo mal
Que preciso compreender
Minha vida em desprazer
Tanta dor por ritual
Rio perde seu caudal
Nada mais posso fazer
Perseguindo o que eu quis ser
Vago imenso e vão astral
Tendo em mim esta certeza
De que amor possa mudar
Cada coisa em seu lugar,
Mas se tento com destreza
Ter a estrela junto a mim,
Ver felicidade enfim.
32052
Quanto tanto não errasse
Quem caminha sem sentido
O meu mundo agradecido
Não teria tal impasse,
Quando a sorte se desgrace
Quando o tempo é dividido
Se deveras eu agrido
Ao renegar a outra face
Se; entretanto, tu vieste
Ao mudar caminho e veste
Nova senda se faria
E decerto em flores belas
Quando amor, amor revelas
Renovaste enfim meu dia...
32053
Tu levaste junto a ti
O que houvera dentro em mim,
A minha alma segue assim
Cada rastro que perdi,
Vejo quando estás aqui
A beleza que é sem fim,
Mas se turvo o meu jardim,
Desta sorte me esqueci.
Ao buscar cada momento
Nos teus braços meu alento
Eu encontro a solidão.
Mas a vida traiçoeira
Sonho um dia em que ela queira
Renovar a direção.
32054
Providencialmente veio
Quem se fez amada amante
E se tanto deslumbrante
A alegria de permeio
Vou vagando sem receio
O meu passo mais constante
Rumo ao mundo fascinante
Que deveras eu anseio,
Sendo assim a minha vida
Noutra vida resolvida
Nada deixo para trás
Todo encanto diz da festa
Quando o amor, amor empresta
Mais amor, amor refaz.
32055
Transformado em teu somente
Busco assim nova seara
E se amor é quem me ampara
E também provê semente,
Nem o sonho se desmente
Nem a vida em dor notara
Outro tempo semeara
E deveras sendo urgente
Caminhar contra tal vento
É decerto ter o alento
E saber feliz, pois quando
Bebo a sorte promissora
Muito além do que já fora
Nova vida se mostrando...
32056
Maltratado caminheiro
Andarilho maltrapilho
Quando os céus inda palmilho
Procurando o verdadeiro
Navegando o corriqueiro
Entre estrelas, farto brilho
Tanto amor assim polvilho
E me entrego, vou inteiro.
Nada resta do passado
Nem tampouco degradado
Caminhar se faz presente,
Sendo assim um novo sol
Dominando este arrebol
O meu peito em paz pressente...
32057
Só em teus cuidados tenho
O que tanto procurava
Enfrentando gelo e lava
Com ternura em raro empenho,
E se ainda cedo venho
Encontrar quem tanto amava,
Nada resta desta escrava
Solidão, terrível cenho,
E desdenho desde agora
Toda a dor aonde ancora
Barco frágil, sem timão,
E meu mundo sem te ter
Desairoso e sem prazer
Eu percebo enfim ser vão.
32058
Ao provir de quem se quer
A palavra que me acalma
Adentrando assim minha alma
A presença da mulher
Seja como Deus quiser
Nunca mais quero este trauma
E vivendo em plena calma
Toda a sorte que viver
Traduzindo esta alegria
Renovada a todo instante
Novo encanto se adiante
E quem tanto saberia
Semear com emoção
Colhe rara floração.
32059
A minha alma que eu trouxera
Em momentos mais cruéis
Ao saber dos mansos méis
Bem distante desta fera,
Noutra senda se tempera
E distante de outros féis,
Quer da sorte seus papéis
E deveras regenera,
Vivo até por ter enfim
Todo amor que sei em mim
Rebrilhando em lua imensa,
Ao saber quem tanto quis
Eu decerto sou feliz,
No que tanto amor convença...
32060
Quando moras nesta estrela
Noite imensa constelada,
Ao tentar minha morada
Procurando sempre vê-la
Com ternura recebê-la
E viver formosa estada
Ao seguir a clara estrada
Posso, enfim, sempre revê-la
E revelas quanto o amor
Pode ser o redentor
De quem vive solitário,
Noite clara sem tempestas
Em meus dias plenas festas,
Neste sonho imaginário.
32061
Quando cego eu vou sem guia
E perdido em temporais
Tento ouvir velhos sinais,
Mas amor já não queria
E vencido em noite esguia
Morto o sonho, nada mais
Refletindo este jamais
Onde a sorte tentaria
Vejo apenas o retrato
Do que fora outrora fato
Desacato agora trama,
E o meu mundo sem sentido
Tantas vezes desvalido
Tenta acesa a leda chama...
32062
Companhia desejada
Lua em noite escura e tensa
Ao poder rever a imensa
Deusa em plena madrugada
A minha alma desgraçada
Novamente se compensa
E procura ser intensa
Onde outrora fora nada,
Risca os céus um meteoro
E se tanto amor imploro
Eu também risco o meu eu
Mas a noite é traiçoeira
Lua clara, a companheira
Entre nuvens se escondeu.
32063
Ao pisar onde pisaste
E tentar sentir ainda
A presença rara e linda,
Com certeza este contraste
Transformando a dor em haste
E mostrando quanto infinda
A loucura que deslinda
Todo amor que me legaste,
Mas no fundo solidão
Bebe as fontes e o verão
Nunca mais eu conheci,
Sendo assim nada se vendo
Deste céu mais estupendo
Nada resta, pois sem ti.
32064
Ao seguir querido bem
Outra senda mais diversa
A minha alma leda versa
Procurando por alguém
Quando a noite ao longe vem
E se vê na bruma imersa
A minha alma se dispersa
E decerto não contém
Nem resquícios deste sonho,
Mesmo quando inda componho
Um momento mais feliz,
Sendo a vida um só momento,
Sendo inútil sofrimento,
Todo o tempo me desdiz...
32065
Uma estrela bela e forte
Dominando todo o céu
Quando amor dita o corcel
Esperança traça o norte,
Mas deveras sem a sorte
Que se foi restando o fel,
Nada tendo deste véu
Nem o sonho que conforte,
Risco a imensa solidão
E talvez ainda possa
Crer na sorte sendo nossa,
Mas percebo a negação
E caminho em noite clara
Sem ter nada que me ampara...
32066
A alma frágil sem sentido
De quem tanto quis a luz
E se ainda se conduz
Ao vazio, desvalido,
Resta em mim apodrecido
Onde quero e não reluz,
O meu mundo em contraluz
Navegando enfim perdido,
Nada tenho e sem saber
Se decerto eu posso ter
Qualquer sorte mais diversa,
A palavra apenas doma
O que a vida vem e toma,
E o caminho se dispersa...
32067
Eu teria em teus caminhos
Algo a mais do que contenho
E se ainda tanto empenho
Permanecem mais sozinhos
Onde outrora quis os ninhos,
Hoje o mundo que inda tenho
Contra todo desempenho
Trama a dor e ceva espinhos,
Resta ao longe no horizonte,
Sem ter nada que inda aponte
O luar triste e sombrio,
Eu de tanto acreditar
Redenção deste luar,
Ao senti-lo me esvazio...
32068
Onde tanto se revela
A emoção de ter alguém
Todo o sonho já contem
A beleza que diz dela,
E se tanto assim é bela
Prosseguindo muito além
Não concebo algum desdém
Onde a sorte enfim se sela.
Ter nas mãos o meu futuro
Ter o todo que procuro
Num momento mais feliz,
E deveras sendo assim
Todo o amor que existe em mim
Traduzindo o que eu bem quis.
32069
Olho com olhar de quem
Sabe bem o que virá
E se tento desde já
Na esperança de outro bem,
Toda a vida vê também
E decerto moldará
O que tanto brilhará,
Quando o sonho sempre tem
Olhos tantos no horizonte
E sabendo desta fonte
Dos amores a nascente
Vendo em volta cada brilho
Entre tantos que andarilho
Coração deveras sente...
32070
Ao tomar meu pensamento
Nada além de um grande amor,
Com seu ar revelador
Doma todo sofrimento
E se tanto ainda tento
Cada passo recompor
Na certeza do que for,
Eu pressinto este momento
Feito em luz e em claridade
Neste todo que me invade
Declarando a intensa luz
Pela qual a fantasia
Adentrando a poesia,
Com ternura e paz conduz...
32071
Para saber do que posso
Ao sentir as tantas farsas
Mesmo quando mal disfarças
Não percebes e eu endosso
O que tanto fora nosso
Entre flores, sendas, garças
Hoje são cenas esparsas
Neste tanto em que me aposso
Do vazio em trevas, morte
E se ainda tento a sorte
Nada vem, somente o cardo,
Ao viver não saberia
Quanto viva esta agonia
Refletindo em cada fardo.
32072
Usurpando assim o trono
Deste ser inatingível
Onde fora mais plausível
Demonstrando em abandono,
O que tanto diz do dono
Ente torpe ou infalível
E se ainda se fez crível
Não teria meu abono,
Morto o ser que se fez vil,
E nascendo o que se viu
Entre farpas e espinheiro,
Ao sabê-lo tão suave,
Adentro em sua nave,
Rendo glória ao carpinteiro.
32073
Impiedoso criador
Com as garras de uma harpia
Ao traçar nova sangria
Sendo assim o vingador,
Proferindo em voz e dor,
O que tanto poderia
Ser diverso em alegria,
Causa apenas o temor,
Nada resta deste ser
Que deveras sem prazer
É medonho e caricato,
Noutra face mais gentil,
Outro ser o amor reviu,
Neste sim eu me retrato.
32074
Desabando sobre os fracos
Destroçando quem por certo
Ao viver pleno deserto,
Entregando em frágeis nacos,
Ouço a voz deste venal
Sangrador de gado farto,
E se tanto assim me aparto
Busco em paz e amor a nau
Que permita um manso porto,
E não quero a tempestade,
Em nome da autoridade
Todo sonho já foi morto,
Mas se vê torpe boçal
Entranhando no abissal.
32075
Ao render-se à lucidez
O demônio Jeová
Tantas vezes morderá
Com total insensatez
Se este amor libertará
Bem diverso do que vês,
Este fardo se desfez
Quando Deus se notará
Pacifista e sonhador,
Num derrame em raro amor,
Ensinando com brandura,
Quanto ao velho em prejuízo
Sem direito ao Paraíso,
Tão temível caradura...
32076
Como vive da doença
Qualquer médico, a verdade
O pecado e iniqüidade
Para quem nisto tem crença
Sustentando quem convença
Desta torpe realidade,
Se o perdão é novidade
Treva ainda é tosca e imensa,
No chicote de Satã
Ou vergastas de teu deus,
A figura é sempre vã
E se ainda sem contraste
Outros tantos erros meus
Tu, senhor, pois, provocaste.
32077
Arrancando o coração
Deste peito ensangüentado
Alimenta-me o pecado,
E não vejo mais perdão,
Onde houvera solução
O teu deus aposentado
Hoje vive desgraçado
Sem amor, sem direção,
A mortalha que reveste
Traz nos olhos o veneno
Se o quisera mais sereno,
O terror maior investe
E arrebenta quem se fez
Em total estupidez.
32078
Saciando a sua fome
De carniça ou carne crua,
A mordaça continua
E se tanto já se dome
Quem procura, logo some
E a palavra nunca nua
Bem diversa sempre atua
E a carcaça ainda come.
Morte ao deus tão vingativo,
Que em verdade não vi vivo
E se tanto poderia
Ser o pai sendo perverso
Como fez este universo?
Tudo é mera fantasia.
32079
Se eu desdenho o caricato
Neste trono em pedrarias
Onde mortas fantasias
Na verdade diz maltrato,
Nega a sede do regato
Nega a fonte em que terias
Outras luzes, belos dias,
Não seria o desacato.
Mas ainda queres isto,
E se tanto eu já desisto
Não ateu, mas me perdoa
Este deus que tu me deste
Travestido em fúria e peste
Do que eu amo enfim destoa.
32080
Deste ser entronizado
Onde tanto poderia
Renascer em alegria
Cobra caro este pecado,
O seu mundo vão legado
Morre em tanta sacristia
O perdão já se vendia
Com um juro redobrado,
Sendo assim melhor o inferno,
E se ainda eu já interno
Num cenário de prazer,
Quero ter este sorriso,
Pois pra mim o Paraíso
Com brandura eu quero crer...
32081
Eu agradeço ao Pai, o verdadeiro
E não aquele velho entronizado
O rei se alimentando do pecado
Matando desde sempre o carpinteiro
E quando deste PAI/IRMÃO me inteiro
Eu tento conceber do Seu legado
Momento com certeza abençoado,
E quero tê-lo sempre, o companheiro.
Eu agradeço assim cada lição
De liberdade amor, sonho e perdão
E tanto quanto posso tento ter
Em ti espelho e guia que me leva
Além de toda dor, temor e treva
Felicidade em forma de prazer...
32082
Pudesse em braços firmes, piedosos
Seguir cada momento em luz e glória
Sabendo ser difícil tal vitória
Já que os meus sentimentos caprichosos,
Eu sinto em ti, meu pai, maravilhosos
Caminhos que mudando minha história
Diversos do que possa uma vanglória
Trazer momentos raros, majestosos.
E quando me inteirando de teu ser
Eu pude conhecer o bel prazer
De amar sem ter medidas, nem perguntas,
Irmãos de irmãos cantando em sintonia
Um novo mundo feito em alegria
Com almas que caminhem sempre juntas.
32083
Permita a lucidez em cada verso
Falando deste tanto que descubro
E mesmo quando o olhar se fez mais rubro
Eu sei quanto é preciso este universo
Da morte, do nascer estando imerso
No todo, cada fase não encubro
E quando de esperanças me recubro
Eu tento amor imenso e sempre verso
Usando da palavra meu cinzel
Tentando desvendar caminho e céu
No imenso carrossel chamado vida,
E posso te falar, pai tão sincero
Do quanto amor em ti bem mais eu quero
Sabendo em teus caminhos, a saída...
32084
Não quero ter no olhar a fúria imensa
Dos vândalos fantoches do passado,
Senhores do perdão e do pecado,
Cobrando com tal ágio a recompensa
E nada do que ainda me convença
Permite este terror já desvendado
E sendo companheiro deste amado
Irmão em cuja vida esta alma pensa,
Já não mais vejo as chagas nem torturas,
Somente com amor, perdão, ternuras
Palavra que consola e que redime,
Não guardo dentro em mim a torpe imagem
Daquele cuja vida foi mensagem,
Embora se cultue mais o crime...
32085
Não quero bendizer o sofrimento,
Pois nele não se vê o meu senhor,
E quando a vida traz o desamor
O fardo não garante algum provento
Apenas da esperança me alimento
E tenho com certeza este sabor
Que é feito deste ser que é redentor,
E não do mais atroz em desalento.
Não quero ter assim justificada
A morte pela morte, sem que nada
Ainda se permita acreditar,
Eu vejo renovável, necessária
E não como uma cena temerária,
Morrer é sempre o novo em paz amar.
32086
Não vejo ser remédio quem traz brilho
E ser além do amor, eternamente
Quem tanto nos ensina não se ausente
Sequer de qualquer passo aonde eu trilho,
E quando te vislumbro maravilho
Tomando com ternura corpo e mente,
E mesmo quando atado à vil corrente
O amor que tu me dás vence o empecilho,
Bendigo-te meu pai, querido irmão
E sei que novos dias mostrarão
Quem sabe um ser melhor dentro de mim,
Sou joio, reconheço, almejo o trigo
E quando nos teus braços eu me abrigo,
Renovo florescência em meu jardim.
32087
De tudo o que se vê real essência
O pai ao nos trazer seara nobre
Enquanto com carinho nos recobre
No amor sem ter vileza ou penitência
Gerado pela força da clemência
O quanto de minha alma já descobre
E tanto com ternura enfim me cobre,
Negando num amor tanta imprudência.
Assim este cordeiro abençoado,
Do amor e do perdão, nosso legado
Além da liberdade sem fronteiras,
Eu vejo a luz imensa e sigo o brilho,
E quando em tanto amor eu quero e trilho
Realço dentro em mim as sementeiras...
32088
Prepare-se o caminho para quem
Procura a liberdade e quer a sorte
Usando da palavra, bem mais forte
Enquanto esta meiguice já contém
Humilde sem servil sem ter desdém
O quanto do carinho nos conforte
Assim todo o universo já comporte
Aquele que conhece farto bem.
Diversidade rege este planeta
E cada aleivosia que cometa
Permite a morte em série, mas não vês,
Assim como se fosse um dominó
O todo não se faz de um ser tão só
É necessário enfim a lucidez.
32089
Poeta, um sonhador que busca em Deus
A forma mais complexa ou mais simplória
Do quanto a poesia traça a glória
E trama novos dias, teus e meus,
Aonde no passado houvera breus
Agora noutro fato, muda a história
E traça cada rastro da memória
Usando muitas vezes de um adeus.
Renova-se decerto a todo instante
E quanto mais a voz já se levante
Provavelmente rompe esta corrente,
No quanto a poesia se faz bela
E mesmo quanto em vida nos revela,
Transforma o que não vês no que se sente...
32090
Das legiões diversas e complexas
As sortes mostram tal dicotomia
Que tanto quem profana em heresia
Ou serve com palavras desconexas
Percebe muito bem cenas perplexas
Aonde todo o mundo se perdia
Mortalha que a verdade em vão tecia
E agora noutro tempo não anexas.
Assim ao se mostrar desnuda face
Do quanto em ilusões ainda grasse
Por sobre toda a terra, iniqüidade.
Não tendo mais sequer qualquer motivo,
Amando e sendo amado, quero e vivo,
Singrando o pensamento em liberdade...
32091
Para a festa convidado
Entre fogos, risos, gozos
Dias claros majestosos,
Bem distante deste enfado
Eu mergulho no passado
Vejo ritos fabulosos
E se tanto caprichosos
Dias mudam tal legado,
Noutro tanto poderia
Ser diversa a fantasia
E viver com alma pura,
Mas a sorte se transforma
E mudando assim a forma
Mata em mim toda a brandura...
32092
A coroa se moldando
Entre pedras, jóias, luz
Ao que tanto me conduz
Outro dia bem mais brando
O que agora vi nefando
E se ainda já me opus
Não concebo em contraluz
Este mundo decifrando
Cada passo rumo ao nada
Sem um ponto de chegada
Meu caminho não condiz
Com o quanto quis outrora
E se a vida não se ancora
Como posso ser feliz?
32093
Dos metais desconhecidos
Momentâneos lapidares
Entre céus, rios e mares,
Outros dias esquecidos,
Mergulhando os meus sentidos
No que tanto propagares
Ao vencer ou mal notares
As entranhas das libidos
Noutros tantos olhos vistos,
Onde foram tão malquistos
Poderão sobreviver,
E se nada se mostrasse
A verdade dita o impasse
E a mentira o desprazer...
32094
Ao impor o tempo a quem
Não se fez diversidade
Não encontro a claridade
E deveras nada vem,
O meu mundo não contém
Nem um rastro da verdade,
Mas o sonho quando agrade
Transformando a dor em bem,
Resistindo aos temporais
Quero ser e sempre mais
O que tanto acreditara,
A verdade sobreposta
Noutra senda diz resposta
E traduz nobre seara...
32095
Pelas mãos gastas em fúria
Nada resta senão ver
A mortalha a se tecer
Com as ânsias da lamúria
Resistindo à tal penúria
Nada posso ainda crer
E se ainda diz prazer
O que outrora fora incúria
Resistindo meramente,
O caminho que se sente
Noutra foz se mostrará,
E se o mar não fosse imenso
Deste pouco me convenço,
Mas batalho desde já...
32096
Um soberbo diadema
De estelares ilusões,
E se ainda não repões
O caminho sem algema,
Na verdade nada tema
Quem percebe as emoções
E seguindo em direções
Onde encontre pedra e gema,
Procurando por retalhos
Destes tantos vis atalhos
Expressando solidão,
Eu me encontro junto a ti
E se ainda me perdi
Nada disso foi em vão.
32097
Esta luz que resplandece
E se torna mais freqüente
Mesmo quando em mim ausente
Outro tanto inda se tece,
Tanto amor viva benesse,
Mas a sorte qual demente
Muda tudo de repente
Nem os sonhos obedece,
Sendo assim tão ilusório
O meu canto mesmo inglório
Não se cansa e tenta mais,
Eu bebendo nesta taça
Onde o mundo se esfumaça
Quebro enfim os meus cristais...
32098
Pura luz transforma a vida
E se ainda se vê tanto
O que segue em raro encanto
Não percebe a despedida,
Nova senda sendo urdida
Nas entranhas do meu canto,
Não permita tanto espanto
E tampouco a voz perdida,
Navegando em mar sombrio
Quando as ondas desafio
Eu encontro a minha sorte
E se o verso se fez claro
Todo amor que te declaro
Com certeza nos conforte...
32099
Rara luz, belo esplendor
Doma a cena em que mergulho
Bebo a sorte e o pedregulho
Sinto em mim se decompor,
E se tanto quis propor
Outro rumo sem entulho,
O caminho em que me orgulho
Traduzindo em paz e amor
Não se trama inutilmente
E se tanto se apresente
Quem deveras se fez vão
Outro tempo poderia
Transcender em poesia
E mostrar satisfação.
32100
Turbulenta caminhada
Risca os rastros de outros dias
Entre dores e heresias
Ao seguir a tosca estrada
Vejo assim rumando ao nada
O que tanto em paz querias
Cenas duras, rebeldias,
Na verdade a derrocada
Percebida por quem tenta
Vencer sempre esta tormenta
E não sabe como faz,
Onde quis a luz imensa
Sem ter nada que compensa,
Não vislumbro sequer paz...
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