sexta-feira, 7 de maio de 2010

32001 até 32050

32001

Ao parir tanta peçonha
Viperina face exposta
Onde a sorte decomposta
Se mostrara em tez medonha
Quando a morte se envergonha
Desta mesa agora posta
Bebo o quanto se desgosta
Mesmo quando em vão se sonha,
Residente do passado
Bebo o sangue extasiado
Entre vermes, podridão,
Resta em mim o desprazer
E se posso amanhecer
Nego as cores que virão.

32002

Amamento esta irrisão
Entre fúrias e desdéns
E se ainda mesmo vens
Enfrentar tal furacão
Onde pude encarnação
Do demônio que conténs
Riscos tantos negam bens
E se trazem diversão
São serpentes nada mais
Entre fomes vendavais
Entre somas e mentiras,
Do que tanto imaginara
Cada corte, nova escura
Recortando em podres tiras.


32003


Maldições em noites santas
Entre os vermes que possuo,
Tantas vezes continuo
Entre as vozes que levantas,
E se ainda mesmo atuo
Negações que ora quebrantas
No vazio te agigantas
Ar sombrio ora poluo
Rasgo as vestes que me destes
E se tanto te revestes
De alegrias, que se dane
Onde a luz não poderia
Mesmo quando em sintonia,
Alma impura gera a pane.

32004

Os prazeres preteridos
As senzalas que me deste,
O teu canto sendo agreste
Adentrando os meus ouvidos,
Não resistem os sentidos
E se ainda se reveste
Do terror onde se investe
Mantos podres, poluídos,
Navegar em água impura,
E se tanto me tortura
O verdugo em cadafalso
Preparando então a corda,
A minha alma não acorda,
E não vê qualquer percalço.


32005

Ao parir tal serpe enfim
Não notaste este sibilo
E se ainda assim desfilo
A mortalha que há em mim,
O que tanto quis no fim
Entre angústias eu destilo,
Não passando de um estilo
O mordaz se fez mais clean.
Farpas tantas, fardos vários
E os meus cantos temerários
Temporárias ilusões,
E no fundo nada tendo,
O que trago em dividendo
Morte em vida a que te expões.

32006


Escolhida entre milhares
Entre os vermes, a maior,
Uterina foz melhor
Para os podres lupanares
E assim creio em teus altares
Cuja senda eu sei de cor,
Incorporas o pior
Podridão em tais lugares.
Ris do quanto ainda existe
Do cadáver que persiste
Vivo em cada ausência tua,
E se tanto não percebes
Onde mortas velhas sebes
Tua imagem seminua.

32007

Ascos tantos ermos vários
São fantoches nada mais,
E se expões aos vendavais
Os teus ais são necessários,
Não pudessem mais corsários
Entre assíduos temporais
Entornar os magistrais
E demônios temporários,
Sendo assim vergasta e frio,
Tua herança desafio
E bebendo o sangue teu
O que fora um doce mel,
Ao mostrar face cruel,
Noutro tanto se verteu.

32008


Já não posso em meio às chamas
Aplacar o que tu queres
Se entre todas as mulheres
Teus olhares tu reclamas,
Das vergonhas, fardos, dramas
Das tramóias que puderes
Entre tantas se quiseres
Tu terás as mesmas tramas,
Ramas várias do arvoredo
Que sabendo cada enredo
Enredando com terror,
Ao tecer a incongruência
Gera a cada incompetência
Nova cena em vil torpor...


32009

Pândego demônio crias
Com teu leite apodrecido,
E deveras esquecido
Quando ainda fantasias,
Entre tantas heresias,
Ao tocar cada sentido,
No poder enlouquecido
Novos dias desafias,
Desta vil maternidade
Outra sanha é tua herdade
Riscos tantos, fetidez.
E se bebes deste vinho,
No que tange ser sozinho,
Outro verme se refez.


32010


Ao trazer este odioso
Caminhar por entre trevas
O que tanto ainda cevas
Pode ter o prazeroso
Desvendar de farto gozo
E se ainda em ti tu levas,
As certezas mais longevas
Teu sorriso é generoso,
Tetas fartas, leites tantos
E se ainda fossem santos,
Mas de demos são proventos,
Carcomida face exposta
Procurando por resposta
Já perdida pelos ventos...

32011

Sobre tais perversidades
Alimento o meu furor
E gerando este terror
Na medida em que degrades
Os caminhos, qualidades
Entre pedras e torpor,
Nada resta e o dissabor
Com horror bem sei que invades,
O meu verso se fez tanto
Quanto mais pudesse ser
E medonho posso ver
O que ainda teimo e canto
Resistindo o quanto pude
Mato agora a juventude...

32012

Miseráveis arvoredos
Onde as frondes apodrecem
E se tanto se merecem
Não renegam os enredos,
Entre cismas, mesclo medos
E os demônios que se tecem
Novos ritos obedecem,
Mergulhando em tais torpedos,
Arco sempre com engodos
E se tanto adentro em lodos
Charqueadas reconheço,
Tendo em mim o desengano,
O meu verso dita o dano,
Cada farsa outro tropeço.

32013

Os meus dias ditam pestes
E restando muito ou tanto
Nada posso nem espanto
Revestindo o que destes
Explorando inda viestes
Mergulhar em falso santo
Resumindo o desencanto
No que ainda sei agrestes
Esgotando cada passo
Noutro tanto que desfaço
Mal disfarço o desespero,
Risco o nome de quem fora
Sendo a vida traidora,
O que faço em torpe esmero.

32014

Bebo a espuma em cada espasmo
E refaço os dissabores
Adentrando aonde em flores
Não pudesse, pois sarcasmo,
E se ainda vivo pasmo
Ânsias ditam despudores,
Olhos torpes sonhadores,
Só resumem tal marasmo.
Esquecido pelo tempo
Onde houvera contratempo
Lassos dias, laços frágeis
Mas os dedos não se podam,
Nem tampouco mais açodam
Dias lânguidos nem ágeis.

32015

São eternos tais enigmas
E se ainda emplastos trago
O que tanto dita estrago
Não resolvem paradigmas,
Demoníaco sentir
Entre as brumas mais ferozes,
Dos etéreos torpes vozes
Sobrepondo algum porvir,
Resistir já não pudera
Se tamanha estranha luz
Pouparia o que produz
Meramente dura fera,
Assistindo ao meu fastio,
Tão somente o vão recrio.


32016

Matricídios sonhos vis
No verniz que ainda cobres
E se tanto foram nobres
Os que a vida contradiz,
Na mortalha que te fiz,
Ondas frágeis tu recobres
E portanto não desdobres
Este olhar de meretriz,
Se deméritos transcendem
Ao que tanto não atendem
Os meus ermos mais fugazes,
São sacrílegos meus dias
Entre tantas heresias
Os sorrisos que me trazes...


32017

Onde ao menos a tutela
Desta imagem mais sutil,
Poderia se previu
O que tanto se revela,
Onde a vida fosse bela
Mas bem sei ser tanto vil,
O rosnar da fera ouviu
A palavra que ora sela
A verdade mais atroz
E deveras sendo algoz
De quem nada poderia,
Lutos tece quem sonhara
E semeia em tal seara
Esta imagem morta e fria.


32018

Um bastardo bebe a luz
E teimando contra a sorte
Desafia a própria morte
Bebe cada esgoto e pus,
Onde o tempo em contraluz
Nega sempre este suporte
E se ainda não é forte
Cada passo eu não compus
A peçonha mais voraz
Que a verdade não mais traz
Dás assim tua versão
E se o quadro decomposto
Mostra sempre o mesmo rosto
Noutros tantos se verão.

32019

Bebes desta poluída
Água exposta em cada esgoto,
E o meu sonho boquirroto
Não traduz a minha vida,
Do portal tento a saída
E se ainda sigo roto,
Poderia estar no coto
Desta senda já perdida,
Levo em mim a fria chaga
Que a verdade quando alaga
Mostra a sorte em podre sina
Se eu reluto enquanto tento
Na verdade sigo atento,
Mas a mão segue assassina...


32020

Cada resto da ambrosia
Apodrece todo o prato
E se ainda me maltrato
Noutro tanto se recria
A verdade desafia
E o desejo em que retrato
Vai mudando cada fato
E a mortalha se tecia,
Visto a podre face exposta
E decerto decomposta
Do que um dia quis ser messe,
Noutro tanto poderei
Caminhar em torpe grei
Onde o sonho se obedece...

32021

Não me deixe triste assim
Caminheiro do vazio
Quando o tempo desafio
Destruindo o meu jardim,
Busco tanto dentro em mim
E se tanto não desfio,
Cada dia que recrio
Noutro dia chega ao fim,
Sendo atroz este andarilho
Noutro tanto quando trilho
Não encontro solução
O meu verso segue atroz
E ninguém ouvindo a voz,
Outros sonhos não virão...

32022

Fale que gosta de mim,
Mesmo sendo em falsa luz
Ao que tanto já me opus
Nada vejo, e sigo enfim,
Procurando de onde vim
Qualquer rastro se me pus
No caminho feito em cruz,
Da esperança um estopim
Sonegando esta explosão
Outro tempo em negação
Um tormento mais cruel,
Bebo a ausência do querer
E se tanto posso crer,
Não vislumbro claro céu...

32023

Ajude meu coração
A vencer com destemores
E se ainda queres cores
Mudes logo esta estação
Neste inverno não terão
Nem sequer belezas flores
E se tanto ainda fores
Noutra senda ou direção
Não serei mais venturoso
E se busco farto gozo
Glosa a vida num instante
Onde a sorte poderia
Novamente ter um dia
Nada sou; decepcionante.

32024

Me mande essa novidade,
No correio da ilusão
Onde as ondas mostrarão
Noutro tanto quanto invade
Cada praia em liberdade
Encontrando a solução
Novos dias de verão
E decerto a claridade,
Ansioso busco o porto
E se tanto sonho morto
Nada resta senão isto
O vazio que me deste
Sendo o solo tão agreste,
Mas deveras eu insisto.

32025

Não me deixe morrer não,
Já cansado desta luta
A minha alma não reluta
Não se entrega à solidão
E procura a diversão
Onde a força se faz bruta,
Não pretendo tal permuta
Sendo teu meu coração,
Dos instantes mais doridos
Os momentos preferidos
Os que eu tenho e sei de ti
Mergulhando nesta sorte,
Tendo sempre quem conforte
Toda a glória eu conheci.


32026

Meu amor, por caridade,
Não me deixe mais sozinho
Se em teu rumo já me aninho
Quanto amor é de verdade
A saudade que ora invade
Perfazendo o velho ninho,
Açoitando de mansinho
Tanto amor sem liberdade,
Nada resta deste que
Ao saber e não te vê
Bebe as sendas mais doridas
Sem viver cada momento
Nesta ausência me atormento
Tais estradas já perdidas...

32027

Não sabes que és tão ruim
Ao negar ao navegante
Pelo menos um instante
Onde possa ter enfim
Toda a glória, e sendo assim
O meu canto é degradante
A minha alma torturante
Minha história chega ao fim.
Se eu pudesse pelo menos
Entre sonhos mais serenos
Encontrar a paz que busco,
Mas o mundo se transforma
Dos terrores toma a forma
E o meu passo agora é brusco.


32028

Que se abate sobre mim,
O terror do nada ser
E se tenho algum querer
Esperança um vão chupim
Vou perdendo tudo enfim
E não posso mais prazer
Tanta coisa pra viver
Mas tão seco este jardim,
Das verbenas, lírios, rosas
Noites claras majestosas,
Dias belos, primavera...
O que tanto procurava
A saudade audaz e brava
Sonegando cada espera...


32029

Culpada pela desgraça,
De quem tanto te quis bem,
Quanta dor o amor contém,
Vida chega e amarga traça
O caminho em que se passa
Reconheço e sei também
Onde nada existe e tem
Tão somente esta fumaça
O passado tolhe o sonho
E se ainda sou risonho,
Farsa apenas, nada mais,
Onde quis felicidade
Cada passo desagrade
Entre fúrias desiguais.

32030

Sem saber, és assassina,
Pois mataste esta ilusão
E sem ter embarcação
A viagem me alucina
O cenário determina
O terror, degradação
E na ausência de verão
Triste inverno me domina,
Resta apenas a semente
De um amor que tanto quis,
Semeando outro matiz
Neste céu sempre nublado,
Outro dia se apresente
Quem me dera iluminado.

32031

Sobre as ondas mesmo turbulentas
Trazendo o meu saveiro em tais borrascas
E quando em truculência tento lascas
Ainda quando em luto me apresentas
Negando as orações em que atormentas
Vencendo os dias claros, as nevascas
E delas os temores inda mascas
Com máscaras dispersas aparentas
E sei ser mesmo assim inglória mente
Na qual e pela qual já se desmente
O mundo noutro tanto diz do grão
Ardente temporada em luz sombria
Amena quando pode a poesia
Mudando vez em quando a direção.

32032

Ao me jogar contra o vento
Aparento placidez
E se tanto se desfez
O que ainda te apresento
Na verdade o meu intento
Noutra inglória insensatez
Muito embora já não vês
Se é diverso o meu provento
Novo canto nova mente
Por demais que ainda tente
Nossa luz já não verás,
Bebo a fonte e me sacio
E se ainda vejo o rio,
Nele morro sempre audaz.


32033

Vou buscando a minha cruz
Muito embora até prefira
Que deveras minha mira
Seja feita em plena luz,
Mas conforme tanto obus
Na verdade já se atira
E o Deus morto agora gira
E o vivente não seduz,
Eu prefiro ter nas mãos
O que tanto quis irmãos
E sabia perdoar,
Mas a coroa espinhenta
Num Ibope mais sustenta
Que a verdade a libertar.

32034

Com as nuvens se converso
Sei que tanto posso ser
Um lunático que ao ver
Outra cena do universo
Continua mais disperso
E propenso a ter prazer,
Como é duro envelhecer
Se no eterno sigo imerso.
Venço o medo e vejo o céu
Neste imenso carrossel
Num barquinho em correnteza
De papel ou de ilusão,
Do que a torpe embarcação
Pela qual na qual sou presa...

32035


Ao cantar vejo o Calvário
Como fosse um mero fardo,
Não me importa qualquer cardo
Quando assim é necessário
Deste povo temerário
O terror matando o bardo
E se ainda agora eu ardo
Não pressinto algum erário.
Sou apenas um poeta
E se tanto poderia
Não mergulho na vazia
Sensação sempre incompleta
Da paixão, pois o Cordeiro
Vivo está e é verdadeiro.

32036

Peregrinos procurando
Nos rosários, procissões
Encontrar as soluções
De problema mais nefando
Quando vejo o triste bando
Vindo de outras direções
Eu percebo explorações
E Jesus se maltratando.
Quando amor é redenção
E deveras o perdão
Sobressai sobre o milagre,
Tanta dura hipocrisia
Vendilhões do dia a dia
Lançam Cristo pro vinagre...

32037

O Jesus que é passarinho
E deveras canta belo,
Tendo sempre este castelo
Muito embora pobrezinho,
Quando se fez pão e vinho
Não sabia o que revelo
E se tanto amor eu selo,
Neste encanto eu me avizinho
Jogo fora este sudário,
Eu arranco este fadário
E Te beijo, meu irmão,
Tanto amor que vi em Ti
Bem diverso do que ouvi
Nesta missa num sermão.

32038

Eu não temo Jesus Cristo,
Nem tampouco a Jeová
Todo o sol que brilhará
A razão na qual existo
Na verdade sempre insisto
Seja aqui seja acolá
Deste amor que tomará
Todo o ser, nisto persisto,
A mortalha apodrecida,
A senzala destruída,
Liberdade não mais vê,
E por isso meu amor
Tem em Ti o redentor,
Traz à vida o seu por que.

32039

Com total tranqüilidade
A feição sempre serena
Toda a sorte já se acena
Neste amor que tanto agrade,
E semeias liberdade,
Nesta terra amarga e plena,
Toda a fúria se condena
No calor em claridade.
Mas diversas ilusões
Entre tantas emoções
Preferindo-te na cruz.
Não me iludo com tal fato,
Se em verdade eu Te retrato
Bem mais nítido na luz.

32040

Alegria dita o rumo
De quem ama este Cordeiro,
Um amor mais verdadeiro
Entregando até seu sumo,
Na verdade toma o prumo
E se mostra corriqueiro,
Quando vejo e assim me inteiro
Neste fogo eu me consumo.
Mas a cena dolorida
Espinheiros, cruz e pregos...
São cantigas para os cegos
Que não vendo a própria vida
Deste amor que nos redime,
Querem ver bem mais o crime.


32041

Por que tal ferocidade
Demonstrando o duro olhar
Quando eu aprendia amar
Para ter felicidade?
No terror que nos invade
Punição a maltratar
Onde outrora quis altar
Exaltar quem desagrade?
Pai medonho com açoite
E temendo toda noite
Um terrível caricato,
Quando amor diz alegria
Na verdade não porfia,
Nem traduz um insano ato.

32042

Pão e vinho, amor, perdão,
São constantes para quem
Sabe quanto a paz convém
E contém mais que o sermão,
E se tenho adoração
Por quem sei, conheço bem,
E se vejo assim também
Outro amor em solução,
Da vergasta, do chicote
A feição deste coiote
Tanto assusta quanto pune,
Eu só peço, meu Senhor
Que este monstro, em tal pavor
Não escape então impune.

32043

Quando as cinzas da emoção
Encontrarem seu alento
E também raro provento
Nas estâncias da paixão,
Eu encontro a direção
E seguindo assim o vento
Vai liberto o pensamento
Muito além da punição.
Glória ao pai que tanto quero
E se canto e sou sincero
Nada temo, pois em Ti
Percebendo o meu caminho,
Enfrentando cada espinho,
Neste amor que preferi.

32044

Já não quero a hipocrisia
Das igrejas mais sacanas
Em facetas desumanas
O demônio ali se cria,
E se tanto poderia
Crer nas luzes soberanas
Já não quero se me enganas
Vá pro inferno, esta agonia.
O meu Pai é meu amigo
E se é nele o meu abrigo,
Não quero interlocutor,
Aprendendo desde cedo
Que deveras o segredo
Tem feições claras de amor.


32045


Quando os passos sobre passos
Entre rastros que deixaste
Se mostrando com contraste
Ocupando vis espaços,
Eu mergulhos nos teus traços
E deveras caminhaste
Com amor e sendo uma haste
Não suporto mais devassos,
Vendilhões que alugam cruz
E se adonam de Jesus
Como fosse algum brinquedo,
Sortilégio da matilha
Que deveras na partilha
Cobram caro pelo medo.


32046

Clamando enfim pelo amor
Que foi dado sem cobrança
Ao vencer podre aliança
Com ternura e não terror,
Vejo assim em ti o andor,
E deveras nossa herança
Ao futuro já se lança
Trama sempre o redentor,
Mas valor? Não acredito
Que um Deus Pai raro e bonito
Seja disto locatário,
Senhorio dos infernos?
Onde amores foram ternos,
Mais amor é necessário.

32047


Quando posso acreditar
Na beleza feminina
Onde olhar já se destina
Com vontade de tocar
E deveras me alucina
A certeza de te amar,
Mas o quanto pude achar
Nos teus olhos, cristalina
Fonte aonde me inspirasse
Sem saber qualquer impasse
Neste tanto a me perder,
Encontrando finalmente
O que tanto se apresente
Com as messes do prazer...

32048

Já não vejo a idolatria
Como outrora percebera
A boneca se é de cera
Não traduz o que seria
Respeito a fotografia
E deveras concebera
Tudo quanto recebera
Noutra cena, novo dia,
Meu contato é mais direto
E por isso mais completo
Sem ter atravessadores,
Falo a Ti e não duvido
Sendo ou não sempre atendido
São só teus os meus amores.

32049

Bebo assim desta aguardente
Que seduz e me inebria
Amo a tua eucaristia
Amo a vida que se sente
Neste olhar tão complacente
E deveras na alegria
Sem pensar numa heresia
Sou amigo e estou contente.
Mas não quero esta vergasta
Minha dor somente basta,
Eu preciso acreditar
Em quem possa além de justo
Perceber perdão, mas custo
No chicote a abençoar.

32050

Não me verás de joelho
Não precisa tanta cena,
A minha alma se serena
Quando vê nos meu espelho
Este olhar triste e vermelho
E se tanto amor acena
A verdade diz do engelho
Onde em evangelhos creio
E sem ter mero receio
Quero além, poder te amar.
Meu irmão, meu pai que é Cristo
Se em teu nome sempre insisto,
O universo é teu altar.

Nenhum comentário: