terça-feira, 4 de maio de 2010

31815 até 31820

31816

Quem sabe, com o tempo, venha o prumo
Que possa permitir algum momento
De paz aonde tanto me atormento,
Ou mesmo às intempéries me acostumo.
Não vejo outra saída, tal o grumo
Que unindo nossas vidas, mesmo vento
Pudesse ainda ter pressentimento
De um novo amanhecer com outro sumo.
Reside esta certeza aonde outrora
A própria insanidade não decora
O rumo aonde pude acreditar
Possível disparate de quem sonha,
Mas quando a face exposta é mais risonha,
Percebo ser aí o meu lugar...

31817


Vagando entre as estrelas, nada tem
Quem tanto procurou ancoradouro
E se diversas vezes eu me estouro
No quarto de dormir, vejo ninguém
Acostumado mesmo a tal desdém
Amor já desde o tenro nascedouro
Morrendo de vagar, ledo tesouro,
E nele apenas frio inda contém,
Contara mil estrelas, mas o céu
Em nuvens tão espessas se perdeu,
O quanto deste nada se fez breu
Mal cumpre com ternura o seu papel,
Percorro a mesma estrada e vez em quando
O quadro que imagino, descorando...


31818

Na busca do infinito, vai sem rumo
Quem tanto vangloria de saber
O quanto se domina o bem querer
E tanto quanto posso, já me esfumo,
Reduzo a dimensão e me acostumo
Aos mais diversos tons do desprazer,
E pude mesmo até decerto ver
Do vale mais profundo o frágil prumo.
Primando por tentar em poesia
Vivenciar aquilo que não trago,
Invento em pensamento algum afago,
Mas logo que a manhã já se anuncia
Eu vejo simplesmente que este sonho,
Não trouxe nem sinal do que proponho.


31819

Perdendo-se sem ter além de enganos
O quanto poderia ser mais leve
Ao mesmo tempo ainda já se atreve
E molda com terror antigos panos
Escravizando uma alma, desumanos
Momentos onde a sorte já me leve,
Trazendo invés de sol, granizo e neve
Aumenta dia a dia velhos danos.
Ocasos entre ocasos, nada além
Do quanto ainda resta e não convém
Perigos são constantes e se eu busco
Apenas mera trégua ou mesmo a paz.
A sorte desairosa nunca traz
O tempo continua em lusco fusco...

31820


Minha alma segue errática e cigana
Vagando por estrelas, riscos, ritos,
E quando penetrando em infinitos
Momentos muitas vezes já se ufana
Do quanto por si mesma ora se engana
E bebe dos temores, velhos mitos,
Os dias podem ser e são aflitos
Acossa-me o terror em voz humana.
Rendido aos meus anseios, nada faço
Senão ao repetir o mesmo traço
Imagem caricata de um poeta.
Vencido pela angústia e pelo medo,
Se vez em quando um sonho até concedo,
Minha alam na tempesta se completa...

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