terça-feira, 4 de maio de 2010

31821 até 31830

31821

Eu juro meu amor, até tentei
Vencer os meus anseios mais atrozes
E sendo quase inúteis minhas vozes
No pantanal imenso mergulhei
E sendo da esperança o que bem sei
Os dias são terríveis, vãos algozes
E quanto mais expondo assim ferozes
Momentos onde tanto procurei
Ao menos discernir qualquer carinho,
Persisto a caminhada e vou sozinho
Buscando cada vez onde eu retrato
A imensa sordidez porquanto eu possa
Viver além da imensa e turva fossa
Rezando com a morte este contrato.

31822

Que eu faço se na lua eu vejo os sonhos
Perdidos desde quando eu me entregara
E sendo esta faceta bem mais clara,
Os dias não seriam mais risonhos.
Resisto aos desenganos e tristonhos
Caminhos onde a sorte desampara
Gerando a cada ausência nova escara
Tacanhas faces turvas em medonhos
Desníveis aprofundam tal cratera
E nela muito aquém do que se espera,
O fardo de viver se anunciando.
O vandalismo exposto dia a dia,
Transcende ao que fora uma heresia
Mortalha se mostrara em tom nefando.

31823

Meus erros são enormes, mas insisto
E tento perceber algum alento
Embora no vazio outro tormento,
Jamais imaginara e nem desisto,
O quanto de algum sonho fiz benquisto
E tanto quanto posso me atormento,
Mas vago pelos ermos de um momento
E quando vejo o fim até despisto.
Resulto do que ainda poderia
Ser mais do que esta noite em fantasia
Não fosse esta mortalha em que vê
Retrato de uma vida mais atroz,
E sendo impossível qualquer voz,
A vida continua sem por que.

31824

Tu sabes dos meus vícios e pecados,
E mesmo assim prossegues junto a mim,
O quanto do desejo chega ao fim,
Momentos dolorosos, desbotados,
E tanto se conhecem os enfados
E neles tu cevaste o teu jardim
De um perfumado sonho de jasmim,
Apenas são risíveis torpes prados,
E quando desvendaste tais segredos,
Os dias que em verdade foram ledos
Jamais renascerão em doce aroma,
Dos aprazíveis sonhos, nem sinal,
O fardo se carrega em usual
Desejo que a verdade nunca soma.

31825

Meu rumo nos teus passos se perdeu
E sendo assim a vida não podia
Trazer qualquer delírio em alegria
Se tanto quanto posso diz do breu,
E tudo o que pensara ainda meu
A poda do viver já não traria
Senão a mesma face em ironia,
Matando qualquer sonho em apogeu.
Legado de uma vida inconsistente
Ainda que outro encanto a gente tente
Mortalha se tecendo com os nãos,
E os beijos prometidos? Simples sonho,
E tudo o que ainda posso ou mais proponho
Deveras araria agrestes chãos...




31826

Não tema o amanhecer, pois sou só teu,
E assim a vida traça o amanhecer
E nele com certeza posso ver
O quanto deste instante converteu
Em plena claridade o antigo breu
No amor que ao atingir seu apogeu
Expressa muito além de algum prazer
A própria intensidade de um viver
Que a liberdade agora conheceu.
Surgindo com a força da alvorada
A sorte noutra sorte já traçada
Impede que se vejam temporais
Por mais ainda mesmo em tez brumosa
Seara se aproxima majestosa
Raiando sobre nós claros cristais...

31827

Do amor que nos transporta em calmo leito
Eu sei e reconheço sem fronteiras
As noites prazerosas, costumeiras
Fazendo da esperança divino pleito,
Não tendo mais temores quando deito
O amor que se mostrara em tais bandeiras
As horas do passado, traiçoeiras
Agora não traduzem o que aceito,
E sendo assim parceiros deste encanto,
No tanto que vivemos cada canto
Traduz felicidade e nada além,
Assim ao me saber completamente
Envolto neste todo se pressente
Imensa claridade que ora vem...


31828

Futuro bem melhor pra nós prevejo
Sabendo deste tanto que sou teu,
Meu mundo no teu mundo se verteu
Unindo num só fato este desejo
E quando a cada instante mais almejo
A sorte que deveras percebeu
Quem tanto conhecera e se prendeu
Na dura turbulência de um ensejo
Aonde a dor domara a consciência
E agora com doçura e com clemência
Adentra novos rumos e é feliz.
Cevando assim a sorte que se colhe,
O amor rara colheita, nos escolhe
E traça tudo aquilo que eu mais quis...


31829

Na mansidão discreta de meu peito,
Mineiramente tento algum sorriso,
E sei do quanto o sonho é tão preciso
E dele faço assim o meu direito,
Vivendo nosso amor, agora aceito
A senda que me leve ao Paraíso
Porquanto neste encanto perco o siso
E cismo sem temor e satisfeito
Restando ao sonhador a mera entrega.
Uma alma que deveras fora cega
Agora se encantando com tal fato,
Adentra os mais sublimes caminhares
E tendo nos teus braços meus altares,
No amor que tanto amor traz, me retrato.

31830


O gosto da maçã e do desejo,
Sabores variados, mas delícias
Os corpos envolvidos por carícias
E a cada novo instante mais prevejo
O tempo aonde a vida num lampejo
Trouxera do futuro tais notícias
E as noites entre corpos e malícias
Num fogaréu intenso, assim me vejo.
Desnudos corpos bebem desta fonte,
E quando amanhecer ao longe aponte,
O sol se enamorando vem inteiro,
E assim no dia a dia nós bebemos
Do encanto que deveras percebemos
No amor além de tudo, verdadeiro...

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