CERCANIAS
Sobram montes e rios, cercanias...
A febre não mais passa, está teimosa.
As mãos que me acarinham mordem frias
Espinhos sobressaem nesta rosa
Que fora cultivada em alegrias
Agora se mostrando pavorosa
Destroça quem trouxera as fantasias.
Num último veneno, boca e beijo,
No derradeiro aceno, chuva e fome.
Pirilampicamente no lampejo
Mal logo tu ressurges, foge e some.
No nada além refém do que não vejo
Somente um vaso aberto já se assome
E sangra na cruel hemorragia
O coração repleto em agonia...
MARCOS LOURES
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