À REVELIA
Estupidando o dia que se emana
Das trevas sem saber de algum futuro,
Adentro o quanto resta e mesmo escuro,
A face se moldara em farsa insana,
Necessitando apenas do que engana
O mundo mais diverso eu configuro,
E sei do meu caminho, salto o muro,
Nesta aridez que tanto nos profana,
Por vezes sou somente um mentecapto,
Em outras; vãos sinais enfim eu capto,
Mas sei que nada disso salvaria
O torpe caminhar quase senil
Prevendo o quanto a vida permitiu
Vivendo quase sempre à revelia.
Marcos Loures
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