quarta-feira, 29 de junho de 2011

01

O mundo não trouxera uma resposta
E sem saber o quanto eu poderia
Viver em tal momento esta harmonia
Que tanto se queria recomposta,

Após a ventania e esta proposta
Gerando noutro tom a sincronia
Moldasse com certeza novo dia,
Enquanto a solidão vai, decomposta.

No fundo o que se visse não moldara
Sequer o mais sublime da seara
Vagando sem descanso, sempre ao léu,

E o rumo se presume noutro instante
E nada do que possa ser constante
Representando em paz o seu papel.

2


Aguardo calmamente alguma luz
Que possa nos sanar e nos trazer
Além do bom alívio este prazer
Semente que esperança reproduz.

O pálido cenário onde me pus,
A vida sem pensar no bem querer,
E o quanto possa mesmo enternecer
Deixando para trás fuzil e obus.

Acentuando o passo rumo ao quanto
Resista em nossos dias e garanto
Procure tão somente algum descanso.

O vértice dos sonhos atingido,
O prazo noutro tempo resumido,
E o sol que nos incita enquanto avanço.


3

Chicotes a lanhar cada momento
Da vida que se fez ingloriamente,
O verso poderia num repente
Trazer o que deveras mesmo tento,

Olhando para trás o quanto invento,
Expressa a solução e se desmente,
No todo num momento já se ausente
O sonho mais feliz e mais atento.

Resumo em pouco tempo a eternidade
E sei do quanto possa e se degrade
No mesmo ritmo feito em tal vazio,

O vento me tocando com firmeza,
Das velhas tempestades, mera presa,
Tentando a sobrevida, desafio...


4

Na luz dos meus amores qualquer facho
Trouxesse esta esperança que me açoda,
E sei do caminhar em plena roda,
Enquanto outro momento eu não mais acho.

O olhar que me punisse sendo escracho,
A luta com certeza me incomoda,
Mas sinto o desenhar que me acomoda,
E não seria mais qualquer capacho,
Vestígios de uma vida sem sentido,
O tempo noutro tanto quando olvido
Jamais se brotaria impunemente,

Meu canto noutro verso resumindo
O pouco que inda tenho me impedindo
Do sonho quando o mesmo se apresente.

5

Falar do grande amor que não viera
Beirando enorme abismo, a queda é certa,
Quando esperança aos poucos nos deserta,
A sorte se anuncia dura e fera,

O prazo determina a curta espera,
E o tempo se presume em rude alerta
Deixando esta vontade descoberta,
Na luta que se fez atroz e austera.

Já nada mais pudesse e mesmo assim,
Vivendo tão somente o medo e o fim,
Jamais me imaginasse mais feliz.

Partir e renegar cada passada
Deixando para trás a rude estrada,
Chegando finalmente aonde eu quis.


6

Num tempo onde viver já parecia
Mais fácil e mais tranquilo, eu me perdi,
E quando percebendo vi em ti
A mesma dura face em agonia,

Ousasse acreditar no que não via,
E sei do mesmo anseio em frenesi,
A fonte dos desejos; concebi,
Na mesma dimensão da fantasia.

O prazo que se finda, o tempo esvai,
E a vida noutro tom tanto nos trai
Deixando todo o sonho amortecido,

O quanto poderia e nunca veio,
O passo sem sentido e mesmo alheio,
O tempo sem certezas, consumido.

7

Já não coubera mais qualquer escusa
A fúria não se doma num instante,
No tanto que se fez mais delirante
A sorte se prepara em vã recusa,

E o tempo noutro rumo tanto abusa
Do sonho mesmo quando é inconstante
E o pouco que se quer; não me adiante,
Deixando a minha história mais confusa.

Reparo os meus tormentos contumazes
E sei que no final já sem meus ases
O jogo se perdera há tanto em nós,

Infernizando enfim o dia a dia,
Pulsando dentro da alma a poesia,
O mundo transmudasse logo após.

8

As tantas ilusões que me trouxeste,
Os ramos entrelaçam sonhos, céus,
E os olhos procurando claros véus
Percebem o que possa ser celeste,

O mundo noutro tom já compuseste
E sei do quanto valem teus incréus
Caminhos sem sentidos, rudes léus,
Ilhéus de uma esperança que não deste.

Vestígios do que possa ser além
Do quanto na verdade não convém
A quem se fez espúrio camarada,

No tom sem mais acerto, uma canção,
Encontra no meu dia a indecisão
Há tanto e noutro tom, elaborada.

9

Repare cada curva e veja bem
As tramas se repetem vez em quando,
O mundo noutro instante capotando,
A luta tantas vezes nada tem,

Senão puder seguir revendo quem
Ousasse acreditar noutro nefando
Cenário mais comum ou mesmo atando
O nada ao mesmo nada que não vem,

Reparo cada espaço e vejo o fim,
Tramando com certeza o que há em mim,
Num único momento em ironia,

Meu verso não teria outra razão,
A mesma sorte dita indecisão
Enquanto o meu tormento se veria.

10

Um ultimato; escuto e nada faço.
O término do sonho em derrocada
Expressa a mesma face destroçada
De quem se perderia a cada traço,

Num átimo o que possa em rude espaço
Vagando sobre a longa e velha estrada
Garante tão somente o mesmo nada
E sei do meu anseio agora escasso.

Resumo no final o quanto quis
E sei que na verdade o ser feliz
Já não pertence mais ao sonhador,

Ausenta dos meus olhos a esperança
E o tempo noutro tom agora avança
Deixando para trás qualquer amor.

11

Não quero acreditar que possa haver
Cenários tão diversos entre nós
Que todo este momento fosse atroz
Ou mesmo nos trouxesse algum prazer,

Alcanço o quanto pude perceber
Nas tramas deste encanto cuja foz
Expresse a solidão, temido algoz,
E dita o quanto pude te querer.

Não sei se isto é normal, mas mesmo assim,
Insisto contra tudo o que vier
O bem se avalizando quando quer

O mundo caberia em meu jardim,
Mas tanto quanto pude noutro verso,
Somente sem destino em vão disperso.

12

Nas minhas mais diversas desventuras
O quanto me coubera não seria
Sequer o que pudesse em alegria
Ou mesmo após as rudes amarguras,

E quando dentro da alma tu procuras
A trama que pudesse e me traria
A sorte com diversa serventia
Ousando acreditar em falsas curas,

O polimorfo sonho se escusara
Das vastas amplidões de uma seara
Aonde o pensamento é mais constante.

Meu prazo determina o fim de tudo
E sei do quanto em vão me desiludo
E o fim a cada passo se adiante.

13

Não mais acreditasse no que há tanto
Esperaria a vida noutra face,
Mas quando a solidão me vislumbrasse
Gerando o que pudera e nem me espanto,

O mundo sem sentido agora canto,
E vendo estupidez a cada impasse,
O verso se traduz em desenlace
Marcando o que pudera em desencanto.

Não quero acreditar nos meus enredos
Tampouco espalharia teus segredos,
Momentos tão diversos de nós dois,

O quanto da sangria se apresenta
A vida tantas vezes violenta
Enfrenta o que inda venha no depois.


13

Reparo cada prazo e vejo bem
O medo que se torna mais constante
O manto se refaz e doravante
No sonho tão somente este desdém.

Um passageiro espúrio perde o trem
E nada mais contenha o que se encante
Com toda a solidão na velha estante
Que na verdade apenas mofo tem,

O vento na janela, o temporal,
A farsa se repete, sempre igual
E o verso sem sentido e sem proveito.

No fundo de minha alma é sempre assim,
Anunciando agora o que há no fim,
A queda inevitável; ora aceito.

14

A moça que atendera ao telefone
Com voz de quem não quer ouvir mais nada,
Já tanto noutro tempo, respaldada,
Depois de várias noites, quase insone,

Ainda que pudesse, não revela,
Sequer o quanto tenha dentro da alma,
E quando aparentasse qualquer calma,
Moldura não concebe a rude tela,

Marcantes ilusões a vida rege
E o pranto que se rola não traduz,
A fúria que transcende à própria luz
E o passo se demonstra quase herege.

Meu verso se embutindo no passado,
Agora nega o sonho deslumbrado.

15

Bebendo a solidão a cada engano,
A luta não se faz tão evidente
E quando no final o tempo sente
O medo sem o qual decerto dano,

Meu mundo se moldara desumano
Temáticas diversas, previdente,
O todo noutro tom já se apresente
E sigo cada farsa onde me explano.

Ousasse acreditar no que não veio,
Jogado pelos cantos, num anseio,
Diversidades tantas neste amor,

Que possa me trazer felizes dias
E quando no final nada trarias
Apenas o que possa nos compor.

16

Ainda quando fosse mais feliz
Vivendo noutro canto destoado,
O verso se mostrara num passado
Diverso do que tanto um dia o fiz,

O gesto consumindo a cicatriz
Atormentando o todo e neste fado
O canto tantas vezes desenhado
No passo sem certeza, este infeliz.

Gerasse pelo menos um momento
Por onde o que se faz não traz alento
Tampouco dita o quanto desejei,

Não quero ser apenas mais um sonho
Jogado neste abismo tão medonho,
Enquanto fiz do medo a minha grei.

17

Um ato mais atroz e mais ausente
Dos tantos que cometo vida afora,
No cântico o sabor que nos ancora
E o mundo que se traz e a vida enfrente.

Oráculo traduza simplesmente
O mesmo caminhar que nos devora
E bebo da expressão que se assenhora
Dos dias onde o caos seja frequente.

Miraculosamente o mundo espaça
A luta tantas vezes noutra praça
E a velha barricada não presume

Sequer o quanto possa num instante
Sabendo o que este dia nos garante
Trazendo da esperança algum perfume.


18

Num último momento poderia
Viver com mais sabor o que não veio,
E quando no final tanto receio
Expressa a mais cruel alegoria,

O manto desvendando a noite fria,
Sobeja sensação quando em alheio
Cenário cada passo ora rateio
Vagando na explosão desta agonia.

Sejamos na verdade burocratas,
E quando a realidade tu maltratas
Encontras simplesmente outra faceta,

Ainda quando o mundo comprometa,
A noite se expressasse sem luar
E o tempo se perdera a divagar...

19

Não quero qualquer face mais atroz
De quem se fez constante ou mesmo rude,
Vivendo sem saber do quanto pude
Conter esta esperança dentro em nós.

Meu verso sem sentido, mesmo após,
Singrar qualquer diversa latitude
Vagando sem saber do que me ilude,
Esperaria apenas estas mós.

E assim sem mais defesas, sigo aquém,
Do quanto na verdade sempre vem
E traça com terror a fantasia,

O amor que se pudesse e sempre cismo
Gerasse dentro da alma o fanatismo
E o tempo noutro tom se mostraria.


20

Jamais encontrarás a paz, garanto.
O tempo foi capaz de destruir
O pouco que pudesse no porvir
Gerando sem saber somente o pranto,

O caos se molda em pleno desencanto,
O templo que tentasse compartir,
O mundo sem saber do que há de vir,
A solidão expressa o rude canto.

Anexando o caminho ao que afluísse
Depois de tantos anos, tal mesmice,
Reflete esta harmonia duvidosa,

Se teu jardim não tem nenhum espinho,
O quanto vejo aqui e além me alinho,
Não deixa que se veja qualquer rosa.

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