terça-feira, 28 de junho de 2011

91

Não quero que se faça do passado
Apenas referência e nada mais,
O dia que em verdade demonstrais
Expressa solidão e dela evado,
No fundo se presume este ansiado
Momento entre diversos vendavais
E nada que pudesse em tão venais
Anseios noutro fardo degradado,
Respondo ao que se fez em tempestade
E sei do quanto custa a liberdade
De quem se tenta além do meramente,
A luta discernindo rumo e sorte
Pudera traduzir o que comporte
E nisto novo encanto se apresente.


92

O meu canto poderia
Traduzir felicidade,
Noutro tom o dia a dia
Com certeza se degrade,

O meu verso em agonia
Procurando a claridade,
No final não mais traria
Nem sequer a liberdade,

Vou vencido pelo fardo
Envergando cada passo
E se possa me desfaço

No que tanto ora retardo,
E se veja no cansaço,
O caminho enquanto aguardo.

93

Bastaria algum momento
E deveras pude crer
No que tanto quero e tento
Sem sentir e sem saber

O que possa em sentimento
Eclodir em novo ser,
A vontade em desalento
O caminho a se perder,

Jamais vejo após a queda
O que tanto pude e sinto
Na verdade o que se enreda

Explodisse enquanto extinto
Caminhando a vida seda
Realçando cada instinto.

94

Bravamente vi teus passos
Entre tantos pela vida
E seguindo nestes laços
A esperança adormecida

Recupera após os lassos
Desvendares onde agrida
A emoção de velhos traços
Noutra sorte a ser cumprida,

Ouso até acreditar
No que possa com certeza
A beleza do luar
Desvendando a natureza
E se pude viajar,
Não queria outra surpresa.


95

No meu tempo sem tormento
Sem temor e sem fastio,
Quando em ti eu me alimento
Noutro tom eu desafio,
A verdade em pensamento
Ou talvez o desvario,
Porém sei do que ora aguento
Muito além do tom sombrio,
Neste encanto sem igual
A rainha sensual
Já desnuda em minha cama,
Quando a lua adentra o quarto,
Todo o gozo que comparto
Expressasse o quanto clama.


96

Não mereço nova chance?
Nem que seja falso riso,
O meu mundo não avance
Se no teu não me matizo,
O caminho num nuance
Outro toque mais preciso,
O cenário agora alcance
Dos meus sonhos, Paraíso.
O versar sobre o que trago
O momento mais sutil,
Onde possa e sendo afago
O que a vida consentiu,
O desenho onde divago
Traz o quanto amor sentiu.

97

Quero além do mero passo
Noutro rumo sem saber
Do que tanto teimo e faço
Presumindo este prazer,
Que supere algum cansaço
E redima o bem querer,
Na verdade sendo escasso,
O meu sonho é te viver.
Ousaria para tal
Num momento mais sublime,
O cenário sensual
Que deveras nos redime
Deste anseio sem igual,
Onde amor não se reprime.

98

Após tantos erros sigo
E vestindo esta ilusão,
Quantas vezes fui amigo,
Noutras quase um teu irmão,
Mas agora não consigo,
Nestas tramas da emoção,
Minha amiga, estou contigo,
Nos enredos da paixão,
Brindo o sonho com teus lábios
E bebendo cada gota
Da palavra em ritos sábios
Mesmo quando a sorte é rota,
Na verdade tanto quero,
Farto amor, manso e sincero.

99

Ando sempre a procurar
Qualquer tom que me traduza
A verdade de te amar
Nesta sorte mais confusa,
A palavra a desvendar
Com certeza o tempo abusa
E o meu prazo a se traçar
Não permite alguma escusa.
Restaurando o dia a dia
Noutro rito sensual,
O meu canto poderia
Ter deveras sempre igual
A verdade em fantasia
Ou a paz consensual.

100

Nada mais do que me deste
Nem um pouco de esperança
A saudade torna agreste
O caminho aonde avança
O meu passo não reveste
O momento em confiança
E a incerteza que me empeste,
Nada pesa na balança
Resumindo cada fato
Noutro fato em ironia,
O que agora já constato
Na verdade não cabia
No que possa e se retrato
Vejo em ti a fantasia.

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