quinta-feira, 30 de junho de 2011

31

Meu canto se espalhasse além do quanto
Pudera imaginar ou mesmo até
Tentando acreditar e tendo fé
No mundo noutro instante que o garanto,
O verso se resume no que canto
Vestindo esta ilusão e por quem é
A sorte se fizera sem galé
Sem medo e sem temor, sem desencanto.
Mas quando me aproximo e vejo enfim
Apenas novamente algum engodo
E o prazo determina o imenso lodo
Que a vida em avidez cerziu em mim,
O sonho se expressara no vazio
E o tempo noutro ocaso, ora desfio...

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Não mais se imaginasse qualquer ato
E nem sendo diverso do que fora,
Esta alma tantas vezes sonhadora
Expressa o que deveras mal constato,
Bebendo a solidão, tanto maltrato,
Quem sabe noutra senda, a redentora,
Vestindo esta ilusão uma escritora,
Minha alma dita o quanto ora retrato.
Não sou senão lacaio dos seus passos,
E tendo no papel trazer os traços
Que elaborados foram pelo sonho,
Nas minhas agonias e sorrisos,
Os dias noutros erros mais concisos,
Eu sei que nada faço e nem componho.

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Não conseguindo mais conter os dedos
Em cima do teclado, são libertos,
E quando apresentassem meus desertos
Incertos caminhares tantos ledos,
Os dias refletindo desenredos,
Os olhos procurando sempre abertos,
Por mais que imaginassem mais despertos,
Os tempos trazem mesmo seus segredos.
Os cantos que inda ouvira ao ser criança
A luta sem saber aonde alcança
A rota já perdida no passado,
E o medo do que venha e nos devaste
A velha solidão, de um rude traste,
E o verso noutro tom elaborado.

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Apresentando sempre alguma forma
De relegar o quanto inda pudesse
À dimensão suave de uma prece,
Que o próprio caminhar tanto deforma,
Espero desvendar o que transforma
A luta noutro tom e não se esquece
Do rígido cenário que merece
Viver a solidão quando se informa,
Meu peso sobre o tempo e sobre o nada
A farsa que eu quisera desvendada,
A mansidão jamais se fez presente,
No quanto em tom diverso o verso avança
Pudesse reviver, mera lembrança,
O tanto que pudera e se apresente.

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Não mais a vida traz outro momento
E sei do que em verdade não se fez
O mundo numa torpe insensatez
E o beijo não servindo mais de alento,
E quando uma expressão em paz eu tento
O todo no vazio se desfez,
O rumo sem sentido ou lucidez,
E o peso pende quando aumenta o vento.
Nos íngremes caminhos desta senda,
A morte noutro passo se desvenda
Contendas tão sutis, desejo e queda,
Após o mergulhar neste cenário,
O corte tantas vezes temerário
Apenas no final a sorte veda.

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Um dia nos teus braços, poderia,
Viver o quanto amor nos ensinara,
Vestindo a lua imensa, bela e clara,
Trajando uma esperança de outro dia,
Sentindo o bafejar em harmonia
Deixando para trás qualquer amara
Vontade que em verdade desprepara
E o tempo noutra face mais sombria,
Teu corpo que desnudo mansamente,
Agora num instante se apresente
Na mágica expressão do amor maior,
E mesmo que isto seja uma ilusão,
Transcende ao que desejo em dimensão
No anseio que decerto eu sei de cor.

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Acolho nos meus braços cada instante
Que amor nos traduzisse em magnitude,
E nisto volto à minha juventude
E eternidade da alma se garante,
Não quero simplesmente o fascinante
Momento aonde o passo que me ilude
Transforme com certeza uma atitude
Grassando este cenário deslumbrante,
Nem mesmo poderia ser diverso
O tanto quanto quero, busco e verso,
No tempo mais feliz que eu não sabia
Do cálice este vinho mais suave,
Vencendo em mansidão qualquer entrave,
Erguendo o meu olhar em calmaria.

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Não cante o derradeiro adeus, pois vejo
Após a tempestade esta bonança,
E sei que tanta luta sempre cansa,
Mas sinto este pendor mais benfazejo,
E mesmo que, diverso, o tempo o almejo,
Sabendo quanto vale uma esperança
Mantendo os desenganos na lembrança,
Um novo dia é tudo o que desejo.
O canto se reflete dentro da alma
E a sorte não traria senão calma,
O mergulhar no imenso e belo mar,
Aonde tantas vezes quis bem mais
E sei do quanto possa e não te esvais
Resplandecendo sempre em meu olhar.


39

Mais um momento e a vida se refaz,
Eu sinto e na verdade o quanto possa
Traçar noutro segundo a sorte nossa
Vivenciando a glória feita em paz,
Os olhos no futuro a vida traz
O quanto o dia a dia nos endossa,
E bebo esta atitude que se apossa
Do sonho mesmo quando fora audaz,
Não quero teu afeto por querer,
Apenas o que possa no teu ser
Dizer do quanto importa estar aqui,
O rumo tantas vezes se perdendo,
O olhar da despedida mesmo horrendo,
Preserva o quanto é rude, mas vivi.

40

Não mais se apresentasse qualquer tom
De um mundo tão voraz e tão atroz,
A luta se fazendo dentro em nós,
O vento se espalhando, ledo som...
O quanto o grande amor seria bom,
A porta se abriria logo após
E o gesto confirmando a mansa voz
Mostrando ser amor mais do que dom.
Eu vejo nos teus olhos refletidos
Os olhos de quem busca a liberdade,
E nisto ao mergulhar em teus sentidos,
Encontro em consonância o meu querer,
Assim se traduzisse a liberdade
Do mundo noutro mundo a se verter.

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