81
Ainda quando vens em noite imensa
Trazer esta esperança a cada olhar,
O todo que pudera desvendar
No tanto que se quer mais cedo vença
As dores e temores de quem pensa
No todo quando pude imaginar
Vestígios de uma vida a se moldar,
Tentando na alegria a recompensa,
Gerasse outro momento aonde pude
Viver a minha dita em plenitude
Sem medo do que venha ou mesmo até,
Singrando este oceano sem temer
O quanto possa tanto me reter,
Variação enorme da maré.
82
Noctâmbulo fantoche na procura
De quem possa trazer algum alento
Enquanto na verdade o pensamento
Expressa além de toda esta amargura,
O verso na verdade me assegura
E traz o quanto possa em claro intento
Vestindo com brandura o pensamento,
Gerar ao fim de tudo uma candura,
Não sei se na verdade ocorrerá
O que desejo e sinto qual maná
Embora na verdade nada reste
Senão a mesma dor que inda carrego,
A vida se transforma e num nó cego,
O tanto que se quer, em vão reveste.
83
Não quero nem saber do medo quando
Mergulho nos anseios deste amor,
Que possa ser deveras redentor,
Ou mesmo noutro instante desabando,
A luta se produz propiciando
Um rumo com ternura e sem rancor
Restando dentro da alma o teu calor
E nisto o meu tormento se faz brando,
Restauro o mesmo quadro quando havia
Nos olhos do poeta a fantasia,
Que o tempo pouco a pouco dilacera,
A sorte se transforma num repente,
E todo este carinho que se sente,
Apaziguasse a vida, amarga fera.
84
Não quero acreditar no tão volúvel
Momento que se faz em tempestade,
Nem mesmo quando a vida se degrade
Gerando algum problema ora insolúvel,
Resplandecente luz neste horizonte
Programa a solução que tanto busco,
Ainda que se veja em lusco fusco
No fim a claridade nos aponte,
Em réstias o caminho se compõe
E vejo noutro fato a dimensão
Do amor que nos causasse a sensação
Na qual toda a alegria a luta expõe,
Repare cada anseio e veja bem
O quanto da emoção amor contém.
85
Nas tantas ironias desta vida,
A sorte mais audaz não pude ter,
E quando noutro tom a merecer
Paisagem que buscara, desprovida,
Ainda quando o passo ora divida
A tétrica vontade do saber
Negando cada dia o amanhecer
Gerando novamente outra ferida,
Ainda que se pense num momento
O quanto possa em nós e eu alimento
Com toda a glória feita na esperança
Buscasse pelo menos um instante
Saber do quanto o mundo me garante
E nisto o meu cenário em paz avança.
86
Inverna dentro da alma o dia a dia
Gerando em tantos erros outro além
E sei que na verdade o que contém
Expressa o quanto possa e não queria,
A luta se desenha e na agonia
O risco se demonstra e sigo aquém
Do quanto deveria e se também
O mundo noutra face moldaria,
Girando contra o todo noutro caos,
O passo derramando em dias maus
Os ermos de minha alma solitária,
Vestígios do que fora solução
Esparramados vejo pelo chão,
E sei desta loucura imensa e vária.
87
Não sei do meu momento mais feliz,
E sigo contra tudo o que pudesse
Marcando este cenário em rara messe,
Vivendo da maneira que mais quis,
O tempo se resulta em cicatriz
E nada mais ao todo se oferece
Senão este vazio que ora esquece
De um céu amargurado, duro e gris,
O peso de uma vida me envergando
O tanto que pudesse desde quando
O canto noutro espaço se perdesse,
Marcando o que virá sem precisão
Os dias com certeza moldarão
Bem mais do que em verdade eu merecesse.
88
Não quero acreditar no que perdi,
Um ermo caminheiro sem descanso
Apenas o vazio quando alcanço
Trazendo neste instante o que há em ti,
Cadenciando o quanto percebi
Nos ermos de um momento aonde avanço
Ou mesmo quando apenas sinto o ranço
Do amor que não soubera em frenesi.
Alhures emoções tão costumeiras
Apresentando espinhos sem roseiras
E a morte como fosse uma bandeira,
Não posso mais lutar, tanto cansaço,
E quando no final o rumo eu traço,
Minha alma da esperança, garimpeira.
89
Passando a minha vida, agora a limpo,
Tramasse qualquer sorte mais diversa,
Porém o tanto quanto desconversa
Expressa a turbulência de um garimpo.
E sei do descaminho aonde adentro
E vago na dispersa consciência
E possa parecer clarividência
Enquanto no não ser eu me concentro.
Arrebentando portas e janelas
Ainda sem saber o que me trazes
A vida se presume em tantas fases
E nelas o que fazes; já revelas.
E embora tantas vezes nos machuque
Ao tolo parecesse mero truque.
90
Nas tantas ilusões que o mundo trama
A sorte não pudesse ser diversa
E sei do quanto a vida sempre versa
Ousando acreditar na frágil chama
O peso de uma luta noutro drama,
Encontra o que deveras desconversa,
E gera a solidão bem mais perversa,
Enquanto o verso gira e nada exclama,
Apresentando apenas o que um dia
Gerasse novamente uma utopia
Ou mesmo outro cenário em falsos tons,
Amar e relegar ao descaminho
E preferir estar sempre sozinho,
Sem beijos, sem carinho e sem batons...
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