sábado, 2 de julho de 2011

51

Já não posso desvendar
O que tanto me açodasse
E mostrando algum lugar
Onde a sorte em desenlace
Não pudesse navegar
Nem tampouco se mostrasse
Com vontade de chegar,
Ou na mesma velha face,
Não quisera ter além
Do momento mais cruel,
Quando a noite ronda e vem,
Demonstrando o turvo véu,
Teu sorriso, diz desdém,
Meu anseio, carrossel...

52

Nos beirais de uma esperança
Na verdade mais completa
O meu passo quando avança
Traz a sorte que repleta
Alma tanto rude ou mansa,
Mas sabendo desta seta
O que enfim contrabalança
Gesta esta alma de poeta,
Não seria de tal forma
O meu passo sem sentido,
O caminho onde se informa
O cenário resumido
A palavra que deforma,
O meu canto dilapido.


53

Mapeando esta saudade
Encontrei cada momento
Onde o todo se degrade
Enfrentando o imenso vento,
No cenário a realidade,
No passado sempre tento,
Caminhar em liberdade
Ou viver o sentimento.
Nas angústias mais frequentes
Nos tormentos da emoção
Onde quer e sei que sentes
Outros dias mostrarão
Os caminhos reticentes
Ou quem sabe outra estação.


54

Inda mesmo quando a vida
Se fizera mais audaz
O que tento e não duvida
Quem deveras tudo faz
A verdade desprovida
Do cenário mais mordaz,
O caminho sem saída,
O meu mundo já sem paz,
A lembrança deste encanto
Outro canto e logo após
O momento que garanto
Onde solte a minha voz,
Não se trama no que espanto,
Ata velhos laços, nós.

55

Braço forte? Uma mentira.
O meu tempo desabara
Na verdade o que retira
Expressasse a sorte amara,
No caminho que interfira
Na incerteza da seara,
Outro dom já se prefira,
Quando a vida desprepara,
Navegando mansamente
Contra a fúria das marés
Sei do quanto se apresente
Meu amor e por quem és
Noutro passo estou contente,
Nos teus pés rudes galés.


56

Se eu pudesse neste instante
Traduzir o que se quer,
Na verdade o quanto avante
Bebo o todo que vier,
Nada mais, pois se garante,
Nem os sonhos da mulher,
Que vivesse doravante
Sem saber nada, sequer.
O passeio no passado,
O prazer em rudes tons,
Outro tempo desenhado,
Esperança em megatons,
E se agora enfim me evado,
Enlevado em vários sons.

57

Na tramoia costumeira
Nesta angústia sem sentido,
O que possa e mesmo queira
Dita o tempo já perdido,
E o que vejo em verdadeira
Ilusão, não resumido,
O caminho, esta ladeira,
Noutra queda, presumido.
Vivo sem saber do quanto
Mesmo possa ou também tente,
Na verdade o desencanto
Seja sempre impertinente
Ou trouxesse o que garanto
Ou marcasse o que apresente.

58

Não mergulho no vazio
Nem procuro soluções
Onde tanto ora desfio
A verdade tu me expões
E se possa tão sombrio
Encontrar nossos porões
Invadissem nosso rio
As espúrias emoções,
Nada mais após a queda
Nada veda o mesmo passo,
Quando a vida se envereda
Noutro rumo sigo o traço
E se mostra em tal moeda,
O sentido do cansaço.


59

Reparando muito bem
O que um dia fora nosso,
No caminho quando vem
Sou apenas o destroço
Amiúdo o que ninguém
Demonstrasse e já não posso,
Reviver o quanto o bem
Trague o todo onde me aposso,
Nada vejo e nem tentara
Bem soubera do desmando,
Minha vida outrora clara,
Pouco a pouco se nublando,
Na verdade o que me ampara
Já reparo, desabando.

60

Sei das tantas ilusões
E também dos meus anseios
Vago aonde tu te expões
E procuro por teus seios,
Nas verdades, emoções,
Pulsam sem saber rodeios,
Onde possa em tais opções
Vicejar sem ter receios,
Acrescento novo passo
E se tente ser diverso
Meu futuro quando o traço
Sobre o tanto agora verso
E bebendo deste escasso,
Delirar quase perverso.

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