terça-feira, 28 de junho de 2011

51

Não quero acreditar em qualquer queda
Que possa transformar o sonho em nada,
A senda a ser deveras desvendada
Traduz o quanto a vida teima e seda,

Meu passo nos teus passos se envereda,
E bebo em tua boca a imaginada
Seara quando o sonho em paz invada,
E faço da esperança uma alameda.

Amar e ser feliz, viver tranquilo,
E quando em tal momento não vacilo
Sabendo quanto vale mergulhar,

Jamais me perderia nesta rota
Que leva ao coração tudo o que brota
E faz esta alegria, em paz, cevar.

52

Por mais que tenha amado em minha vida,
Agora percebi a magnitude
E mesmo quando o tempo nos ilude
A sorte deve ser tanto querida,

Cordata sensação fecha a ferida
E quando não se deixa ser tão rude,
Refaz a já dispersa juventude
E deste grande encanto não duvida.

Amar e ter nas mãos a liberdade
Que possa transformar toda a cidade
Num brilho sem igual, de plenilúnio,

Deixando para trás este infortúnio
Que tanto nos trouxera o dissabor
De não se conceber o bom do amor.


53

O quanto se aprendera com a luta
Diversa da que tanto desejaste
E nisto o próprio tempo em vão contraste
Expressa o que deveras mais reluta,

A vida não seria assim tão bruta,
Nem mesmo se decerto imaginaste
O quanto se anuncia em tal desgaste
A mão quando sem dó vem e executa.

Porém no amor se encontra a libertária
Imagem que se faz tão solidária,
Tramando algum futuro a quem se quer;

Não deixa para trás nem dor sequer,
Apenas perdurando a cada instante
No dia onde se mostre fascinante.


54

Apresentando apenas o que possa
Trazer a cada passo sem descanso,
O mundo que decerto agora alcanço
Encontra a fantasia, imensa e nossa.

Meu sonho quando muito ora se apossa
Do tanto que deveras vai sem ranço
Do tempo mais atroz e se ora avanço,
A sorte sem juízo nos destroça.

As marcas de uma vida sem amparo,
O todo noutro encanto eu escancaro
E tanto meu suor já se espalhasse,

Na farta e mais diversa sensação
Do quanto dentro da alma viverão
Os sonhos num suave desenlace.

55

Caminhos mais diversos, rumos tais,
Que possam nos trazer a mesma ausência
Do todo que se fez imprevidência
Ou mesmo sonhos rudes, sensuais,

Nos olhos o que tanto transformais,
Expressa muito além desta evidência
Amar é conceber com eloquência
Os dias entre tantos quase iguais.

O tempo se desnuda e quando tétrico,
Moldando novo encanto, sigo elétrico,
Vagando sem sentido algum mais prático,

Não posso na verdade ser tão cético,
Meu tom em vibração quase poético
Não deixaria mais ficar estático.

56

Sou velho cata-vento e sigo só,
Tentando acreditar neste helianto
E quando na verdade busco o canto,
Apenas encontrara o velho pó,

Estrada traduzisse um mesmo nó
E nisto outro caminho não garanto,
Sequer o que pudera neste pranto,
A vida se apresenta feito mó.

Repare cada passo e veja bem
Que toda a solução já nos convém,
Anunciando a sorte que viria,

Tramando a cada encanto outro momento,
E sei que na verdade sempre tento
Beber o sonho feito em poesia.


57

Meu tempo se perdera noutro rumo
E o vasto caminhar segue vazio,
Aonde o que deveras desafio
Expressa a solidão que ora consumo,

O amor se evaporando, leve fumo,
O corte noutro tom eu anuncio
E bebo tão somente o desvario
De quem não concebera novo aprumo.

O mundo se transforma e mesmo assim
Ainda trago vivo dentro em mim
O velho sentimento de um passado

Ao qual já me curvando, não resisto,
E sei que meu amor existe e nisto
Ali se resumisse o meu legado.

58

Um dia bem quiseras o meu sonho,
Agora que te esvais do que hoje sou,
O tanto se perdeu e não voltou,
Tramando este momento mais bisonho.

E quando nos teus braços eu me enfronho
Tentando perceber o que restou,
Apenas o cenário desabou,
E o verso com certeza o decomponho.

Não quero que se perca do teu passo,
Tampouco te interessa o que hoje faço,
Só sei que este disfarce não mais trago,

O rústico poeta interiorano,
Agora se mostrara noutro plano
E já contabiliza algum estrago.

59

Recubro-me de sonhos quando tento
Vencer os meus diversos medos, pois
A vida não se deixa p’ra depois
E o dia não prossegue desatento.

E quando eu me atormento no vazio
Dos passos entre as rotas deste esgoto,
O sonho que eu percebo, agora, roto,
Espalha o temporal bem mais sombrio,

Mas quando na esperança de outra festa
A luta se desenha desigual,
O verso se programa em tom venal
E a noite sem sentido é o quanto resta.

Resplandecentemente a vida passa
E o caçador agora vira caça.

60

Já não seria assim qualquer paragem
Que tanto poderia me levar
Ao tanto quanto quis maximizar
E trazer esperança na bagagem,

Ainda que deveras nos ultrajem
As sombras não pudessem no lugar
Deixar este tormento a nos tocar,
Nem mesmo produzir qualquer um pajem,

Vasculho nos meus bolsos e a carteira
Há tanto já não vejo e a derradeira
Vontade se escapando no ladrão,

Ocasionando a queda deste encanto
Que busca no cenário em cada canto,
O quanto poderia em direção.

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