61
Quando amor trouxesse luz
Noutro tom bem mais suave
A verdade me conduz
Coração comanda a nave,
E se todo o sonho eu pus,
Na leveza; feito uma ave,
Bebo a sorte que produz
A esperança sem entrave,
Vago além deste horizonte,
Vivo toda esta certeza
Onde o encanto já me aponte
Com ternura e com leveza
Em meu passo, amor é fonte,
Que me enleve sem surpresa.
62
Delirando em fantasias
Onde a sorte se proclama
Acendendo o que trarias
Deste encanto cada chama,
A verdade moldarias
Na palavra quando clama
Alma feita em alegrias,
Enredada em mansa trama,
Nada sigo além do sonho
E se tanto em oração
O meu mundo ora componho
Sem temer a dimensão
Do cenário onde proponho,
Puro amor em devoção.
63
Vendo a lua sobre nós
Imagino o redentor
Que se fez início e foz
Na esperança de um amor,
Quando sigo este veloz
Caminhar em tal louvor
O que vejo logo após
Traz ao mundo o Seu calor,
Nunca tema o que viria,
Nem tampouco a solidão,
Navegando em poesia,
Noutro rumo ou estação
A verdade em paz traria,
No final farta emoção.
64
Calejado sentimento
Entre tanto que pudera
Gestaria o que não tento
Ou talvez em nova esfera,
O caminho mais atento,
Precisão de bote, a fera,
Preparando o sofrimento,
Quando a vida nada espera.
O momento a se perder
Nas entranhas do vazio
O que pude perceber
Noutro tom eu desafio,
Mas sentindo o desprazer
Outra luta eu anuncio.
65
Já não sei do que me traz
A verdade mais sutil,
Meu momento mais audaz
Na verdade se partiu,
O temor rude e tenaz
Com certeza não se viu
E o prazer que satisfaz
Relegado ao passo hostil,
Vejo apenas o que um dia
Poderia e não viesse,
Onde guardo a fantasia
De quem possa e não merece,
Meu amor, esta ironia,
Noutro instante me enlouquece.
66
O que a vida representa
Noutro instante me faz bem,
O meu verso em violenta
Expressão traz o que tem
E se tendo alma sangrenta
Na verdade com desdém
Outro passo desalenta
Ou deveras vai também,
Rudimentos do que o sonho
Não deixara mais de pé,
O cenário onde proponho
Já não tendo a menor fé,
Traz o tempo mais bisonho,
E se mostra por quem é.
67
Nada mais do que um fastio
Nada além da tempestade
O que posso e desafio
Noutro passo já me invade,
Resumisse o mais sombrio
Na suprema claridade,
E bebesse desse rio,
Água farta e com vontade,
No sertão das minhas mágoas
Tanto trazes luz e medo,
O que posso se deságuas
No caminho onde procedo,
Expressasse em tuas fráguas
O meu mundo em desenredo.
68
Nada além do que talvez
Expressasse o sentimento
E se possa ser e vês
O que vivo e enfim alento,
Noutro tom a estupidez
Se enlevando em frágil vento
Traduzisse o que não crês
Num cenário em sofrimento,
Mas a sorte revigora
Cada instante em nossa vida
O que tanto ora se aflora
Diz da velha despedida
Do que possa sem demora
Traduzir nova partida.
69
Não mereço qualquer chance
E bem sei deste recado
Onde o tempo sempre avance
Deixo o passo tatuado
No caminho onde se alcance
O que possa e quando invado
Presumisse outro nuance
Deste todo revelado,
Nada quero e não pudera
Nem tentara sendo assim
A verdade mais sincera
Outro mundo dentro em mim
Se decerto nada espera
Preparasse então meu fim.
70
Não viessem de outro rumo
As estrelas que tocaste,
No final amor resumo
Noutro tom sem mais desgaste,
O que possa e sempre assumo
Na verdade diz contraste
Coração perdendo o prumo,
Nem de perto tu notaste,
A vereda mais sutil,
O caminho mais audaz,
O que tanto se previu
Noutro instante me compraz,
Possa ser decerto hostil,
Mas no fim descanso em paz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário