sábado, 2 de julho de 2011

11


Jamais eu deveria acreditar
Nas mesmas ilusões que reconheço
E sei que na verdade outro tropeço
Difícil de tentar recomeçar;
Os erros são comuns e ao me entregar
Ao menos não sentisse pelo avesso
O fato do cenário que hoje teço
Sem mesmo perceber algum lugar.
Os rumos divergentes, olhos tristes,
Ainda quando tentas e persistes
Expressas o vazio que sou eu,
E tanto quanto pude ser feliz
Agora a realidade nada diz,
E o sonho noutro sonho se perdeu.

12

Vencendo os meus moinhos, sigo só,
E tento acreditar no que pudesse
Trazer outra expressão de uma benesse,
Porém de toda estrada levo o pó,
Ainda que se visse em todo nó,
A velha tentativa que obedece
O rumo sem sentido e já padece
O mundo em rudimento traz tal mó,
Corrói o pensamento e nada sobra,
A sorte noutro tempo nova dobra
E o temporal desaba sem descanso,
Mas mesmo de tal forma sacolejo,
Vagando e vou tentando com molejo
Viver o que pudera e mesmo avanço.

13

Não ansiasse estar crisalidando,
Persisto num larvar caminho em paz,
Porém a liberdade sempre traz
Um ar mesmo suave, tanto brando,
O rumo noutro tom se desvendando,
Desanco o que pudera e satisfaz,
O tempo muitas vezes mais mordaz,
O mundo noutro instante derramando,
As vagas impressões em tons diversos,
Olhando para trás os mesmos versos
Que a vida demonstrara simplesmente,
O caos a cada instante representa
O amor que a gente segue em violenta
Vontade que transcende e já se ausente.

14

Ecoa dentro da alma o velho sonho
De um tempo mais suave que não veio,
Olhando para frente, devaneio,
E até novo momento em paz componho,
Mas sei do quanto possa e já deponho
Tentando acreditar em novo meio
Que possa me trazer sem ter receio,
O caminhar deveras mais risonho.
Num átimo este encanto se produz
E proporciona o todo que em tal luz
Reflita o meu caminho mais sutil,
E o mundo de tal forma se alimenta,
Vivendo esta emoção que, de sangrenta,
Expressa muito além do quanto ouviu.

15

De todos os meus passos e tropeços
Os dias resvalando no passado
Traçando o que pudera por legado
Vivendo simplesmente recomeços,
Sabendo dos enganos e adereços
O todo noutro tom desenfreado,
O risco se anuncia e se me evado,
Singrando nossos sonhos, sempre avessos.
E o terminar do verso nos invista
No tanto quanto possa à nossa vista
O raio fulgurante no horizonte,
Ainda quando em meu caramanchão
A bela buganvília em eclosão
O velho trovador logo se aponte.

16

Nascendo do que um dia fosse tanto
Vivendo sem temor o quanto pude,
Adentro este caminho e mesmo rude,
Apenas resvalando em desencanto,
Não quero e nem pudera ter o quanto
A vida noutro instante desilude,
Ainda que se veja com saúde
O tempo com certeza não garanto.
E bebo mais um gole do que um dia
Marcasse com ternura o quanto havia
Dos sonhos mais diversos, novamente,
O todo se aproxima dos anseios
E vejo da morena os belos seios
Enquanto esta vontade além se sente.

17

Não mais se acrescentasse qualquer fato
Ao prazo demarcado neste engodo,
O tanto que pudera com denodo
Agora sem sentido, desacato,
Meu mundo se deveras o constato
E vivo no caminho como um rodo,
Lavando esta expressão que feita em lodo
Eclode num instante mais ingrato.
O medo não seria mais constante
Tampouco o dia a dia me adiante
Um temporal além do que se espera,
A vida noutro rumo não viesse
Apenas o que tanto a sorte esquece
E trama o salto rude da pantera.

18

Na claridade a lua se desnuda
E gera além da prata o mais sublime
Momento aonde encanto nos redime,
E toda a sensação em paz transmuda,
A luta mesmo quando mais aguda
O cântico que possa e tanto estime,
Ainda quando a vida enfim se esgrime
No encanto se mostrasse a mansa ajuda.
O vértice sem vórtice se vendo,
Deixando para trás cada remendo
Dos erros cometidos, no passado,
O verso quando vejo enluarado,
Nascendo dentro da alma e me contendo,
Expressa o que pudera e além invado.

19

A janela se abrindo ao vento e ao sonho
Que possa nos trazer alguma luz,
Seara mais fecunda se traduz
No verso que deveras recomponho,
Ousando num instante onde reponho
Meus templos divagando sobre a cruz
Que a sorte noutra farsa reproduz
E o medo se desnuda e sei medonho.
O caos após a queda e mesmo o fim,
O tanto que inda habita dentro em mim
E o verso desnudando esta esperança
A luta no final já não se faz
Sequer aonde pude ter em paz
A vida que meu passo não alcança.

20

Distante deste mar que nos trouxesse
Além deste marulho e das marés
A vida se mostrando de viés,
Nem sempre se desenha em mesma messe,
O quanto no final já se obedece
O ser e na verdade quem tu és,
Vivendo noutro instante em vis galés
Refaz cada caminho e já tropece,
Marcando com diversa claridade,
O quanto que deveras nos invade,
Nas cercanias tantas da ilusão,
Os dias são deveras mais doridos
E os passos noutros tantos resumidos,
Da própria noite dita a dimensão.

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