sábado, 2 de julho de 2011

71

Eu não vejo após o fato
Qualquer coisa que divida
Meu caminho sem saída
Onde o nada ora constato,
E se possa ou desacato
Sorte tanto consumida
Na incerteza construída
Na verdade que relato,
Bebo um gole ou noutro gole
O que tanto não percebo
Quantas vezes não me enrole
O que possa e mesmo bebo,
No vazio que console
Quem se faz onde o concebo.

72

Nada mais se faz presente
Quando o todo se adivinha
O caminho se apresente
Nesta sorte que foi minha,
Onde possa iridescente
A verdade não daninha
Outro tom resplandecente
Coração em paz se aninha,
Nas esperas e bonanças
Nas angústias do tormento,
Na verdade quando alcanças
Deixa atrás o pensamento
E se vejo as tardes mansas
No final, em paz me alento.

73

Na palavra que consola
Na esperança que domina,
Coração entra de sola
Nesta sorte cristalina,
Que deveras não imola
Nem tampouco me alucina,
Simplesmente alma decola
E outro sonho determina,
Navegar sei que é preciso,
Mas viver é muito mais,
Nos teus olhos me matizo
Bebo gotas de cristais
E encontrando o paraíso
Quando em luzes derramais.


74

Apresento o que pudera
Traduzir felicidade
E se eu sinto a cada espera
Novo tempo que me invade,
A versão traça outra esfera
E sossega a tempestade,
Quando a vida mais sincera
Transmitisse a claridade,
Nada pude e nem tentasse
Noutro canto ou mesmo em sonho,
O que mostra cada face
No momento mais risonho,
Tanto quanto em desenlace
Encontrando o que proponho.

75

Brindo com a minha sorte
O que possa ser diverso
Do caminho e me conforte
Onde tente e sempre verso,
Possa ser decerto o norte,
Ou talvez nosso universo,
A palavra bem mais forte,
Reproduz canto disperso,
Nada vivo e sem sabia
Do que possa em nova etapa
O que seja a fantasia
Destas mãos jamais escapa,
E o momento de alegria
Não se encontra em qualquer mapa.


76

Creio mesmo na esperança
Que regesse cada passo,
De quem tanto quanto avança
Deixa atrás o seu cansaço,
No momento em confiança
Outro rumo sempre traço,
Vagamente uma lembrança
Ocupando todo espaço,
Resumindo no que pude
Traduzir em plena paz,
O que fora atroz e rude
Deixo agora para trás
E se tanto amor ilude,
Mais amor o amor me traz.

77

Decididamente eu sigo
O que tanto me trouxeste
Sem saber qualquer perigo
O momento onde se investe
Traga sempre a nós o trigo,
Mesmo em tempo mais agreste,
Superando algum perigo,
Outra vida não conteste,
Tramo a sorte de viver
Na expressão mais carinhosa
De quem tanto possa ver
Sem espinhos qualquer rosa,
E pudesse merecer
Tua sorte majestosa.

78

Nada mais que se tentara
Noutro rumo percebia,
A verdade sendo clara
Na esperança em alegria,
Quando a vida se prepara
Outra luz em fantasia,
Dominando a noite rara
Feita em lua e poesia,
Brindo ao sonho com ternura
E sem farsa, sem promessas,
Enfrentando o que tortura
Na verdade recomeças
E se possa em tal candura,
Caminhar sem tantas pressas.


79

Não mergulho no vazio
E tampouco quero crer
No que saiba ou desafio
Mesmo quando possa haver,
Esperança por um fio,
Outro tempo a se perder,
No caminho onde me crio,
A verdade eu possa ver,
Nas angústias de um momento
Onde o todo se desfaz
Quero apenas teu alento,
Quero apenas vida em paz,
Mas se possa e sempre tento,
Muito além eu sou capaz.

80

Onde a vida recomeça
Onde o tempo não sacia
A esperança traz sem pressa
Todo o dom da fantasia,
O caminho não tropeça
Nem gerasse o que viria,
Transcendendo ao que se meça
Com ternura em alegria,
O meu verso se traduz
No que invisto, mansamente,
E bebendo desta luz
Que se torna mais presente
O meu mundo me conduz
Ao que o teu também já sente.

81

Na verdade a poesia
Noutra história noutro rumo,
Tantas vezes me traria
O que possa e até consumo,
Resumindo em utopia
E traçando o mesmo prumo
Onde possa em harmonia,
Traduzir da sorte o sumo,
Quero o sonho mais audaz,
Quero a vida de tal forma
Que meu mundo siga em paz
E deveras se transforma
Na esperança o que é capaz
E se molda em rumo e norma.


82

Não se veja após a queda
O que tanto possa crer
Na esperança onde se enreda
A vontade do querer,
O caminho não se veda,
Nem pudesse perceber,
O momento se envereda
Nas estâncias do querer
Trago os olhos embotados
Do que pude noutro enredo,
E se tramas em legados
Outro passo ora concedo,
Caminhando em ledos prados,
Resguardando este segredo.


82

Ao ascender à sorte
Que tanto poderia
Gerar e me comporte
Trazendo em sintonia
O vento mesmo forte,
E o tempo dia a dia,
Marcando o que me aporte
Em paz e em alegria,
Jamais pudera além
Do quanto nada resta
Viver o que também
Pudesse e já se empresta
E quando a noite vem,
Meu coração em festa.

83

Não tendo outra saída
Tampouco a que presume
Além da própria vida
O quanto de costume
Gerasse a mais dorida
Palavra que se aprume
Deixando em despedida,
O todo que me aprume,
Não bebo mais sequer
A gota necessária
O tanto que vier,
Na fonte temerária
Tramasse da mulher
A rara luminária.

84

Não sei e nem tentasse
Vencer a ingratidão
De quem logo notasse
A rude dimensão,
Ainda que tocasse
Nas tramas da emoção
O todo em nova face
Ou mesmo o eterno não.
Quisera ser feliz
E nada mais tentei
Somente o que desdiz
A vida em norma e lei
Tramando em cicatriz
O quanto desdenhei.

85

Viceja dentro em nós
Um tempo mais suave
E sei do quanto atroz
Pudesse sem entrave
Vencer em viva voz
O todo que se agrave
Na luta logo após
O medo em rude trave,
O canto mais sutil,
O verso que procura
Viver o que pediu
Sentir a imensa cura
Do quanto dividiu
Rendendo tal loucura.


86

Na sorte que mereça
No vento que se queira
Mergulho de cabeça
Na luta derradeira,
E sei quando obedeça
A vida em corredeira
Ou mesmo não se esqueça
Da luta costumeira
Que sempre me enlouqueça;
Vestígios do passado
Encontro no presente
E sei do meu legado
Aonde se apresente
O quanto enfim me evado
Pousando lentamente.

87

Negar cada momento
E ter a sensação
Do quanto possa o vento
Tomando outra estação
Gerando o que apresento
Traçando uma ilusão
Liberto pensamento
No fim outra explosão,
Vivendo sem sentido
O que pudera crer
Nas tramas que lapido
As ânsias do prazer,
Ainda sendo ouvido
O canto em bem querer.


88

Não mais quero o que talvez
Poderia ser aquém
Do que a vida já desfez
Ou do resto que inda vem
Na palavra insensatez
O deserto diz de alguém
Quando o todo agora vês
No final resta ninguém
A expressão se faz suave
Ou quem sabe não viria,
No meu mundo tudo agrave
Sem saber da fantasia,
Que deveras tome a nave
E no fim persistiria.


89

Nada vejo após a queda
Nem tampouco poderia
Quando a vida se envereda
Nas tramoias da alegria
A verdade não mais veda
O que enfim não se veria
No reverso da moeda
No momento em fantasia,
O passado não empresta
Ao que atesta o que pudera
Adentrando cada fresta
No caminho a sorte espera
O que trague nova festa
E no fim se regenera.

90

Numa sorte iridescente
Num momento mais audaz
O que possa e se apresente
Noutro tom não satisfaz,
O caminho que se sente
Novamente não se faz
Nisto sigo mesmo ausente
Do que um dia foi tenaz,
Resumindo o que reúna
A intenção supera o medo,
Quando o canto da graúna
Traz na vida o manso enredo,
Mergulhando em cada duna,
Superando algum rochedo.

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