quinta-feira, 30 de junho de 2011

11
Viver o grande amor em plenitude
Sem medo do que venha, pois virá,
Não tendo nos teus olhos o que mude
A força deste encanto aqui ou lá,
O sol que na verdade nos ilude,
A chuva que deveras cairá,
Manter serenamente uma atitude
Que possa e com certeza brilhará.
O tempo se anuncia em tal bonança
E a vida no final a paz alcança
Gerando o que transforme o teu caminho,
E mesmo que surgisse uma intempérie
A vida não se faz como uma série,
A rosa justifica cada espinho.

12


De tantos nãos que a vida me trouxera
A solidão se fez tão costumeira,
Mas queira ou com certeza mais não queira,
A vida apascentara a rude fera,
E sei que após a morte da quimera
Renasce no jardim bela roseira
E vivo esta expressão mais verdadeira,
Traçando com ternura a longa espera.
Sabendo que no fim o que viria
Ao encharcar meu peito mostra a luz
Que tanto se recende à poesia
E noutro caminhar em paz, conduz,
Tramando o quanto quero e poderia,
Viver o quanto é pleno e nos seduz.

13

Espero qualquer dia mais diverso
Dos tantos que esta vida me trouxesse,
A luta se resume no perverso
Caminho noutro tom em vaga messe,
O mundo se tramasse e se disperso
A voz noutro cenário que se tece,
Ousando ter no peito o simples verso
Como se fosse até, quem sabe, a prece.
Meu canto se traduz na libertária
Noção de um tempo calmo que se quer,
Sem medo nem tortura mais sequer,
Na força muitas vezes solidária
E tendo esta expressão que me acalenta
Vencer qualquer temor, qualquer tormenta.

14

Chegar ao quanto pude noutro instante
Vagando sobre as ondas, mansamente,
E sei do quanto a vida num repente,
Expressa o que este sonho não garante,

A sorte muitas vezes deslumbrante,
O cântico voraz em nossa mente,
E o tanto que pudera e se apresente,
Gestando o caminhar mais intrigante.

Ocasionando queda entre espinheiros
Os dias são deveras corriqueiros,
Mas sei quando a rotina nos faz bem,

A morte da esperança gera o caos,
E rotineiramente minhas naus
Encontram qualquer rota que inda vem.

15

Amar o que viria mesmo quando
O tempo não permita novo passo,
Vencendo a solidão, agora traço,
O mundo noutro encanto o desenhando,

O verso na expressão de quem tentando
Com toda fantasia algum espaço,
Tramando mansamente este compasso,
Encontro o que pudera o desvendando,

Não tento além do quanto conseguisse,
Nem mesmo me entranhar nesta mesmice
Que gera o tom comum só por haver,

O livre pensamento nos permite
Vagar e ver além de algum limite
Sabendo este infinito em paz, conter.

16

Meu passo não se mostre mais audaz
Do quanto a vida trame e não permita
A sorte quando atroz, mordaz e aflita,
O vento que derrube qualquer paz,
E sei desta alegria quando a traz
Medindo o meu anseio onde se fita
O céu iluminando em rara dita,
Aporto o que possa e já se faz,
O manto mais suave, liberdade,
O canto que pudesse e que me agrade,
O tempo noutro enredo desfilando,
O dia se refaz todo segundo,
E assim caminha sempre o velho mundo,
E eu sigo, mesmo quando em contrabando.

17

Não vou dizer apenas o teu nome
E crer que isto pudesse te trazer,
Sabendo tão somente o que teu ser
Expressa neste sonho e me consome,

O sentimento agora não se dome,
E nele e dele vejo este prazer
Marcando com ternura o bem querer
De quem se fez além do quanto some,

Num passo destemido em noite imensa,
O quanto se deseja e sempre pensa
Uma alma sem temores, simplesmente,

Não quero que se veja após a queda
A luta noutro tom quando envereda
Traçando o quanto dói e se apresente.

18

Num ermo paraíso eu poderia
Viver o que esta noite desfilara
Na lua delicada, imensa e rara,
E a bela deusa como companhia,

Assim meu mundo pleno em fantasia,
Na comunhão sublime onde se ampara
A glória de saber o que prepara
A vida após a tarde tão sombria.

O vento me tocando traz o sonho
E neste sonho encontro a tua face
Gerando o que pudesse e nos enlace

E no caminho agora eu te proponho
Viver em plenitude e em glória plena
O quanto da esperança o encanto acena.


19

Jamais imaginasse que a verdade
Tocasse com furor cada momento
E nisto noutro tom eu me alimento
Da dor que com certeza nos degrade
O preço a se pagar, realidade,
O corte noutro tom novo elemento
O sonho sem saber discernimento
E a rude sensação que nos invade,
O prazo determina o fim de tudo
Marcando o quanto resta de nós dois,
O todo que se possa vir depois,
Enquanto na verdade tanto iludo,
Meu passo se perdera em tua estrada
E a noite não redunda mais em nada.

20

Não quero apenas medo e temporais
A vida não resume em tantos erros
Os dias superando vários cerros
Expressam da esperança o muito mais,
E mesmo quando após tu vens e trais
Nos fartos caminhares, os desterros,
Os olhos se acostumam com enterros
E sabem muito bem o que é jamais,
No fundo a minha vida não se fez
Na mais completa e rude estupidez,
Apesar de viver na escuridão,
Os olhos se acostumam com penumbra
E ao fim de certo tempo se vislumbra
Uma manhã em clara imensidão.

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