sexta-feira, 1 de julho de 2011

91

Peçonhas entre botes das ofídicas
Loucuras que se fazem pertinentes
E tanto quanto quero ou mesmo sentes,
As sortes não seriam mais verídicas,

Ainda sem sentido o que presumo
No tanto que se rende ao mais profano
Caminho, enquanto sei quando me dano,
E bebo da expressão o suprassumo,

Ressalvas entre salvas e canhões
A vida se fizera mais canhestra,
E nisto ouvindo longe a velha orquestra
E nela as sinfonias e aversões,

Adentro o fato e bebo cada gota,
Da velha solidão, imensa e rota.

92

Nefanda realidade diz do quanto
O verso não traria melhor sonho,
E quando noutro instante decomponho
Encontro o que perdera e não garanto,
Assisto ao fim de tudo e me adianto
No rumo que se fez ora enfadonho,
Gerando no vazio cada sonho,
E neste sentimento o mesmo espanto,
Ausento-me do fato que pudera
Apascentar enfim a rude fera
Gravada nos teus olhos, sem por que,
A vida em avidez se fez concreta
E nada do que possa se completa,
E mesmo quando dita o que se vê.

93

E o quanto na verdade agora omito
E bebo num momento desairoso
Pudesse me trazer em fino gozo
O todo que pudera e necessito,
Ainda quando vejo este infinito
E tramo noutro olhar, maravilhoso
Caminho feito, mesmo pedregoso,
O amor vence diverso e vão conflito,
Reparo cada farsa e sei tão bem
Do quanto na verdade sinto e vem,
Vasculho cada canto do meu quarto,
E sigo este cometa em ilusão,
Vivendo com firmeza a dimensão
Do todo pela qual agora eu parto.

94

Enquanto sem descanso procurasse
Das Minas que deixei há tantos anos
Em busca de esperança em novos planos
E nisto se mostrasse nova face,

O quanto se aproxima em desenlace
Marcando dias turvos, desenganos,
Voltar ao meu berçário em soberanos
Momentos onde o sonho mergulhasse.

Das tramas que entrelaçam meu futuro,
O canto quando posso e configuro
Expressa, dentro da alma, esta Gerais,

E mesmo que distante ainda esteja,
Na doce fantasia, mesmo andeja,
Deveras nunca a deixo. Isso jamais!

95

Jogado pelos cantos da emoção
O rumo se perdendo a cada instante
No fundo o que deveras me garante
Traduz o quanto possa ou mesmo não,
A luta desafia e do verão
Inverna-se o cenário doravante,
E o quanto se tentara radiante,
Gerasse noutro mundo a dimensão,
Transcorre a cada passo a imensa luz
E nisto o tanto quanto reproduz
O verso sem temor e sem anseio,
O vértice dos passos traça o quanto
Pudera e na verdade ora garanto
Gerando o quanto possa e mesmo creio.

96

Apenas o que possa ser assim
Diverso do caminho mais feliz
O tanto quanto tento e mesmo fiz
Eclode num instante dentro em mim,
Meu tempo se desnuda e sem ter fim
A vida noutro rumo sempre quis
Viver outro cenário e a cicatriz,
Ainda latejando chega ao fim,
Ao menos indigente coração
Vestira com ternura a sensação
Do ser e do poder estar além
Do todo que deveras abandona
E traz esta ilusão agora à tona,
E nisto todo o encanto me convém.

97

Gerado num momento outro caminho
Diverso do que tanto procuraste,
Apenas noutro fato em tal contraste
Encontrarás deveras o carinho,
Que possa ser além do ser mesquinho
Vagando num anseio que tramaste
E o passo noutro encanto demonstraste
Enquanto nos teus sonhos fiz meu ninho,
Jamais imaginasse ser apenas
Momento que deveras tu condenas
E sabes muito bem o que viria,
No cântico que possa em teu louvor
Falar da imensidão do raro amor,
Tramando muito além da poesia.

98

Vestindo a solidão apenas sigo
Tentando acreditar no que inda venha
E sei desta vontade mais ferrenha
Ousando acreditar e assim prossigo,
A cada novo tempo outro perigo,
E nada na verdade me detenha
Sequer o que se faça e sempre tenha
A lúdica expressão de algum abrigo,
Não quero e nem pudera ser diverso
Vivendo a sensação do manso verso
Gerando dentro em mim outro momento,
E quando detalhasse este caminho
Ainda que pudesse ser mesquinho,
Ao menos me traria algum alento.

99

Esbarro nos meus erros contumazes
E vejo intimamente o que pudera
Saber desta ilusão quando sincera
Tramando o que deveras hoje trazes,
Erráticas versões, acentos, crases,
Os ventos na expressão que destempera
A vida se transforma na quimera
E nela a cada instante mais atrases,
Os ases escondidos, fim de jogo,
A luta se expressando em tolo rogo
E o prazo não traria mais um dia,
Sedento caminhante do que outrora
Vivesse sem saber do que apavora
O quanto na incerteza mais teria.


100


Singrar outra vereda e crer no fato
Enquanto a minha vida se fez tanta
E sigo contra a fúria que me espanta
E noutro caminhar o amor resgato,
Ainda que vencesse trago e trato
Do peso que esta sorte me garanta,
Não quero acreditar no que ora encanta
E sei que noutro tempo mal constato,
Açoda-me o vazio de uma senda
Diversa da que tanto se desvenda
Num átimo o mergulho diz do não,
Ainda que teimasse, acreditar,
Teria com certeza algum lugar,
Mas quando me aproximo: solidão...

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