61
A noite desenhando em tua tez
Delírios de quem tanto quis além
Do quanto na verdade a vida tem
E gera a mais completa insensatez,
E quando ao perceber que tu me vês
Deitando sobre ti o farto bem
Do amor que na verdade sempre vem,
Marcando com a sombra t’a nudez...
O vento balançando estas cortinas,
Mal sabes – meu amor, quanto dominas,
Os olhos de um poeta solitário,
E o templo aonde este Éden se vislumbra
Embora tão somente na penumbra,
Expressa quão é mágico o cenário...
62
Apenas tão somente o que trazes
Expressaria a vida em novas fases
Bebendo esta aguardente mais sutil
Vivenciando o quanto se sentiu
Do tempo entre momentos mais audazes,
Deixando para trás o que desfazes
Promessas de um futuro tão hostil?
Nem mesmo outro veneno me inibiu.
E quando me imbuísse deste sonho,
Aonde com certeza ora me enfronho
Somente encontraria a paz que eu quero,
O verso se pudesse ser sincero,
O temporal no caos se resumisse
E o todo desvendasse esta tolice.
63
Amar e ter nas mãos esta certeza
De um vago caminhar em noite insana,
A luta poderia e se me engana
Gerasse noutro tom a sutileza
Do verso que pudera sem vileza
Beber do quanto quer e mais se ufana
Ainda quando dure outra semana,
O encanto se permite sem surpresa.
Após tanta magia e nada feito,
O canto noutro tom em desafeto,
O pouco que pudera não completo
Apenas tão somente agora aceito,
E sei do que vencido não faria
Sequer dentro do peito, a poesia.
64
Se revolucionaste o meu caminho
Decerto o teu caminho eu modifico,
E nada do que possa onde me alinho
Explode no que seja o quanto explico,
Nas dores e temores deste um bico,
O manto se perfaz sempre daninho
Apenas na verdade me complico
E sei do quanto sou tanto mesquinho.
Nesta espinha dorsal do grande amor,
O temporal transforma o redentor
Cenário num sublime desenredo,
E tanto poderia ser feliz,
Mas quando a realidade contradiz
Apenas vislumbrando o velho medo.
65
Ainda trago Minas dentro em mim,
Não sei por quanto tempo ou se resiste
Ao velho coração danado e triste,
Que acende a cada instante outro estopim,
Um torpe sonetista chega ao fim,
Porém tão persistente não desiste,
Ainda que a verdade o tempo liste
Brindemos nossa morte, trague o gim,
Rogara por um canto, qualquer canto,
Mas sei que com certeza me quebranto
E deveria mesmo me calar,
O verso solto e livre, sem amarras,
Porém quando nos meus agora escarras
E o mundo não permite mais sonhar.
66
Não quero que se veja após o fato
Apenas o retrato de um passado
Marcando com terror o que degrado
E nisto novo engano mal constato,
Semente se espalhando, não resgato,
O velho caminhar se mostra enfado
E o medo noutro tom já demarcado
O preço a se pagar não mais retrato.
O meu anseio gera novamente
O tanto que pudera na torrente
O prazo declinando para o fim,
Grassasse sobre velhas pradarias
E sei que no final tu me trarias
O quanto ainda guardo em teu jardim.
67
Não quero o teu amor desta maneira,
Apenas uma foto e nada mais,
E sei que na verdade quando vais
A luta não seria como eu queira.
A corda se arrebenta, e vai ligeira,
Matando sem saber, mananciais,
Aonde se pudessem carnavais,
Somente sobra a minha quarta-feira.
O passo noutro rumo se perdendo,
A rota fantasia, este remendo,
O quanto em agonia se perfaz,
O velho camarada, o tempo frio,
Inverno tão precoce e assim desfio
O mundo que eu queria feito em paz.
68
Jamais imaginasse que esta vida
Pudesse me trazer nova esperança
E quando na verdade o fim se lança
Gerando a sorte amarga e dolorida,
O tempo se traduz e não duvida
Do quanto noutro tom ditando a lança
Expressa a solidão que agora cansa
Quem tanto resumisse o quanto acida,
Não quero mais saber do passo em falso
Nem mesmo prosseguir cada percalço
Vestindo o mais diverso sentimento,
Apesar de viver sem ter no olhar
O todo que pudera imaginar
O resto do cenário é desalento.
69
Uma alma se perdendo no caminho
E o vento noutro tempo não traduz
Sequer o que deveras mal compus
E sei do quanto seja mais mesquinho.
O verso rudemente tão daninho,
O prazo se programa e não conduz
Ao tanto que pudera quando pus
Meu barco no teu mar, mesmo sozinho.
Amar é ter nas mãos o mundo inteiro
E mesmo quando seja o derradeiro
Cenário, nada impede cada aplauso,
E quando em esperança sigo ou pauso,
Na calma deste instante que viria,
Eu bebo com ternura a alegoria.
70
Vagando contra todos os temores
Seguindo sem saber aonde fores
Vencido caminheiro do vazio
Bebendo a solidão em desafio.
No tanto que traduzes belas flores
Os sonhos de um poeta, multicores,
Tramassem minha vida por um fio,
No fundo o que se fez antes sombrio
Ousasse acreditar em claridade
Que aos poucos me domina enquanto invade
Tornando este momento mais feliz,
O beco sem saída anda esquecido,
E o tanto quanto quero e até lapido
Transcende ao que desejo e sempre quis.
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