domingo, 13 de junho de 2010

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1


A morte vem chegando
E aos poucos já domina
O olhar em leda esquina
Resume-se nefando
E sei da vida quando
Outrora me ilumina
Ou gera nova mina
Ou mesmo desabando,
Restando alguma messe
Por onde recomece
E tanto sele o fim,
Não posso, pois descrente
Caminho aonde eu tente
Sorver o bom em mim.

2

Um frágil coração
Depois de tantos anos
Em lutas, desenganos
Errônea direção
Vagando pelo não
Puindo velhos panos,
E quando soberanos
Faltando embarcação,
Não pude discernir
O quanto pressentir
Do vagão sem destino,
Eu quero a cada instante
O amor quando garante,
Porém me desatino...

3

À ausência dolorosa
De quem se fez inteira
Do amor a mensageira
Espinho doma a rosa,
Mas quanto mais airosa
A sorte que se queira,
No tanto já se esgueira
Pressinto-a mais dolosa.
O verso se mistura
E bebe da brandura
Enquanto em vão delira,
Depois mal acordara
O quanto em luz mais clara
Apenas a mentira...

4

Sou pássaro faminto,
Criado em terra alheia
Buscando qualquer teia
Aonde em vão pressinto
Embora o sonho extinto
Além inda rodeia
O nada me incendeia
E vivo pelo instinto,
Tentara alguma sorte
E sei quanto sem norte
A vida se desfaz,
Depois do temporal,
O quão residual
Sonega qualquer paz.

5

Sou tarde que perdeu
Promessa de luar,
E sei que navegar
Em turbilhão e breu
O quanto fora meu
E não tem mais lugar
Sequer onde ancorar
A dor reconheceu,
Vagando sem ter cais
Só sei dos vendavais
E tenho em mim procelas,
Ao menos poderia
Saber se existe dia,
Porém nada revelas...


6


Vivendo de ilusões
Somente e nada além
O quanto me contém
E nele não expões
Sequer as direções
Por onde o amor, se vem
Reside noutro bem
Ou marcado em senões.
Sertões sem lua e paz
A sorte se desfaz
E nela não se vê
Nem sombra do que fomos,
Alheios, vários gomos
Da vida sem por que...

7

Onde fomos felizes?
Pergunta sem resposta...
Esta alma se composta
De medos, ledas crises,
Sorvendo dos deslizes
A sorte em que é composta
A vida sem proposta,
Tu sempre contradizes
Os sonhos quando os tenho,
Aumenta em triste empenho
O passo rumo ao nada,
Depois de tanto sonho
O pouco que componho
Na morte anunciada...

8

Mergulho esse infinito,
Por onde possa ver
Além do amanhecer
Um dia mais bonito,
Enquanto enfrento e grito
Tentando me envolver
Sem medo me perder
No amor que eu acredito
A sombra do passado
Rondando ou lado a lado
Não deixa que eu me engane,
Do todo imaginário
Um passo temerário
Gerando apenas pane.

9

Meu mundo se perdendo,
Depois de ter nas mãos
Ainda mesmo vãos
Momentos onde vendo
O coração se ardendo
Em torno destes grãos
Depois ouvindo nãos
O nada em dividendo.
Resumo assim a sina
De quem nada domina,
Mas sabe-se liberto,
Poeta sem algema
Não há nada que tema
Sequer a dor, deserto...

10

É quarta feira e vejo
O carnaval do sonho
No quanto foi bisonho
Aquém do meu desejo
E nele algum lampejo
Apenas do medonho
Caminho aonde ponho
O amor, velho azulejo.
O risco de sonhar
Impede o navegar
Embora não prometa
Sequer a melhor sorte,
No todo que conforte,
A vida é vão cometa.

11

Teu nome irei gritando
Embora inutilmente
O tanto que acrescente
Ou mesmo desde quando
O nada me tomando
Ausente sonho e eu tente
Vencer quem me alimente
Da paz em ar mais brando,
Expresso em fantasia
O quanto poderia
E nunca mais tivera,
A boca escancarada
A sorte anunciada
A vida, uma quimera...

12


Buscando por amparo
Depois da queda eu tento
Vencer o desalento
E quando me declaro
Aquém do quanto em faro
O mundo que apresento
Pudera sem tormento
Traçar um dia claro,
Mas quando inutilmente
O nada se apresente
E dita o rumo e a dor,
Vencido há tanto tempo
Não vejo contratempo
Na morte sem pudor...

13

Ninguém a me sorrir
Nem mesmo a prometer
A paz, mesmo o prazer
E venho aqui pedir
Apenas o por vir
E nada a me esquecer,
No gozo do lazer
Na sorte do sentir
A dor e mesmo a luz
Embora se me pus
À tua direção
Não vejo outro caminho
Senão seguir sozinho
Vagando pelo não...

14

Anseio por carinhos
E sei que não mereço
Do amor, mero adereço
Avinagrados vinhos
E dias tão mesquinhos
Assim eu obedeço
A dita tem seu preço
E cobra seus daninhos.
Aprendo pouco a pouco
E sei que sendo louco
Poeta em conseqüência,
Não resta senão isto
O fato em que persisto
Sem ter querer clemência.

15

As rosas; se morreram
Por seca ou aridez
No tanto que me fez
Ou pouco se verteram
Em tons já mereceram
O todo que as desfez
Ou mesmo a insensatez
Porquanto pereceram.
Jazendo como as rosas
Em noites duvidosas
As cenas são iguais,
Jardim bem maltratado
Amor em triste enfado,
Idênticos finais...

16

Os cálices de vinho
Dos sonhos em cristais
Depois volto ao jamais
E ali, quieto me aninho.
O tanto que daninho
Imerso em temporais
Os dias tão banais
E neles cevo espinho
Do vinho? Nem vinagre
Sem nada que consagre
Amor se perde aquém,
A noite em solidão,
Mas tanto faz ou não
Se amor quer ou convém...

17

As ondas nesta areia
Refletem o que fomos,
E sei que agora somos
Sem chama onde incendeia
A sorte segue alheia
Destroça velhos gomos,
A traça nestes tomos
A morte nos rodeia,
Pereço enquanto luto
E tento ser astuto,
Mas sei quanto boçal,
Restando dentro em mim
Visão clara do fim,
Ao menos tudo igual...

18

Distantes do meu sonho
O passo não se deu
Enquanto quis ser meu
O todo onde proponho
O verso não componho
Sequer já se perdeu
O rumo onde este breu
Domina, tão bisonho,
Um enfadonho dia,
Ausente em fantasia
Presença da rotina,
A morte se anuncia
E nada poderia
Quem nunca se alucina.

19

Não tenho mais saída
E sei que isto me basta
O todo já se afasta
A senda em vão perdida,
No quanto dividida
Figura agora gasta
Do peso aonde emplasta
O verso em torpe vida.
Bebendo da aguardente
Que a dita me apresente
Não tenho solução,
Adestro o quanto posso
E sei quanto me aposso
Ou não do coração.

20

Rastejo pelo mundo,
Tentando descobrir
Se existe ou não porvir
E nele me aprofundo
Do nada quando inundo
O passo a permitir
O gozo dividir
Embora vagabundo,
Risível companheiro
Das ânsias eu me esgueiro
E sigo sem ter nada,
A morte não me importa,
Abrindo ou não a porta
Eu bebo a madrugada!

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