domingo, 13 de junho de 2010

36681 ATÉ 36700

1


Encantamentos, lábio
Deliciosamente
Enquanto se apresente
Caminho bem mais sábio
Nesta ânsia de um desejo
Aonde mergulhara
A sorte se escancara
E o gozo enfim latejo,
Resumos de outros tempos
Aonde eu fui feliz
A vida me desdiz
Gerando os contratempos
E quando a dor invade
Mergulho na saudade.

2

O mel que tua loca
Decerto me trazia
Gerando esta alegria
Aonde a sorte aloca
O tempo já se enfoca
Na face em utopia
De um velho e doce dia
E o sonho ali se entoca.
Retoques do presente
No todo que se tente
E nada se consegue,
O mundo em contramão
Eu vejo apenas não
Aonde em vão navegue.

3

O canto deste amor
Promessas de outros dias
Entranho melodias
Esqueço o dissabor
E gero sem pavor
Ou mesmo hipocrisias
Diversas alegrias
E sei onde me por.
Rendido ao quanto pude
Mudando de atitude
O tempo não destrói
Nem mesmo se corrói
O amor que ainda alento
Exposto a qualquer vento.

4

Só encontrei no teu
Caminho um leve traço
Do quanto ainda faço
E o tempo corroeu,
Galgando ao que perdeu
O mundo perde espaço
O meu olhar, cansaço,
Reflete o que sou eu,
Esbarro no cinismo
E tento enquanto cismo
Vagando sem por que
Cenário diferente,
Mas quando mais se tente
Distante, não se vê.

5

Silenciosas tardes
E nelas não escuto
Mantendo o velho luto
Ainda que me aguardes
No tanto onde resguardes
E busco e até reluto,
Olhar quieto e matuto
No passo onde retardes
A morte incontestável
O dia imaginável
Plausível não concebo,
O amor mero placebo
Adia a realidade
E traz felicidade?

6

Meu pranto de ansiedade
O quanto me entranhara
A luz porquanto rara
Há muito não invade
O mundo em dor e grade
A sorte desampara
O tempo em vão aclara,
Mas nada que te agrade,
Restando do meu lado
Olhar decepcionado
Eu tento novo encanto,
Mas quando mais procuro
O vago eu asseguro
E assim, enfim, me espanto.

7

Esperando, seguindo
O rumo em ritmo farto,
O amor eu não descarto
E tento enquanto brindo
Um dia manso e lindo
O sol adentra o quarto
E gera em mim um parto
Aonde a paz deslindo,
Desvendo em tais segredos
Os dias mesmo os ledos
E o verso flui suave,
Mas quando em dissonância
A vida em discrepância
O sonho em dor se agrave.

8

Tanto tempo perdido
Em vão quando eu me lembro
De um tosco e vão setembro
Ainda que florido
Vagando em triste olvido
E sei que se relembro
Descarto cada membro
E açodo ermo sentido.
Opaco caminhar
Em trevas, sem luar
Procuro alguma fonte
E sei que no holofote
A sorte não se note
E nada além desponte.

9

A chuva me impedindo
De ter olhar macio
Enquanto a desafio
Com dores eu me brindo,
Pudesse ser bem vindo
O dia em que desfio
Descendo um vago rio
A foz não mais deslindo,
Anunciando a morte
E nela se comporte
A dita eternidade,
Porém quando eu seguir
O rumo a se sentir
Não deixará saudade.

10

Em busca simplesmente
Do quanto pude crer
Ausência de prazer
Ou nada se apresente,
O tanto descontente
Cenário, posso ver,
E nele o meu querer
Perdido de repente
Gerando este non sense
Aonde não compense
Sequer imaginar
Num dia mais tranqüilo
Enquanto em dor desfilo
Rondando algum luar.

11

Deste nada, total
Desvario se vê
Na falta de um por que
No passo desigual
No rumo pontual
O tanto se descrê
E gera este clichê
Do amor mais sensual.
Depois de tanto tempo
Vencendo contratempo
Airosa companhia?
Uma ilusão e tento
Andando contra o vento
Conter a ventania.

12

Mas, de repente, brilhos
De eras tão mais felizes
E nelas tu me dizes
Dos sonhos andarilhos
Vencendo os empecilhos
Rendendo em cicatrizes
E mesmo imerso em crises
Certeza de outros trilhos,
Assim pudesse ser
E não constantemente
O todo se apresente
Em farsa e desprazer,
Alheio ao que pudera
Não sou semente ou fera.

13

A Terra se cobrindo
Em fogaréu e gris
O tanto que se quis
E o tempo já traindo
O nada me atraindo
O corte, um infeliz,
O sangue em chafariz
À morte então eu brindo.
Vagasse pelo vão
Das trevas da emoção
Sorvendo cada gota,
A face boquirrota
De quem se fez alheio,
Agora eu incendeio.

14

As águas renascendo
Nos olhos de quem ama
Mantendo vivo o drama
Cenário sem adendo,
Diverso se tecendo
No coração que clama
Enquanto a vida trama
O mundo me contendo,
Restara dentro em mim
O vago deste fim
Inusitadamente
O passo rumo ao farto
Aos poucos eu descarto
E a sorte não desmente.

15

A luz de um dia amargo
Semeia a solidão
E sinto em cada grão
A dor onde não largo
O passo aonde alargo
Sem rumo e direção
Momentos que virão
Prometem mero embargo.
Apenas reproduzo
O medo estando incluso
Nas ânsias do não ser,
Vestindo o quanto resta
Do fim da antiga festa
Imersa em desprazer.

16

De novo conhecer
O que já não sabia
O tanto em fantasia
Moldando um novo ser
Jamais pude conter
Além qualquer sangria
Ouvindo a melodia
Cenário me faz crer
No passo aonde um tempo
Gerado em contratempo
Jamais foi solução
O fato de sonhar
Não deixa navegar
Inunda a embarcação.

17

Olhos desta mulher,
Divina companheira
Aonde já se inteira
A vida que se quer
E nela sem qualquer
Audácia traiçoeira
Palavra lisonjeira
E tudo o que vier,
Teu corpo sendo o porto
Aonde quase morto
Eu sinto o amanhecer
No sol que me irradias
Assim são tantos dias
Imersos no prazer.

18

Promessas de carinhos
Aonde no passado
O tempo desolado
Traçara torpes ninhos,
Agora sem espinhos
O dia abençoado
Em sol iluminado
Esquece dos daninhos.
Mas tanto sofrimento
E nisto reinvento
Um passo rumo ao farto,
Eu sei que na verdade
A dor de uma saudade
Ao menos eu descarto...

19

Teus passos pela rua,
Qual fossem leves plumas
Enquanto assim tu rumas
Minha alma exposta e nua
Ao lado teu atua
E bebe das espumas
Às quais tu me acostumas
E minha vida é tua.
Restara de um atroz
Caminho em torpe voz
O fardo em que entranhara
Agora ao te saber
E tanto enfim poder,
A vida surge clara.

20

Flutuas, com certeza!
E eu sigo-te por perto
Se as dores eu deserto
E adentro com destreza
O amor, farta beleza
E nele me desperto
O rumo estando aberto
Dos sonhos sou a presa.
Não pude acreditar
Na vida a se mostrar
Sem ter alguém comigo,
E quando me percebes
Inteiro em tuas sebes
A paz, enfim, consigo.

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